"Aonde estão esses fósseis? Até agora não foi encontrado nenhum elo perdido na evolução..."
Esse é uma alegação feita por criacionistas com o propósito de fazer com que a tese dos evolucionistas caia em descrédito. Mas creio que independente de qualquer coisa, nós temos que ser honestos ainda que a evidência não seja, digamos, "favorável" para quem quer que seja. Esse é o caso dos fósseis transicionais. Para quem não sabe, um fóssil transicional é uma criatura que está num meio termo entre um grupo de animais e outro, apresentando as características mais avançadas (ou mais desenvolvidas) da anterior e as características mais basais (menos desenvolvidas) do grupo posterior. Ou seja, não é "apenas uma mescla entre dois grupos animais" ou mera "parecência", como muitos criacionistas afirmam...
Aliás, para muitos criacionistas (que os chamam erroneamente de "elo perdido", fazendo alusão a ideia errada de que a evolução aconteceu em escalas sequencias, como uma "corrente") essa ficha de consulta não deveria existir. Por quê? Porque os fósseis transicionais são inexistentes para eles, no entanto, assim como foi demonstrado em alguns artigos do blog, realmente foram encontrados muitos desses fósseis!
Mas não pense em encontrar animais não-complexos ou incompletos... Pelo contrário, os transicionais possuem mesmo as suas características que estão em formação com alguma boa complexidade - e ás vezes adaptadas para outras funções, o que mostra o "design" do Criador até mesmo nas chamadas "transições evolutivas"...
Nessa nova ficha de consulta - a primeira lista do tipo em português - , temos alguns exemplos de fósseis transicionais encontrados pelos cientistas, com fotos e informação a respeito. Entretanto, tenha em mente que esse artigo apresenta as formas fósseis consideradas atualmente mais próximas das transições que ocorreram, então, conforme novas espécies relevantes forem descobertas ou alguma nova descoberta mostrar que determinada espécie foi erroneamente classificada como transicional, essa página será devidamente atualizada, ou seja, esta página poderá sofrer alterações (daí o rodapé indicando a última atualização desta página)
Confira, então, alguns "elos-perdidos-que-não-estão-mais-perdidos":
Anetoceras
Parece um chifre de carneiro mas não é. Trata-se de uma concha de molusco pré-histórico - e um fóssil transicional entre os Ortocones (cefalópodes com concha pontuda, como um chifre - com tamanhos exepcionais) e os Amonites (cefalópodes com concha espiralada), ambos extintos atualmente mas muito abundantes no passado. A concha dele está num meio termo entre uma concha reta para uma espiralada e, pela camada geológica em que se situa, tudo indica que ele foi um dos transicionais dessa linha de moluscos.Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Anetoceras.
Mas ele é apenas um dos exemplos de transicionais dessa linha, que são muitos! Abaixo, os fósseis de amonóides, do Ortocone até o Amonite, estão na sequência que foram achados na coluna geológica:
Archimylacris
Aranha-escorpião
O Attercopus foi originalmente classificado como uma aranha, mas um estudo detalhado de sua anatomia revelou que esse bicho era, na verdade, uma mistura maluca de escorpião-vinagre com aranha! E, como se esperaria de um transicional, o bicho produzia teia (característica exclusiva das aranhas atualmente) e tinha o abdomen segmentado e um flagelo caudal ("exclusivo" dos escorpiões-vinagre). Isso indicou aquilo que a genética já estava apontando: os escorpiões vinagre atuais compartilham um ancestral comum com as aranhas! Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Aranha-escorpião.
Pikaia
Esse bicho era uma criatura aquática que se parecia com o anfioxo atual em algumas características, porém, ao contrário do animal atual (que vive enterrado no lodo submarino) ele nadava como se fosse um peixe, usando a barbatana caudal achatada para se locomover na água. Até agora é o cordado mais antigo que se conhece - e um legítimo fossil transicional, pois reúne características de protocordados e cordados. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Pikaia.
Os peixes-sem-mandíbula
Grupos repletos de transicionais no registro fóssil é algo muito comum, (sendo esses grupos quase nunca mencionado pelos criacionistas). Um caso é o grupo dos Ostracodermos, ou peixes-sem-mandíbula, onde a sequência dos animaizinhos pela ordem que a datação relativa e absoluta nos fornece revela uma transformação inegavel de um cranio muito simples (o do peixe Haikoichthys, que lembrava o Pikaia) para o esqueleto de um placodermo (como é o caso do peixe Guiyu oneiros).
