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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Por Trás do Criacionismo da Terra Jovem 10: entre o arqueoceto e a baleia






Deus criou as baleias. Isso é declarado na Bíblia e todo cristão, como eu, assim acredita. Agora como Deus criou a baleia já é outros quinhentos... Se fosse por evolução, deveríamos ter provas fósseis e na anatomia comparada de que as baleias tiveram sua origem genética de outro grupo de mamíferos; entretanto o Criacionismo da Terra Jovem afirma que essas evidências não existem. E existem?

Na verdade, e por mais que os criacionistas neguem, existem. Uma boa quantidade de fósseis encontrados colocam a evolução da baleia não como suposição, mas como um fato incrivelmente bem documentado. E tão bem documentado, que tem criacionista que não se limita só a negar a existência de tais evidências, mas distorcem, forjam os fatos para que se pareça que toda a documentação da evolução da baleia é só "fruto da imaginação evolucionista", sem base na realidade. Como assim? Afirmando que os fósseis de tais animais mencionados não eram da forma que são retratados. Que em outras palavras, os chamados "arqueocetos" seriam tão credíveis de existência quanto o Papai Noel...

Nesse artigo iremos avaliar não só os fósseis considerados transicionais entre ungulados (os parentes mais próximos hoje das baleias, geneticamente falando) e cetáceos (grupo das baleias e golfinhos) mas também avaliaremos toda a argumentação criacionista disponível atualmente sobre esse tema. É surpreendente e preocupante...





PAKICETUS: O ESTÁGIO MAIS ANTIGO





Um dos estágios mais antigos da evolução da baleia encontra-se no grupo dos ungulados carnívoros chamados Mesoniquídeos. Esses seres estão bem documentados pelos fósseis, como é o caso do gigante Andrewsarchus (imagem ao lado). A origem dos mesoniquídeos ainda é incerta; apenas o que sabemos é que eles possuem parentesco com os artiodáctilos, especialmente com os hipopótamos e os extintos entelodontes.

O mais antigo arqueoceto é um mesoniquídeo com traços de cetáceo; trata-se de uma criatura conhecida como Pakicetus, que ainda hoje é considerado um ancestral dos cetáceos. Mas é claro que os criacionistas não admitem que ele tal seja. No site da Sociedade Criacionista do Piauí, um breve comentário a respeito do Pakicetus parece desqualificar essa criatura como fóssil transicional. Veja:





"No desespero de encontrar um elo na suposta evolução da baleia, os evolucionistas inventaram um animal aquático a partir de um crânio. Mais tarde foram descobertos os ossos que falatavam, mas o pakicetus era terrestre. Menos um elo para a baleia."





É triste dizer isso mas a alegação que vimos está errada. O Pakicetus até agora não foi descartado como arqueoceto. Como assim? Vamos corrigir a afirmação criacionista. Desde a descoberta do Pakicetus já se traçou um animal muito similar ao que os ossos que faltavam apresentavam. Hoje apenas está confirmado o que se supunha sobre os hábitos do Pakicetus: ele era terrestre entre aspas, pois sabia nadar muito bem também. Não era como uma baleia, mas chegava próximo aos habitos de um urso-pardo, por exemplo.

Antes do pakicetus já se desconfiava que as baleias tinham origem no grupo já documentado pelos fósseis chamados Mesoniquídeos, mas não havia sido encontrado um "elo" entre mesoniquídeos e cetáceos até então. Aos poucos, foram encontrados esses elos, a começar pelo nosso amigo Pakicetus. O crânio desse animal foi achado pelo cientista Philip Gingerich em 1979, em depósitos superficiais no Paquistão. O animal realmente possuía a estrutura do crânio similar ao dos cetáceos e ao mesmo tempo muitos aspectos de mesoniquídeo, como os dentes. Todo o aspecto que foi "desenhado" em cima do Pakicetus foi incrivelmente confirmado quando quase todo o resto de seu esqueleto foi achado.

