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quarta-feira, 24 de março de 2010

Por Trás Do Criacionismo da Terra Jovem 3: As Leis da Termodinâmica



É muito comum vermos a citação acerca das Leis da Termodinâmica, por parte de muitos cristãos, como sendo evidências que indicam que a evolução biológica não passa de uma pseudociência. Infelizmente, muitos promulgadores desse argumento são conhecidos no meio evangélico e são autores de exelentes pregações, como por exemplo o Professor Adauto Lourenço e o Pastor Silas Malafaia.

Por mais que esses homens sejam de Deus, são homens, são falhos. E da mesma forma, mostraremos o que há por trás do argumento acerca dessas leis.


A PRIMEIRA LEI

Segundo os criacionistas e esses pastores que mencionei:

"A Primeira Lei da Termodinâmica diz que matéria/energia não podem surgir do nada. Logo o universo não pode ter se formado naturalmente e, consequentemente, a evolução é falsa."

Faz sentido? Aparentemente tem lógica. Mas como eu disse, aparentemente...
Pra começar, a teoria da evolução em nada tem a ver com a origem do universo, embora no meio cristão seja muito comum que se faça essa confusão.

Mas de qualquer forma, podemos dissertar tranquilamente sobre essa questão. E ela está diretamente ligado com a teoria do Big Bang. Então a pergunta correta a se fazer é: o Big Bang contraria a lei de conservação de massa e energia?

Não, ou melhor, ele não precisa. A energia potencial gravitacional de um campo gravitacional é uma energia negativa. Quanto toda a energia potencial gravitacional é adicionada ao resto da energia do universo, sua soma pode resultar em zero (Guth 1997, 9-12,271-276; Tryon 1973).
Além do mais, recentes descobertas na física quântica estão indicando que não há nada sólido no nosso universo, ou seja, a matéria, de fato, é composta de Ex-nihilho, de "nada".

A SEGUNDA LEI

Bem, é só isso? Seria bom se fosse. O pior vem com a argumentação usada em cima da 2ª Lei da Termodinâmica:
Segundo o Criacionismo da Terra Jovem:

"A Segunda Lei da Termodinâmica diz que o Universo tende em estar em estado de entropia, indo da ordem à desordem, e do mais complexo ao mais simples, tornando a evolução impossível."

Também parece uma sólida argumentação? Só parece, infelizmente. Isso porque, a princípio, a 2ª lei da Termodinâmica, aí, está apresentada de forma errada! Ela não fala nada disso! Entropia não mede aumento ou diminuição de complexidade, nem mede aumento ou diminuição de ordem!!
Mas, se os criacionistas expõem essa Lei física de forma distorcida, o que ela realmente diz então?
Ela diz, basicamente, que calor não flui espontaneamente de um corpo mais frio para um corpo mais quente ou, de forma equivalente, que a energia que pode efetivamente ser transformada em trabalho, em um sistema fechado, nunca aumenta. Ou seja, essa lei é relacionada á temperatura!!

Como a Terra não é um sistema fechado, a entropia pode diminuir (na verdade, sistemas fechados não existem na prática...). A luz do Sol (com baixa entropia) ilumina e esquenta a Terra (com alta entropia). Esse fluxo de energia, e as mudanças de entropia que o acompanha, podem e de fato fazem a entropia diminuir localmente na Terra. Mas isso em termos de energia e calor, não de genética!
Se você for cristão talvez esteja surpreso. Quando eu fiquei sabendo disso pela primeira vez também fiquei. E de onde surgiu essa idéia então?

O promulgador inicial dessa desonestidade de informação foi Duane T.Gish, do Institute for Creation Research. Apesar de entropia e desordem muitas vezes corresponderem, nem sempre é o caso. Algumas vezes a ordem aumenta junto com a entropia (Aranda-Espinoza et al. 1999; Kestenbaum 1998). O aumento de entropia pode até produzir ordem, como ordenar moléculas por tamanho (Han and Craighead 2000). E mesmo em um sistema fechado, bolsões de baixa entropia podem se formar se eles estão separados de outros locais com alta entropia no sistema.

Os únicos processos necessários para ocorrer evolução são: reprodução, variabilidade hereditária e seleção. Todos esses processos ocorrem e são vistos o tempo todo, e nenhuma lei física, tal como a entropia, impede a ocorrência deles. De fato, conexões entre evolução e entropia já foram estudadas em profundidade, e a entropia jamais foi um impedimento à evolução (Demetrius 2000).

CONCLUSÃO

Esse é o exemplo que os criacionistas da terra jovem dão enquanto cristãos. É um sal insípido, pois como já disse lá em cima divulgar acerca do Criador usando mentira, certamente, é algo errado, e sem dúvida Deus não gosta de mentira...

sábado, 20 de março de 2010

Coisas que a Bíblia não diz

Há toda uma série de palavras, frases e declarações que pessoas diversas, inclusive cultas, e até obreiros, citam como se fossem da Bíblia, quando não o são. O leitor, seja crente ou não, deve precaver-se para evitar esses senões e impropriedades para com a Palavra de Deus.
Aqui vai uma pequena lista desses casos. Cada caso é acrescido de um pequeno e incompleto comentário sobre o assunto abordado.