Haikoichthys
Esse já parecia uma mistura de peixe com Pikaia. Ele tinha uma espécie de crânio, mas o corpo era parecido com o do seu antepassado. Ele não possuía mandíbula, sendo então um dos primeiros peixes-sem-mandíbula. Um parente seu, o Myllokunmingia, ainda tinha um aspecto mais "primitivo" que o Haikouichthys. De fato, esses animais deveriam se parecer em aspecto com o moderno "peixe-bruxa", que é um descendente deles que não sofreu muita pressão evolutiva. Mas antes de qualquer crítica, o Haikouichthys não pode ser considerado um peixe-bruxa por possuir também características intermediárias entre cordados primitivos e peixes, como por exemplo as barbatanas, ausentes no peixe-bruxa e presentes no Haikouichtys.
Cladoseláquio
Tubarão espinhento
Esses animais, atualmente extintos, são um verdadeiro exemplo de intermediários entre peixes sem mandíbula e condríctios. No caso, o Climátio (Climatius reticulatus) era parcialmente escamoso, desdentado e não tinha dentes, filtrando plâncton para se alimentar nos oceanos da Europa, América do Norte e Austrália. Seu corpo hidrodinâmico possuía cauda voltada para cima e espinhos afiados que formavam as bordas de suas nadadeiras.
O nome vulgar "tubarão espinhento" foi dado a eles por causa de sua coluna vertebral cartilaginosa, como a dos tubarões, mas a caixa craniana, guelras e outras características são semelhantes às dos placodermos. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Tubarão Espinhento.
OBS: Cabe lembrar que esse grupo de peixes viveu na Terra até o Permiano, segundo constam os fósseis, mas originaram os placodermos no começo do Siluriano.
Entelognato
Se o Cladosseláquio representa a transição entre peixes-sem-mandíbulas e condríctios, o Entelognato representa muito bem a transição entre placodermos e peixes ósseos. A descoberta desse peixe foi anunciada recentemente e mudou a idéia que se tinha sobre a origem dos peixes ósseos. Antes, se atribuía o título de ancestral comum do grupo aos tubarões espinhentos, mas o Entelognato, um tipo de placodermo, somava maxila de placodermo com maxila de peixe ósseo; sendo assim, pode-se dizer que todos os esqueletos dos peixes e vertebrados terrestres divergiram do plano corporal do Entelognato - basicamente, um "tipo básico" do grupo. Até o momento não existe absolutamente nenhuma crítica ás características intermediárias do Entelognato; a única alegação criacionista sobre o fóssil é que era apenas mais um exemplo da biodiversidade criada por Deus, ou seja, as características transicionais dessa espécie são de fato inegáveis, porém ignoradas pelos criacionistas.
Paleoniscóide
O grupo dos paleoniscóides é outro exemplo de "grupo transicional". Dentre as características desse grupo temos escamas grossas, mandíbulas longas - com dentes - , nadadeiras rígidas não-flexíveis, enfim, literalmente uma transição entre placodermos e os peixes modernos . O duro é que não há como negar essas características transitivas, pois o políptero é um parente muito próximo desse grupo e existe até hoje (sendo um fóssil vivo). Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito dos peixes paleoniscóides.
Queirolépis
O Queirolépis (Cheirolepis canadensis) foi um peixe queirolepídeo que "inaugurou" as barbatanas raiadas, se é que podemos assim dizer. Seus fósseis foram achados na América do Norte e Europa, e tinha meio metro de comprimento. Apenas parte da sua coluna vertebral era de osso - o restante era feito de cartilagem, porém graças á condições excepcionais de preservação, seu corpo foi quase que totalmente fossilizado. Ao contrário da maioria dos peixes atuais, suas nadadeiras cresciam a partir de lobos carnosos que se projetavam do corpo. Apenas poucos peixes, como o Esturjão, mantiveram essa característica. Suas escamas eram sobrepostas e envolvidas por uma espessa camada de esmalte. Acredita-se que ele era um caçador voraz, temendo apenas animais marinhos maiores que ele. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Queirolépis.
Eusthenopteron
Um dos mais antigos antepassados dos tetrápodes, já foi até retratado em livros criacionistas como um animal hipotético, cujos fósseis não foram encontrados. Mas foram, e numa boa variedade! Esse peixe, um rhipsidiano, é um parente bem distante do atual celacanto, e apresentava basicamente os ossos que formam o nosso pulso em suas nadadeiras, além de ter pulmões e um crânio ossificado. Enfim, ele apresenta em seu esqueleto características que não vemos em peixes, mas apenas em anfíbios. Não só ele mas todos os rhipsidianos apresentavam essa característica (veja mais aqui). No entanto, sabe-se que o Eusthenopteron ainda não tinha condições para "andar" com suas barbatanas. O motivo? Sua anatomia ainda não permitia isso. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Eusthenopteron.