Mas também, ao contrário do que o texto criacionista sobre o Pakicetus acerca de sua crença original por parte dos evolucionistas quer fazer parecer, sempre soube-se que ele não era um cetáceo em definitivo. Além do seu corpo, que era típico de mesoniquídeo (o que foi confirmado ao ser achado o resto dos ossos da criatura), o pakicetus carece de duas importantes adaptações presentes nas baleias modernas. Nas baleias de hoje, os ouvidos possuem grandes cavidades que podem encher-se de sangue, o que permite ao animal manter a pressão enquanto estão submersas. As baleias modernas também transmitem vibrações sonoras ao ouvido interno utilizando uma "almofadinha de gordura", que lhes permite escutar debaixo d'água de maneira direcional. Os pakicetus não possuiam nenhum desses traços, indicando que não era capaz de mergulhar em regiões muito profundas e de que não escutavam bem quando submersos. E estas pistas anatômicas se encaixam bem com seu hábitat, já que os ossos do pakicetus foram encontrados em depósitos que foram deixados na foz de um rio na costa de um mar raso, onde as oportunidades de mergulho profundo estavam limitadas.

Abaixo, temos as ilustrações do animal e o seu fóssil que foi exibida junto com o trecho criacionista. As fotos foram cuidadosamente arranjadas para ter-se a impressão de que o texto relatava uma realidade: a primeira representação artística do Pakicetus não é tão bem feita assim (engordaram muito ele no desenho) e mostra ele mergulhando, a segunda mostra como ele era com exatidão, com um corpo mais delgado mas sem deixar o aspecto de mesoniquídeo do bicho. Mas preste atenção: é a representação do mesmo animal, no entanto uma é mais específica que a outra, e enquanto uma foto mostra ele nadando a outra mostra ele em terra.




http://3.bp.blogspot.com/_EZU8tvyOIVM/Se5WXFoya9I/AAAAAAAAAYc/AtYbv3uL_h4/S240/Imagem1.png

É claro, essas não são as únicas representações artísticas do Pakicetus, nem as únicas imagens de seus fósseis:




http://skywalker.cochise.edu/wellerr/students/whales/whales_files/image005.jpg


http://www.achetudoeregiao.com.br/ANIMAIS/gif_animal/pakicetus.jpg



Mas tem uma coisa que pode nos fazer indagar sobre o Pakicetus: como pode os cientistas terem acertado no design do Pakicetus uma vez que originalmente só foi achado o seu crânio?? Essa pergunta tem uma resposta interessante e que poucos criacionistas sabem, mas vamos deixar para respondê-la mais pra frente, ainda nesse mesmo artigo...




AMBULOCETUS: QUEM É O FRAUDULENTO?




Como já dissemos, o Pakicetus ainda carecia de algumas características importantes dos cetáceos. Se parássemos a análise aqui, várias perguntas ficariam no ar a respeito de como se desenvolveram as estruturas de cetáceo ausentes no Pakicetus. A resposta estaria em dois fósseis datados de um tempo um pouco posterior... E o primeiro deles é simplesmente o mais "bombardeado" dentre os fósseis transicionais da baleia, justamente por ser um dos mais famosos. Só seu nome já parece tendencioso e polêmico: Ambulocetus, que em latim significa "baleia ambulante".

Esse animal possui todas as características que se esperariam de um "elo perdido". Todas mesmo: uma criatura que só escutava debaixo d'água e tinha uma agilidade incrível na água, mas era peluda também e em muitos aspectos lembrava o pakicetus. Uma insólita mistura de Mesoniquídeo com Cetáceo. É certo que o Ambulocetus não é um "elo perdido famoso" entre os criacionistas, mas ele é conhecido por muitos deles, diferentemente dos Terapsidas, que a minoria conhece. E os criacionistas dizem o quê a respeito dessa criatura?

Confira o que o site da sociedade criacionista Piauiense :

"Um outro elo inventado pelos evolucionistas a partir da imaginação do desenhista. Só as partes amarelas foram encontradas, o resto é imaginação evolucionista."

A imagem mostrada no site, com as partes amarelas referidas, são estas abaixo:





imaginação evolucionista: ambulocetus - o elo perdido





Agora, certamente você irá se surpreender com o erro contido na afirmação criacionista apresentada, e ainda por cima vai ficar surpreso ao ver que o Ambulocetus é do jeito exato que descrevemos nesse artigo - e igual á ilustração apresentada acima do animal em vida...