1. Que Deus não trabalhou no sétimo dia da obra da criação.
Trabalhou, sim. É somente ver Gn 2.2a: “E havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra(...)”.
2. Que a fruta que Adão e Eva comeram no Éden, e assim transgrediram as ordens de Deus, foi a maçã.
Não se sabe que fruta era aquela. A Bíblia não dá o nome da fruta, nem da sua árvore. Ver Gn 3.1-6.
3. Que um querubim guardava a entrada do Jardim do Éden, com uma espada flamejante, após a queda de Adão e Eva.
A Bíblia não diz quantos querubins eram. Apenas diz “querubins” (Gn 3.24). Uma espada inflamada revolvia-se sozinha pelo poder de Deus, no lado leste do jardim, onde estavam também os querubins (v. 24). Pouca gente nota que Adão não queria deixar o jardim; foi preciso Deus lança-lo fora. “O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim” (v. 23). A Bíblia explica as razões disso em Gn 3.22,23; 2.16,17; 3.6-13.
4. Que antes do dilúvio não chovia na face da terra.
Isto dizem, tomando por base Gn 2.5,6: “Porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra (...)”. Ora, Gn 2.5 refere-se à terra quando ainda não existia as plantas nem o homem. Vemos aí neste texto que foi antes da criação do homem que a erva não brotava por não chover, embora havia ali um vapor que não resultava no crescimento das plantas.
5. Que Noé levou 120 anos para construir a arca, antes do dilúvio.
Cento e vinte anos foi o tempo que Deus concedeu de tolerância àquela geração antediluviana, apóstata e decaída. Durante aquele tempo Deus susteve o julgamento do dilúvio, conservando com vida aquele povo ímpio. É possível que Noé tenha levado 120 anos para construir a grande arca, mas não está explicitamente declarado. As ferramentas, as técnicas e os artesãos da época não eram avançados como hoje. 1 Pe 3.20 dá a entender que Noé levou 120 anos na construção, enquanto anunciava a mensagem de salvação àquele povo. Tudo devido a longanimidade de Deus, conforme diz 1 Pe 3.20. Ver também Mt 24.37; Lc 17.26,27; Hb 11.7.
6. Que o gigante Golias foi morto pela pedra que Davi atirou com a sua funda.
A pedra feriu mortalmente o gigante e o derrubou, porém Davi acabou de mata-lo com a espada do próprio gigante adversário (1 Sm 17.50,51).
7. Que a lepra na Bíblia é um símbolo do pecado.
Não está declarado isto na Bíblia, mas pode-se dizer que o é. A lepra mencionada na Bíblia não era tratada pelo médico, e sim pelo sacerdote de Israel, o que expressa a idéia de pecado, uma vez que o sacerdote era um mediador entre o pecador e Deus. Por sua vez, Is 1.6 e Sl 51.7, falam do pecado como uma doença espiritual horrível e destruidora. Ver também Tg 1.14,15; Rm 5.12; 7.11.
8. Que Absalão, filho de Davi, morreu por ter ficado pendurado pelos cabelos numa árvore.
Absalão morreu pela mão do general Joabe, que atirou contra ele três lanças. Seus soldados também o feriram. Absalão estava antes vivo, preso pela cabeça, pendurado numa árvore, na mata (2 Sm 18.9,10,14,15).
9. Que em Ct 2.1, a “rosa de Sarom” é uma prefiguração de Jesus, o noivo celestial da Igreja.
A “rosa de Sarom” de Ct 2.1 trata-se da noiva falando de si mesma, e não do noivo. Em Ct 1.17, o noivo fala; e, 2.1 é a noiva; em 2.2 é o noivo outra vez.
10. Que as vestes de João Batista, o precursor de Jesus, eram feitas de pele de camelo.
Eram feitas de pêlo de camelo, isto é, tecidos feitos de pêlo; não de pele ou coro do camelo. Ver Mt 3.4.
11. Que foram três os magos que vieram adorar o menino Jesus.
A Bíblia não dá o total dos magos, não afirma que eles eram reis, não dá os seus nomes, nem descreve suas raças e cores. Tudo isso são invenções e tradições sem fundamento bíblico (Mt 2.1-11).
12. Que Jesus foi apresentado no templo de Jerusalém no oitavo dia após o seu nascimento.
Ele deve ter sido apresentado no templo após 41 dias de nascido, conforme prescrevia a Lei, em Lv 12.2-4; isto é, 33 dias + 7 dias + 1 dia. Dizem que Ele foi apresentado aos 8 dias devido a referência de Lc 2.21, que fala em “oito dias”. Mas aí trata-se da sua circuncisão, e não da sua apresentação (v. 22).
13. Que Jesus açoitou os vendedores e cambistas do templo com um azorrague feito de cordas.
A Bíblia não declara que Jesus os açoitou, e sim que os expulsou do templo, juntamente com seus animais e aves (Jo 2.15; Mt 21.2; Mc 11.15; Lc 19.45).
14. Que o samaritano de Lc 10.30 era bom – O Bom Samaritano
A Bíblia não diz que ele era bom, ela descreve, sim, com destaque o seu bom ato de socorrer o viajante que fora assaltado na estrada. O cabeçalho, epígrafe ou título que geralmente antecede Lc 10.25, diz: O Bom Samaritano. Mas isto é posto pelos editores e publicadores da Bíblia; não pertence propriamente ao seu texto. De fato, aquele samaritano praticou uma boa ação, mas não está escrito que ele era bom.
15. Que em Jo 5. 39, Jesus mandou que o povo examinasse as Escrituras: “Examinai as Escrituras (...)”.
Não. A forma verbal do Jo 5.39 está no modo indicativo: examinais; não no imperativo: examinai. Trata-se de uma repreensão de Jesus àquele povo, mostrando que eles eram incoerentes. Eles examinavam as Escrituras e não queriam vir a Jesus, de quem as Escrituras tratavam. Isto era um contra-senso. Ver também Lc 24.27, 44.

(baseado numa postagem feita pelo Pastor Gilberto da Assembléia de Deus)