OBS: Você não vai encontrar o celacanto nessa lista. Todos os cientistas sabem que a família a qual o celacanto atual pertence jamais apresentou intermediários entre peixe e anfíbio. O celacanto foi parente dos rhipsidianos - e nunca foi retratado como um peixe fora d'água!
Gogonasus
O Gogonasus é exatamente o que se esperava encontrar entre o Eusthenopteron e o Panderictis (que citaremos mais adiante) no registro fóssil. Inicialmente, tinha-se poucos fósseis dele, e os cientistas apenas especulavam que, talvez, ele fosse um peixe que rastejasse em terra. O complicado é que, quando encontraram (recentemente) o esqueleto completo do bicho, e o estudaram, viram que estavam certos: O Gogonasus tem estrutura óssea suficiente para rastejar em terra seca com suas barbatanas!
Não que tivesse "braços humanos" (como foi exageradamente citado pelos seus descobridores), mas ele conseguia se arrastar em terra mais ou menos como hoje fazem os "peixes-três-olhos". Além disso, sua anatomia apresenta realmente um misto de características de peixes pulmonados com anfíbios. Ele data da mesma época do Panderictis, o que indica que possivelmente* ele pode ter um parentesco próximo como este, uma vez que a evolução ocorreu nas populações de espécies, por meio de "micro-evoluções", e não ocorreu de forma linear (veja mais aqui). O Gogonasus, quando teve seu esqueleto completo encontrado, foi alegado por alguns criacionistas como apenas uma criatura incomum, ignorando as coincidências de sua anatomia em relação aos outros rhipsidianos fósseis.
*obs: expressões como "possivelmente" e "provavelmente", na paleontologia, são extremamente comuns. Não se trata de incerteza dos cientistas, apenas de que os restos fósseis dão informações limitadas, sendo que muita coisa acaba indo para o campo da "probabilidade" (lembre-se: paleontologia não é uma ciência exata!)
Panderictis
A princípio, olhando ele, pode se perguntar: esse bicho é um peixe?? Sim, esse animal é um peixe, mas que possui características de anfíbio que são notáveis... E a ilustração não está errada, como você pode ver na foto do fóssil ao lado... Uma delas era seu espiráculo, um tubo vertical usado para respitar água pelo topo da cabeça, enquanto o corpo estivesse submerso em lama. Este espiráculo é um órgão transicional que levou ao desenvolvimento do estribo, um dos três ossos do ouvido médio humano. Além disso, estudos recentes utilizando tumografia computadorizada mostraram que os ossos radiais de sua barbatana mais se assemelhavam a dedos do que barbatanas em si. Fora isso, qualquer um percebe que ele é uma mistura de salamandra com peixe, mas que se parece também bastante com o Eusthenopteron e tem o aspecto similar ao do Gogonasus, porém com cabeça mais achatada.
O Panderictis é mencionado raramente por criacionistas, mas quando é citado, é dito como sendo apenas uma criatura incomum, ignorando as coincidências de sua anatomia em relação aos outros rhipsidianos fósseis.
(veja mais aqui)
Tictálic
Quando esse animal foi descoberto, o alarde na mídia foi enorme e no meio criacionista também. Apesar de já terem sido encontrado antes algumas formas intermediárias do grupo, a descoberta do Tictálic (Tiktaalik roseae) foi celebrada com muito alarde por causa de uma previsão que deu certo: os cientistas autores da descoberta, ao compararem a idade dos transicionais já encontrados calcularam que a forma transicional que faltava para explicar detalhes como a "origem do pescoço", por exemplo, deveria estar em camadas de 360 milhões de anos, e com isso em mente foram lá vasculhar nessas rochas, e lá encontraram o Tictálic. A mídia fez muito alarde em sua descoberta, o que fez com que os opositores da pesquisa em torno do fóssil alegasse que ele era só um tipo de "peixe-gato", mas tal argumento mostrou-se falho. Por quê? Eles se apoiaram em aspectos da evolução não presentes no Tictálic, mas que já estavam respondidos faz tempo em outros transicionais encontrados antes, como o Ventastega e o Acantostega. A mesma estratégia não funcionou como o Gogonasus, citado anteriormente, o que explica o motivo dele ser pouco citado na mídia criacionista.