Bom, a fraude do argumento apresentado é que na realidade não foram encontrados somente esses ossos do Ambulocetus! Na realidade foram encontrados vários ossos de vários indivíduos diferentes. Observe a reconstrução dos ossos achados do esqueleto mais completo do Ambulocetus:



http://www.edwardtbabinski.us/whales/ambulocetus.gif

Note que parte da espinha também foi achada. E por que a espinha não está de amarelo na imagem? Ao menos, deveria estar... A mesma coisa se diz para a bacia do animal. Por quê não está em amarelo?

É complicado alegar isso, mas estamos diante de um texto criacionista fraudulento. Complicado porque estamos falando de argumentos elaborados por cristãos que acreditam na Palavra de Deus. Infelizmente não podemos tampar nossos olhos diante da realidade: a de que dessa vez quem lançou mão de fraude foi o criacionismo.

E ainda juntando com os ossos mostrados todos os pedacinhos de outros espécimes achados no local, conseguiu-se reconstruir o "elo perdido":



http://www.philvaz.com/apologetics/Ambulocetus.jpg


http://www.rescast.com/Images/specimens/Ambulocetus_skull.jpg

Pra completar, abaixo a reconstituição de como ele seria em vida, com base na anatomia dos ossos do animal:



http://collections.tepapa.govt.nz/db_images/objimage.jpg?irn=
Simplesmente, é um animal que não deveria existir no universo dos Criacionistas da Terra Jovem; daí a necessidade de tentarem apresentá-lo como uma farsa.

Porém, creio que para o cristão, claro, esse fóssil não deve de modo algum ser um "pesadelo". Por mais que tenha existido um animal que é um "elo que não é mais perdido", isso não invalida o que a Bíblia diz sobre a autoria da Criação pertencer a Deus.

Mas apesar disso, sabemos que o esqueleto não foi achado montado; os ossos estavam espalhados no substrato. Pode-se perguntar, então: como conseguiu-se construir um esqueleto completo dispondo apenas de fragmentos desordenados?

Existe uma área de estudo da biologia, pouco conhecida pelos criacionistas, mas muito importante para o estudo da evolução, chamada "Anatomia comparada". Foi exatamente pela anatomia comparada que os cientistas acertaram em cheio na previsão de como era a aparência do Pakicetus, ao comparar-se o fóssil com os Mesoniquídeos e com os Cetáceos.

Acontece que quando foram achados os ossos do Ambulocetus, percebeu-se que sua dentição era igual a dos arqueocetos e que ele não possuía ouvidos externos, tal qual os cetáceos. Mas por outro lado ele possuía patas dianteiras e traseiras bem formadas (com unhas!) mas adaptada a um estilo de vida semiaquático. Analisando e reconhecendo os ossos da criatura, chegou-se a reconstituição mostrada do Ambulocetus.

Além disso, o Ambulocetos também tinha o crânio tipo baleia encontrado nos Arqueocetos, incluindo um ectotimpânico com um longo processo sigmóide, um reduzido arco zigomático, um amplo processo supraorbital e um focinho estreito. Embora essas características também pudesse estar presentes nos Mesoníquidos terrestres, o Ambulocetos possuía também os pequenos protocones e as longas cúspides acessórias que distinguem as baleias dos Mesoniquídeos. Os membros eram longos e fortes, capazes de sustentar o peso do animal em terra. Além disso, e ao contrário do que muitos criacionistas dizem, a forma da sua vértebra lombar mostra que ele conseguia ondular a espinha para nadar, tal qual os golfinhos e baleias fazem hoje; em contrapartida sua cauda, por ser bem longa, não tinha um lobo caudal.

Essas descrições anatômicas do Ambulocetus não foram feitas por especulação, mas por observação, por análise do esqueleto do animal, e por anatomia comparada. Como se costuma dizer, e para a infelicidade do Criacionismo da Terra Jovem, "contra fatos não há argumentos". Como disse o seu descobridor, Thewissen, para a revista Science: "Como tal, o Ambulocetos representa um intermediário crítico entre os mamíferos terrestres e os cetáceos marinhos".




RODHOCETUS: CAUDA SEM ALETA, CORPO DE ARQUEOCETO



O Rodhocetus é um outro arqueoceto encontrado, aparentado com o Ambulocetus. Seu esqueleto também foi achado bem completo. Ele também tem tudo o que se esperaria em um fóssil transicional, e a disposição de suas patas indicam que ele possuía os mesmos hábitos do Ambulocetus.

Seria de se esperar uma avalanche de argumentos criacionistas contra o Rodhocetus. Mas o único argumento contra o Rodhocetus é totalmente sem informação. No site "Defending Gênesis", um site em inglês, o seguinte contrargumento apresentado sobre o Rodhocetus é o seguinte:





"Em seguida está Rodhocetus. Dr. Phil Gingerich [director do Museu de Paleontologia da Universidade de Michigan], um dos maiores especialistas sobre a evolução das baleias e descobridor Rodhocetus ", promoveu a idéia de que o Rodhocetus tinha a cauda de uma baleia e nadadeiras. Infelizmente, se você visitar a Universidade de Michigan, você verá que a parte da cauda que nos permitiria determinar se Rodhocetus acaso tinha uma baleia [ou não] está faltando! "Desde então," Gingerich admite, "temos encontrado os membros dianteiros, as mãos e os braços diante de Rodhocetus, e entendemos que ele não tem o tipo de armas que podem ser distribuídos como aletas estão em uma baleia. "[Como citado em Evolução: O Grande Experimento - Volume 1 pelo Dr. Carl Werner, pg 143]. Em outras palavras, em nome de Darwin "cientistas acrescentaram cauda de uma baleia a um animal quando nenhum foi encontrado, e eles adicionaram nadadeiras a este animal terrestre mesmo quando nenhuma foi encontrada." [Werner, pg. 219]






É fato que a aleta da cauda do rodhocetus realmente foi um equívoco de seu descobridor. Porém, as patas deles são perfeitas tanto para o nado quanto para uma desajeitada locomoção em terra. Veja abaixo uma imagem do esqueleto do Rodhocetus e observe como o artigo criacionista acima contém tais equívocos:



http://www.edwardtbabinski.us/whales/evolution_of_whales/rodhocetus_skeleton.gif



Aqui, uma reconstituição dele em vida (sem a aleta caudal!):



http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1a/Rodhocetus.jpg/220px-Rodhocetus.jpg






Pior ainda: já reparou a semelhança estapafúrdia do esqueleto do Rodhocetus com o esqueleto do Ambulocetus? Estudando a anatomia dos ossos das duas criaturas, os cientistas não tem dúvida nenhuma de que ambos são parentes (á excessão dos Criacionistas da Terra Jovem, claro).





Para se refutar tanto o Ambulocetus e o Rodhocetus, teria-se que, pelo estudo da anatomia comparada, comprovar que o animal não era do jeito que se pensava. Como vimos, tentaram fazer isso com os dois, mas sem sucesso. Um criacionista chegou inclusive a admitir esse fato, dizendo que o Ambulocetus realmente ondulava a espinha para nadar, mas ele disse que mesmo com as características metade ungulado, metade baleia, isso não quer dizer que ele deu origem ás baleias. Ora, esse argumento, se pensarmos bem, não é um argumento honesto, pois aí por mais que se encontrem mil e trezentas formas transicionais, poderia-se admitir a mesma coisa. Só que é de se admitir: é muita coincidência tantos transicionais comprovando perfeitamente o que se esperava do registro fóssil... Bem, os criacionistas certamente não esperavam que se encontrassem tais fósseis.





GEORGIACETUS: O ELO DESCONHECIDO





Apesar do Rhodocetus ser citado por cima em fontes criacionistas, sem muitos argumentos sólidos contra os estudos em torno do fóssil, ele é de alguma forma mencionado. E o que dizer de um fóssil transicional encontrado completo, com tamanho esperado, com todas as características que se esperaria para um sucessor para o Rodhocetus, não ser sequer citado pelos criacionistas? É o caso do Georgiacetus.

A descoberta desse fóssil foi uma das mais incríveis da paleontologia, e da história da teoria da evolução, pois comprovou não só a evolução dos cetáceos da maneira que se imaginava como também revelou como os arqueocetus nadavam (nadavam de forma similar á uma lontra). Esse bicho é literalmente uma baleia quadrúpede. Confira as fotos:



http://www.georgiaencyclopedia.org/media_content/m-10631.jpg


http://blackshadow.up.seesaa.net/image/080911-whale-legs-ff.jpg






Além disso, o fóssil foi achado perto do México, o que significa que desde essa época os arqueocetos estavam se expandindo pelo mundo inteiro, uma vez que o Ambulocetus é nativo do Oriente Médio.