Para completar, algumas pegadas de "anfíbio" foram encontradas datadas até de um pouco antes do fóssil encontrado de Tictálic. Mas uma análise maior em cima das pegadas mostraram algo bastante curioso: é provável que o autor das pegadas tenha sido o próprio Tictálic - ou um parente do mesmo! Esta possibilidade foi reforçada recentemente, com a descoberta das pernas traseiras do Tiktaalik, que eram tão robustas quanto as dianteiras e lho permitiam produzir "pegadas de tetrápode" sem nenhuma dificuldade. Isso comprova que o animal andava sobre a terra seca, um verdadeiro "peixe ambulante"!
(Veja mais aqui)
Ventastega curônica
Quando ele foi encontrado, entre as décadas de 70 e 90, pensava-se se tratar de um anfíbio com aspectos de peixe, mas evidência adicional mostrou o contrário: o Ventastega era na realidade um peixe com características de anfíbio, trazendo aspectos do Tictálic misturados com o aspecto dos primeiros tetrápodes do registro fóssil. Tanto na escala geológica quanto na escala evolutiva o Ventastega é de fato mais puxado para um aspecto anfíbio que o Tictálic.
Os criacionistas da terra jovem trataram de tecer comentários contra esse fóssil, alegando ser um equívoco se basear apenas em alguns poucos ossos do bicho, mas acontece que esses "poucos ossos" são do exemplar mais recente encontrado; outras partes do esqueleto já haviam sido encontrados antes. Isto permitiu com que o Ventastega fosse reconstruído de uma maneira bem exata e, realmente ele tem tudo o que se esperaria de um transicional em questão. (veja mais aqui)
Acantostega
Este já é classificado como um anfíbio, porém, ainda tinha muita coisa de peixe em seu aspecto. viveu na América do Norte e apresentava semelhanças anatômicas incríveis com os peixes pulmonados; suas patas inclusive eram ainda primitivas, com oito dígitos. O Acantostega não é algo similar ao ornitorrinco, entretanto, pois ele possui características filogenéticas internas e externas, enquanto que a mistura de características do ornitorrinco se deve apenas ao visual externo (o cranio do ornitorrinco não se parece em nada com o de um pato), além de seguir a "regrinha" do fóssil transicional citada no topo da ficha de consulta.
O Acantostega é mencionado raramente por criacionistas, mas quando é citado, é dito como sendo apenas uma criatura incomum, ignorando as coincidências de sua anatomia em relação aos rhipsidianos fósseis.
Ictiostega
O Ictiostega é um animal do mesmo tipo do Acantostega, contendo também traços de peixe, apesar de ser um anfíbio. Curiosamente esse animal parece uma versão maior e modificada do Acantostega, ou seja, possivelmente ele veio diretamente do anterior... A semelhança do Ictiostega com o Acantostega é alegada pelos criacionistas como apenas uma indicação de que estes eram da mesma família, e de fato eram. Mas... por que o Ictiostega mantém também características em comum no seu esqueleto com o Ventastega, o Tictálic e outros peixes pulmonados? Por esse e outros motivos, o Ictiostega até hoje é considerado um transicional pela comunidade científica que, aliás, também é raramente mencionado pelos opositores da teoria da evolução.
Pederpes
O Pederpes, datado de 359 - 345 milhões de anos a.C, é pouco citado na comunidade científica mas é um exemplo curioso de transicional, pois ele "liga" os anfíbios primitivos da família do Ictiostega aos anfíbios labirintodontes, grupo que deu origem aos sapos e salamandras modernos. Existe um esqueleto parcial dele em bom estado, mostrando que era um animal anatomicamente próximo tanto dos Ictiostegálios quanto dos Labirintodontes. As suas patas e o seu crânio, por exemplo, são uma boa pista disso: suas patas eram muito parecidas com a do Acantostega e do Ictiostega, mas com uma diferença: o Acantostega tinha 8 dedos nas patas, o Ictiostega tinha 7 dedos , enquanto que o Pederpes tinha só 5. Fora isso, esse anfíbio mantinha traços comuns com peixes rhipsidianos. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Pederpes.
Eriops
O Eriops é o transicional entre o grupo dos labirintodontes e dos lissanfíbios - de onde derivam os sapos e salamandras. Enorme, com uma bocarra imensa e com aspecto de um exímio nadador, esse anfíbio gigante partilhava características mistas entre esses grupos. A cauda era um pouco mais reduzida que o normal, as patas mais atacarradas, a cabeça mais volumosa e larga, e seus ossos apresentam aspectos comuns dos dois grupos. Pior: o esqueleto do bicho está completo... Ou seja, querendo o opositor da evolução ou não, esse animal transicional existiu mesmo, da maneira descrita pelos cientistas... Apesar dele ser comumente representado em livros e revistas, existem poucas ou nenhuma citação criacionista sobre o Eriops.