E por que esse fóssil não é mencionado em site criacionista nenhum? Eu quero acreditar que não seja porque se ele for revelado o criacionismo da terra jovem pode mostrar-se ineficiente. Quero crer que seja simplesmente porque eles não conhecem o fóssil, porque ele é um "elo desconhecido"...



BASILOSSAURO: TAMANHO É O SEU DOCUMENTO




O Basilossauro também em tese seria um animal inconcebível para o Criacionismo da Terra Jovem. Isso porque ele possui características intermediárias perfeitas entre o Rodhocetus, que como mostramos está perfeitamente documentado pelos fósseis, e os cetáceos modernos (baleias, golfinhos, narvais, etc.). Porém, os argumentos criacionistas contra a existência de uma criatura como o Basilosaurus, por incrível que pareça, são verdadeiras fraudes...

Destes argumentos citaremos dois. O primeiro diz respeito ao tamanho do Basilosaurus. Observe o texto abaixo retirado também do site da Sociedade Criacionista Piauiense:





Fraudes evolucionistas: evolução da baleia





"Nesta representação do Livro "Teaching about eolution", a Academia Nacional de Ciência orienta as escolas a ensinar a evolução da baleia nestes desenhos. O detalhe fraudulento é que o basilosauros está representado com 2 metros, quando na verdade este animal é uma serpente de 21 metros. Os evolucionistas falsificaram o desenho para dar certo com o tamanhos dos supostos elos transitórios da baleia."

Curioso é que os verdadeiros detalhes fraudulentos não estão na imagem, mas sim no texto! De novo? Sim, de novo. Infelizmente.

Ocorre que o desenho em questão tem o objetivo apenas de comparar as transformações anatômicas entre os gêneros apresentados, e não visa mostrar os animais do tamanho que eles realmente eram. Em muitos livros mostra-se a comparação anatômica entre espécies de animais sem levar em consideração a proporção entre os tais; apenas em casos necessários os animais são representados proporcionalmente. Casos como o apresentado da evolução da baleia são comuns em livros de biologia.

E mais, é muito comum os criacionistas alegarem que o Basilossauro foi uma serpente, tal qual o texto também quer fazer parecer. Acontece que o tamanho real do Basilossauro é mesmo de 21 metros, e todos os "evolucionistas" sabem disso e proferem isso. Mas apenas analisando seu esqueleto nós vamos constatar que não estamos diante de uma serpente mas sim de uma enorme e estranha baleia, que parece que foi "esticada". Seu esqueleto possui todas as características básicas e anatômicas de mamífero e de cetáceo. Confira abaixo a foto dos ossos que foram achados do Basilosaurus e compare com a restituição que foi feita do mesmo em vida:

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBaMHOGthPmSeeu980FfP5bOOBgZ6rbvUVHR0PG_fXZnP1OmQ-HtOJGTWNN5AfxVFfwc39cdfdZsdAoyGtkEZSeT2V1onxSrG49NPLX-nlHS_HWm4jCKscfWt09BnQjuo0DtZxek1vSaDe/s1600/Basilosaurus.jpg
http://www.ucmp.berkeley.edu/mammal/cetacea/basilosaurus2.jpg
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8NVX19AjmBFj1Mgno2SIbPbddffzXdrW8LvXHgqrN2BhmW9GNkD-rMvgdaN_3R5Oo70gN9DGheJiae91uRXuRJ7DOabJWOdusvzYMrNF8JnZWh0C-NG0Bs407yVCt0L5VHhIlawFSxxI/s1600/BASILOSAURUS.jpg
http://www.abc.net.au/beasts/factfiles/primary_ff_displays/basilosaurus_1.jpg

E se o problema é a descontinuidade de tamanho entre o Basilossauro e o Ambuloceto, existe ainda o Dorudon. O dorudon, tão pouco conhecido pelos criacionistas quanto os terapsidas, é da mesma família do Basilossauro mas é simplesmente do mesmo tamanho que o Georgiacetus! E não estamos falando, mais uma vez, de ossos isolados, mas de esqueletos quase completos. Veja:

http://www.rescast.com/Images/specimens/dorudon_UMMP.jpg
http://www.avph.com.br/jpg/dorudon.jpg





O ÓRGÃO VESTIGIAL DA BALEIA





A questão das patas traseiras também rende bastante discussão, tanto a respeito das patas do Basilossauro e do Dorudon quanto os ossos considerados vestigiais que os cetáceos possuem na região pélvica.

Confira essa citação encontrada no site "gênesis contra Darwin":

"Por mais improvável que possa parecer [a evolução da baleia], os ateus afirmam outra coisa incrível. Eles afirmam que algumas baleias ainda possuem os vestígios do seu pélvis, ou pernas, embebidas no seu corpo. Alguns ateus afirmam ainda que baleias foram vistas com aquilo que eles pensam serem pernas vestigiais a crescer no seu corpo. Contrariamente ao que os crentes ateus afirmam, as supostas "pernas ancestrais" não existem em lado nenhum. O pequeno osso que algumas baleias possuem não só não é um pélvis vestigial, como também não está ajustado à espinha dorsal nem a parte alguma do seu esqueleto. O dito órgão situa-se dentro do corpo da baleia, e serve de ancora para alguns dos órgãos da baleia."





Bem, vamos colocar á prova o texto exposto. Em primeiro lugar, nem todo evolucionista é ateu. Sendo assim, o primeiro erro já está em dizer que são somente os ateus que afirmam que a baleia possuiu ancestrais terrestres.


O segundo é que o texto ignora o fato de que já foram encontradas baleias cujo gene que seria responsável pela formação das pernas foi reativado, e acabaram por nascer com um osso da pélvis mais complexo do que geralmente esse osso é.


Ademais, basta uma análise nesse osso mencionado para se perceber que se trata do osso da pélvis do animal. Uma pélvis, porém, que perdeu sua função original: a de ser como um ponto de sustentação do corpo. E ganhou uma nova função: a de servir como âncora para sustentar seus órgãos e ainda a de ajudar na cópula do animal. Aliás, alguns estudos em torno das patas traseiras dos animais que evolutivamente vão do desconhecido Georgiacetus até o Basilossauro.


Órgãos vestigiais não são apenas órgaos que perderam a funcionalidade. Órgãos vestigiais são órgãos que são menores e mais simples em sua estrutura do que as partes correspondentes nas espécies ancestrais. Eles são normalmente degenerados ou subdesenvolvidos. Não estamos falando da "lei do uso e do desuso", de Lamark, mas sim de órgãos que se tornaram mais atrofiados de que em espécies ancestrais, em decorrência de mudança no ambiente ou outros fatores evolutivos (para o cristão um fator chave até pode ser a interferência divina, embora esse fator não seja estudado cientificamente porque segundo os cientistas isso transcede o campo das ciências).


Uma boa parte dos órgãos vestigiais ganharam novas funções, como no caso da pélvis da baleia, como já falamos, as asas do avestruz, o terceiro olho do Tuatara (funcional apenas quando o animal é jovem) e o apêndice humano. Mas existem aqueles que se tornaram inúteis, como as asas da ave Kiwi e o quinto dedo do pé do terópode Allosaurus (esses dois últimos exemplo, misteriosamente, NUNCA foi citado por nenhum criacionista).


Além disso, comparando o osso da pélvis da baleia com os ossos dos arqueocetos aqui apresentados, vamos ver uma certa similaridade na anatomia deles. E todos sabemos que o Ambulocetus, o Georgiacetus e o Rodhocetus tinha pernas traseiras. Aliás, você pode ver nas fotos dos esqueletos apresentados que eles tinham pernas, e pode fazer a comparação entre a curvatura dos ossos, dentre outras características. Tem que ter um bom olho crítico pra perceber a semelhança, mas que há uma similaridade, realmente há. Para o criacionismo, essa similaridade traduz-se por uma só palavra: coincidência... Mas não seria muita coincidência?