Sapamandra
"Sapamandra" é a tradução mais próxima de "Frogmander", apelido dado pelos cientistas ao Gerobatrachus. Ele foi anunciado na mídia de várias formas, ou seja, não é nada desconhecido. Estudos em torno do fóssil mostrou que trata-se de um descendente do Eriops que é na verdade o transicional entre sapos e salamandras. O Sapamandra tinha uma cauda curta mas desenvolvida, ossos do tornozelo fundidos como na salamandra, porém mantinha o crânio largo com espaço para o ouvido timpânico, como no Eriops, que se manteria ainda nos anuros - grupo dos sapos. As poucas alegações criacionistas a respeito do Sapamandra adimtem que não conseguem explicar o porquê do animal apresentar estas características que justamente se esperariam de um transicional.
Triadobatráquio
O transicional que vem "a seguir" do Sapamandra é o Triadobatráquio, datado do período Triássico. Esse foi o primeiro anuro, porém, com traços muito parecidos ao do Sapamandra. Com suas pernas atacarradas, ele já tinha as pernas traseiras maiores que as dianteiras, mas ainda não podia saltar. Sua cabeça é parecidíssima com a dos sapos atuais, porém o número de vértebras era maior que o de seus parentes modernos, pois enquanto sapos atuais mantém 4 - 9 vértebras, o Triadobatráquio tinha 12 delas. A tíbia e a fíbula ainda não estava fundida na tibiofíbula, como nos sapos modernos. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Triadobatráquio.
Prosalirus
O Prosalirus, do período Jurássico, era parecido com o Triadobatráquio por ainda conter suas patas curtas demais para o salto, porém, já apresentava adaptações em sua bacia para esse modo de vida "saltitante", além de ter a cauda muito reduzida. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Prosailurus.
Proterogirino
O Proterogirino foi um dos mais antigos anfíbios labirintodontes a apresentar características de réptil. Esse animal de 4 metros de comprimento possuía cinco dígitos em todos os pés, olhos nas laterais e um crânio profundo. Essas características estavam ausentes em todos os anfíbios situados na coluna geológica entre o Acanthostega e o Proterogirino. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Proterogirino.
Diadectomorfos
Esse grupo de anfíbios possuíam características ósseas transicionais entre répteis e anfíbios, e existem vários fósseis desses bichos, como o Westlothiana, Diadectes, Limnosceles, etc... No entanto, ainda precisavam retornar á terra para desovar, fato este indicado por haver evidências de que esses animais passavam por um estágio larval antes de atingirem a maturidade. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito dos diadectomorfos.
Cassinéria
Um dos mais curiosos transicionais da linha anfíbio-réptil tinha claro aspecto de diadectomorfo, mas tinha também, pelo que tudo indica, dedos bem articulados e garras nas patas... Até o momento só foi encontrada a parte posterior desse animal e fragmentos do crânio, porém, as peças que se tem dos esqueletos já aponta a mistura de características filogenéticas entre amniotas (primeiros répteis) e diadectomorfos. O modo de locomoção, de acordo com análise dos ossos das pernas, o permitia caminhar de um jeito mais similar a lagartos do que répteis. Ele era literalmente metade réptil metade anfíbio, pelo que os fósseis indicam. Analisando o clima da época em que o Casinéria viveu, que era muito seco, crê-se que era bem improvável que ele tivesse que voltar á agua para desovar, ou seja, o ovo com casca pode ter-se "inaugurado" nessa espécie ou em parentes próximos dele. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Cassinéria.
Hilonomus
Datado de 315 milhões de anos a.C, esse foi, de fato, o primeiro réptil de que se tem notícia. Parecido com os diadectomorfos, este cotilossauro (grupo onde os primeiro répteis são classificados) deu origem ao grupo dos sinapsidas (hoje considerada uma classe a parte) e os sauropsidas (onde temos as aves e os répteis atuais, tirando as tartarugas, que são répteis anapsidas parentes dos cotilossauros). Sabe-se disso pela sua anatomia, que compartilha características com todos estes grupos. Existem poucas citações criacionistas a respeito do Hilonomus, porém há muito material sobre ele em artigos científicos.
Paleotíris
O Paleotíris é um animal da mesma família que o Hilonomus, tendo surgido um pouco depois do mesmo, há 312 milhões de anos a.C. Porém é um pouco mais próximo dos diapsidas (grupo que envolve os lagartos, cobras, dinossauros, crocodilos, etc) em termos anatômicos. É uma "continuação" da trajetória evolutiva do Hilonomus, logo, não surpreende que os métodos de datação coloquem este animal nessa data. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Paleotíris procurando contestá-lo enquanto forma intermediária.
Petrolacossauro
Prosseguindo a evolução dos diapsidas, temos o Petrolacossauro, que é um tanto mais recente - 300 milhões de anos a.C. Este já possui toda a estrutura básica de um sinapsida, embora apresente semelhanças com o Paleotíris. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Petrolacossauro.
Arqueotíris
O mais antigo dos sinapsidas, porém, é o Arqueotíris. Este foi encontrado no mesmo estrato do Petrolacossauro, o que indica que viveram na mesma época. Ele foi uma "versão sinapsida" do petrolacossauro na realidade: tinha a constituição básica de um sinapsida, porém guardava em si semelhanças claras com o Hilonomus, que foi encontrado no mesmo local mas num extrato inferior, sendo por isso considerado mais antigo. Existem poucas citações criacionistas a respeito do Arqueotíris; a única constatada até o momento foi tentando identificar uma imagem de lagarto desenhada por povos antigos como sendo o Arqueotíris - sem, porém, nenhum embasamento científico sequer e sem tocar no fato do animal ser uma forma transicional.
Escutossauro
Esse animal desajeitado e do tamanho de um boi, um pareiassaurídeo, era muito estranho, se parecendo inclusive com as primeiras reconstituições de dinossauros feitas por Richard Owen... A maioria dos cientistas admitem hoje que o Escutossauro e seus parentes, dado suas características anatômicas, foram ancestrais das tartarugas atuais. O crânio, de fato, apresenta já muitas semelhanças. Na realidade, o animal é tão semelhante aos testudíneos (grupo das tartarugas) que de fato lembra um "jabuti mutante". Esse animal ainda tinha uma pele revestida por carapaça, porém, sabemos que essa carapaça não deu origem á carapaça da tartaruga propriamente dita graças aos fósseis do Odontoquélis, que explicam melhor como deu-se tal formação. Existem poucas citações criacionistas a respeito do Escutossauro.
Odontoquélis
O Odontoquélis, cujos fósseis estão bem analisados e verificados, é um transicional entre pareiassaurídeos (grupo do Escutossauro) e testudíneos (grupo da tartaruga). Ele era muito diferente das tartarugas modernas. Tartarugas modernas possuem um bico córneo, sem dentes na boca. Em contraste, os fósseis foram encontrados tinham dentes embutidos em suas mandíbulas superior e inferior - exatamente como o Escutossauro e seus parentes... Uma das características mais marcantes das tartarugas (modernas e pré-históricas) é sua concha dorsal, que forma uma carapaça blindada sobre o corpo do animal. A Odontoquélis só possuía a parte inferior da armadura, o plastrão, e não tinha uma carapaça sólida como a maioria das outras tartarugas tem. Ao invés disso, o Odontoquélis possuía vários reforços como os de embriões de tartarugas modernas, que ainda não começaram a desenvolver as placas ossificadas de uma carapaça. As suas vértebras, crânio e estrutura óssea apresentava pontos em comuns entre pareiassaurídeos e testudíneos, o que a faz ficar distante de uma espécie de tartaruga sem carapaça dorsal que existe hoje, a tartaruga-de-couro. E não é só isso: as características do Odontoquélis são iguais as da tartaruga no estado embrionário...
Existem algumas citações criacionistas a respeito do Odontoquélis, porém nenhuma publicação da parte deles que mostre as características transicionais da espécie no geral, muito menos argumentação contrária a respeito...
Proganoquélis
Esta foi a primeira tartaruga completa a surgir, tendo, porém, similaridades anatômicas com o Odontoquélis e com os pareiassaurídeos, como uma longa cauda ossificada. Porém, ao contrário de seu antepassado, sua carapaça estava bem formada. Antes da descoberta do Odontoquélis, o Proganoquélis era considerada a mais antiga tartaruga fóssil, e desde a sua descoberta já se destacava sua característica intermediária da cauda, confirmada depois pela análise em torno do Odontoquélis.
Eileanquélis
Por fim, o provável ancestral das tartarugas marinhas era o Eileanquélis, do período Jurássico. Inicialmente considerava-se que era a tartaruga de hábitos aquáticos mais antiga, porém, o Odontoquélis era aquático, o que tirou essa espécie desse patamar. Análise posterior da anatomia do fóssil mostrou, porém, que se trata de um ancestral comum entre tartarugas marinhas e jabutis, que são tipos geneticamente próximos. Existem pouca ou nenhuma citações criacionistas a respeito do Eileanquélis.