PATAS DE BELUGA X PATAS DE AMBULOCETO

Bom, se as "patas traseiras" das baleias podem nos falar alguma coisa, então o que as patas dianteiras desses animais podem nos dizer?
A ilustração abaixo tem uma surpresa incrível, pra quem é criacionista da terra jovem:


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTii4DAW-8MPzOg4UiiyHczDXBFOI7xKpR0CMTmDCeLf7FosxKPbEsEecgoY-34M9Y74HKBnCem318aAFHww7XbLKVLSdJGX6SMn2v0jnooiSS351LJemrtMXScCep9S1Kh-3evtpwX90D/s1600/Lg.jpg
Ninguém pode negar que as patas do esqueleto em amarelo são parecidíssimas com a do Ambuloceto. Mas até aí o que pode-se contrargumentar sobre a esquematização acima? Que o animal representado acima do Ambulocetus é o fóssil de um animal terrestre e não aquático, afinal, as patas do ambulocetus se parecem muito com as dele.
Esse argumento é valido? Bom, olhe abaixo quem é o dono do esqueleto que está acima do ambulocetus e se surpreenda:
http://images.picturesdepot.com/photo/b/beluga_whale-17160.jpg


http://fsxgeneration2.files.wordpress.com/2011/02/beluga255b1255d.jpg
Não, não colocamos a foto errada. Realmente o dono daquele esqueleto amarelo é nada mais nada menos que a Beluga ou Baleia-branca!

Não há, até onde pude pesquisar, nenhum argumento criacionista na internet contra o que você acabou de ver. Essa é sem dúvida uma das evidências mais fortes que realmente os fósseis que apresentamos aqui retratam os antepassados da baleia. É estranho mesmo nenhum criacionista ter percebido a semelhança das patas do Ambulocetus e do Delphinapterus (nome científico da Beluga).

Mas existe uma hipótese para explicar o porquê ninguém (nenhum criacionista) se atentou para esse detalhe. É que quando falamos em "evolução da baleia" geralmente nos esquecemos de que as baleias não são os únicos integrantes do grupo dos cetáceos. O golfinho, o narval, a orca, o boto e a beluga também são cetáceos, e como tais possuem também suas origens nos arqueocetos. Nenhum cientista classifica os golfinhos, belugas, narvais, orcas e botos como sendo de um grupo distinto do das baleias, e como vimos a beluga, por exemplo, tem um esqueleto estranhamente parecido com o dos arqueocetos. Mas não é só a beluga... Compare o esqueleto do Dorudon com o esqueleto do Golfinho:



http://www.rescast.com/Images/specimens/dorudon_UMMP.jpg
Reparou que as patas dianteiras dele também são iguais ás dos arqueocetos?
Mas observe também, claro, que eles não possuem os vestígios de patas traseiras, porque os perderam conforme foram indo as gerações. Mas aí nesse caso pode-se dizer: Mas isso não é "involução"? Não. Involução na verdade não existe... Acontece que evolução não é só ganho, como muitos criacionistas (a exemplo o físico Adauto Lourenço) alegam constantemente, é perda de características também. Evolução na verdade pode ser definida como um processo complexo de adaptações em série. Tão complexo que até hoje há dificuldade de se dizer como geneticamente as transformações evidenciadas pela anatomia comparada, pela embriologia, pelos fósseis, pelos genes, acontece. Não teria Deus guiado esses processos...?

AINDA TEM MAIS?!?

Quanto á identidade dos fósseis aqui apresentados, depois desse estudo não há dúvida que são de arqueocetos, criaturas que realmente existiram e que podem nos trazer informações interessantes sobre o passado dos cetáceos.

Mas... E se existissem ainda muitos outros transicionais da baleia além desses aqui exibidos?

Bem, por mais incrível que pareça nesse artigo foram mostrados os arqueocetos mais famosos, mas não foram os únicos cujos fósseis foram achados. Ainda tem uma turma gigantesca que sequer é mencionada pelos criacionistas:

- Indocetus
- Natchitochia
- Ancalacetus
- Zygorhiza
- Saghacetus
- Chrysocetus
- Gaviacetus
- Pontogeneus
- Basiloterus


E por quê não há argumentos criacionistas contra estes últimos? Não sei, mas se existem certamente são pobremente divulgados.


UMA EVOLUÇÃO RÁPIDA

É claro que os ateus utilizam a tese da evolução da baleia, mostrada como verdadeira nesse estudo, como ponto de sustentação de suas crenças (a de que Deus não existe e que tudo advém de processos que ocorrem ao acaso). Mas a própria evolução das baleias atesta contra isso. Arrisco dizer, pode ser um dos melhores exemplos de que a evolução não aconteceu ao acaso.

Ocorre que assim como a Explosão Cambriana, as baleias evoluiram muito rápido, em termos de milhões de anos. Bastou apenas 5 milhões de anos para o grupo dos cetáceos aparecerem. Aí pode-se dizer: mas não é muito pouco tempo para ir do pakicetus até a beluga? Sim, realmente é pouco tempo e os cientistas admitem isso.

Não é nenhum bicho-de-sete-cabeças admitir que houve no passado alguns "disparos evolutivos". A idéia de uma evolução lenta e gradual (o gradualismo ou uniformitarismo) está sendo derribada cada vez mais, dando lugar ao "equilíbrio pontuado", que por sua vez prevê que em determinados momentos a evolução pode acontecer rapidamente.

Mas no caso da evolução da baleia a dificuldade em explicar em termos cientificos como deu-se geneticamente todas essas adaptações comprovada pelos fósseis vai mais além do que o equilíbrio pontuado consegue explicar. Como é que estruturas tão ímpares e complexas, como as sondas usadas pelos golfinhos, se desenvolveram em um tempo relativamente curto?

Ou melhor: Quem foi que deu a essas formas de vida sondas, bocas compostas por cerdas de material queratinoso com a função de filtrar a água e recolher o alimento e a sociabilidade complexa, a partir dos estranhos ungulados do grupo dos mesoniquídeos? Para os ateus e agnósticos, foi somente a evolução. Mas faz sentido apenas por seleção de genes aparecer tudo isso que os fósseis indicam? É mais coerente crer que alguém ou uma "força exterior" esteve por trás desses processos de desenvolvimento.

Pela bíblia, não fica nem um pouco difícil considerar essa hipótese. Não só no Gênesis, mas também em outros livros da Bíblia, como o dos Salmos, fica explíscito que pela Palavra que saiu da boca de Deus as coisas foram criadas, e que Deus além disso também acompanhou cuidadosamente cada processo de sua Criação. Ora, a Bíblia não diz como é que exatamente Deus criou as espécies, embora ela dê uma "pista" ao falar sobre a origem comum de todo ser vivo - o pó da terra. Aí fica a pergunta: sendo assim, não teria a palavra de Deus poder suficiente para desencadear rapidamente essa tão espetacular evolução dos cetáceos? É exatamente o caso do que está escrito no Salmo 33:12 - "Pois ele falou, e tudo se fez; ele mandou, e logo tudo apareceu." (grifo nosso).


CONCLUSÃO


No final das contas, o quadro virou. Uma história da evolução biologica que o criacionismo dizia ser farsa foi comprovada e os argumentos antievolucionistas foram desmascarados. Mas isso contradiz ou auxilia o livro de Gênesis?

Na realidade, admitir que existem fósseis transicionais á favor de algum mecanismo de evolução é algo que o criacionismo irá demorar pra admitir, ou até mesmo talvez nunca admita. Segundo eles, provar que espécie A tornou-se por evolução na espécie B invalidaria a crença de que Deus é o Criador de todas as coisas. Até que ponto isso é verdade? Acontece que a evidência de transicionalidades entre as espécies não contraria o texto bíblico, pois como mostramos, pode-se considerar que a evolução foi o mecanismo usado pelo Criador para dar forma á novas espécies. Sendo assim os fósseis transicionais não invalidam a Palavra de Deus, quanto mais o livro de Gênesis. Eles invalidam o criacionismo da terra jovem, apenas, que é só uma das muitas teses sobre a origem bíblica da Criação.

FONTE:

http://sociedadecriacionistapiauiense.blogspot.com/2010/10/vida-extraterrestre-falsa-ciencia-dos.html

http://genesiscontradarwin.blogspot.com/2009/12/evolucao-e-baleias-andantes.html

http://shout.webring.com/people/cu/um_1925/ambulo.html

http://www.creacionismo.net/inicio/index.php?option=com_content&view=article&id=116&Itemid=97

http://peregrinacultural.wordpress.com/2008/09/21/a-baleia-e-suas-pernas-novo-passo-para-entender-a-evolucao/

http://darwinismo.wordpress.com/2011/08/23/baleias-evoluiram-rapidamente-excepto-quando-nao-evoluiram-rapidamente-2/