Os primeiros fósseis de cobras datam do período Cretáceo. Atualmente admite-se que tenham tido um ancestral comum com os mosassauros, como o Dalassauro. Essa evidência vem dos fósseis das chamadas cobras com patas - as cobras fósseis mais antigas já achadas que possuíam quadril e patas! Pertencem a esse grupo animais como o Najash e o Pachyrhacis. Na literatura criacionista, a existência desses transicionais é admitida, mas é tida apenas como um reforço á tradução literal de Gênesis 3:14 , ignorando a datação dada ás mesmas. Porém, a análise contextual do texto bíblico mostra algo diferente, como pode ser visto aqui.
Dalassauro
O Dalassauro possuía aspecto "misto" entre dois grupos aparentados entre si: os varanídeos e mosassaurídeos. Os mosassauros, seus descendentes, eram totalmente aquáticos e tinham suas patas "transformadas" em nadadeiras. O Dalassauro, apesar de ser classificado como um tipo de mosassauro, tinha membros e patas! Por isso, acredita-se que este animal tinha hábitos "anfíbios". Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Dalassauro.
Paleosâniua
O Paleosâniua (Palaeosaniwa canadensis) foi o maior lagarto da Era Mesozóica, com até 5 metros de comprimento. Ainda é fruto de discussão onde ele é classificado, mas a maior parte da comunidade científica atesta que o Paleosâniua está em meio termo entre os varanídeos (lagartos monitores e mosassauros) e helodermatídeos (monstro-gila), justamente pela anatomia "mista" que o caracteriza como transicional. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Paleosânuia.
Arcossauro
O Arcossauro (Archosaurus rossicus), assim como outros arcossaurídeos, foi um dos antepassados dos animais de vários grupos dos crocodilianos, tecodontes e avemetatarsálios, grupo que abrange os dinossauros, as aves e os pterossauros Ele possuía as características fundamentais desses tipos de animais, como se ele fosse uma espécie de "protótipo". Nenhum criacionista levantou até hoje qualquer contestação ou seque mencionou o réptil arcossauro.
Chasmatossauro
Para quem pensa que o Arcossauro poderia ser um "caso isolado", engana-se: existe um outro parente do mesmo que partilha características similares, conhecido como Chasmatossauro ou Proterossuco. Era um predador semiaquático do tamanho de um dragão-de-komodo. Também é desconhecido dos criacionistas.
Escleromóclo
O Escleromóclo tem o esqueleto seguindo os mesmos padrões ósseos dos pterossauros mais antigos, porém com um detalhe bizarro: o animal não era alado! Existem vários estudos em torno do Escleromóclo que apontam como um antepassado ligado filogeneticamente aos pterossauros, o que explica a anatomia estranha. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Escleromóclo.
Carniadátilo
O Carniadátilo apresenta uma mistura curiosa entre tecodontes do tipo do Escleromóclo - o esqueleto lembrava muito - e pterossauros antigos. É o que se esperaria de um transicional, conforme a descrição logo acima dessa ficha de consulta. Existem muitos artigos bons descrevendo as características avançadas e basais desse pterossauro, que alguns especialistas creem que não era um voador tão bom assim. Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Carniadátilo.
Anurognato
O Anurognato tinha o corpo bem parecido com o do Carniadátilo, mas já era um bom voador. Seus olhos eram enormes e seu crânio absurdamente curto, o que fazia ter uma aparência assustadora, embora fosse um animal do tamanho de um pardal... Existem poucas ou nenhuma citação criacionista a respeito do Anurognato.
Darwinopterus
O nome começando com "Darwin" não é mera coincidência. Esse animal, tal como o Tiktaalik, apresentava características literalmente no meio termo entre ranforrincóides - o grupo dos primeiros pterossauros - e pterodactilóides. Ele possuía uma cauda com uma estrutura em losango na ponta, como a de espécies como o Dimorfodonte ou Ranforrinco, e ao mesmo tempo, possuía um crânio mais comprido que lembrava muito o do Pterodátilo, espécie sucessora. Existem poucas citações criacionistas contra o Darwiniopterus e, algumas que existem, sequer mencionam que trata-se de uma forma intermediária (detalhe interessante: nesse artigo o autor confunde pterossauro com dinossauro, que são grupos distintos...). Uma pesquisada na internet revela, por exemplo, que nos sites brasileiros não há nenhum contrargumento contra esse fóssil.
Germanodátilo
Esse pterossauro já era mais propriamente dito um pterodactilóide, mas tinha características ósseas que lho remetiam também aos ranforrincóides. Atualmente é considerado um tipo basal de pterodactilóide, portanto, seria sequencial ao Darwinopterus. Nenhum criacionista deu até hoje algum parecer acerca do Germanodátilo.
Euparkeria
As características anatômicas desse "crocodilo terrestre" o colocam numa posição próxima dos antepassados dos dinossauros. Era como uma vertente dos ancestrais dos dinossauros... Há algum tempo era tido como o ancestral dos dinossauros mas estudos recentes fizeram-no perder o posto para os Lagossuquídeos, os verdadeiros ancestrais dos dinossauros. Mesmo quando o Euparkeria era considerado uma forma de transição, ele raramente era citado por criacionistas.
Saltopossuco
O Saltopossuco foi também outra linhagem-irmã dos chamados ancestrais dos dinossauros. Curiosamente parecia um pequeno crocodilo com hábitos bípedes... E também é desconhecido dos criacionistas.
Crocodilo-coelho
Vários estudos avançados apontam que os chamados Lagossuquídeos, ou crocodilos-coelho, eram os antepassados mais próximos dos dinossauros. Essas criaturas tinham aspectos anatômicos que os colocavam na linha do meio entre animais como o Euparkeria e os primeiros dinossauros propriamente ditos. Basicamente parecia um crocodilo magrelo bípede do tamanho de um coelho. Os mais famosos desse grupo pertenciam ao gênero Lagosuchus e Marasuchus. Trata-se, também, de mais um exemplo de animal transicional que, para os criacionistas, não existe...
Protossuco
O protossuco é considerado uma forma intermediária entre tecodontes e crocodilianos, tendo características de animais próximos do Euparkeria e de crocodilos atuais, literalmente, um meio-termo. Ele tinha mandíbulas curtas que se ampliavam para fora na base do crânio, o que fornecia uma grande superfície para que seus músculos da mandíbula ficassem anexados. A dentição do animal também se assemelhava a dos crocodilos modernos, incluindo os dentes no maxilar inferior que ficavam dentro de entalhes em ambos os lados do maxilar superior, quando a boca ficava fechada. Também possuía uma cauda poderosa que mais tarde se desenvolveria em um mecanismo de propulsão através da água em seus descendentes.
O corpo foi coberto e reforçado por escamas, e ao longo das costas foi uma dupla fileira de placas ósseas. Era um réptil quadrúpede incomum, cujas pernas lho davam uma postura semi-ereta, com as pernas traseiras mais longas do que as pernas da frente. Seus cinco dedos tinham garras e acredita-se que eles eram bons corredores e bons nadadores.
Alguns criacionistas mencionam o Protossuco muito brevemente, apenas para dizer que desde 200 milhões de anos os crocodilos já passeavam por aqui. Porém nunca mencionam que o animal é uma forma intermediária... Por que estariam escondendo esses fatos?
Montealtossuco
O Montealtossuco (Montealtosuchus arrudacamposi), encontrado na cidade de Monte Alto - SP, é considerado uma forma intermediária entre dois subgrupos dentro do grupo dos crocodilos: os crocodilotársios, que eram exclusivamente terrestres e caminhavam por ambientes áridos, e os aligatores, que são nada mais nada menos que os populares jacarés. O Montealtossuco, embora fosse terrestre, tinha aspectos que o colocavam próximo do Baurussuco (Baurusuchus salgadoensis), seu parente próximo, mas também o colocavam próximo do Jacaré coroa (Palaeosuchus trigonatus). Uma curiosidade sobre esse animal é que ele também teve parte da carapaça fossilizada, similar ao ocorrido com o Protossuco.
Em apenas um único artigo criacionista brasileiro o Montealtossuco chegou a ser descreditado. Mas a grande maioria dos argumentos usados para tentar demonstrar que ele era um dinossauro (?) foram fraudados - confira um estudo sobre esse artigo aqui.
Fora a crítica mal fundada mencionada, o Montealtossuco "não existe" na literatura criacionista.
Eoráptor e Herrerassauro
O Eoráptor, junto com o Herrerassauro,são os primeiros dinossauros documentados no registro fóssil. Como se esperaria, ambos apresentam características que aproximam ambos dos ancestrais tecodontes. Traços anatômicos do Eoraptor, ainda por cima, trazem similaridades com o de dinossauros prossaurópodes, o que indica que o Eoraptor foi um ancestral comum entre dinossauros terópodes e saurópodes. Nem um nem outro é citado por criacionistas, embora sejam bastante conhecidos entre os paleontólogos e 'amantes" de dinossauros.
Demonossauro
O Demonossauro (Daemonosaurus chauiodus) é considerado o ancestral comum de dinossauros neoterópodes, ou seja, tetanuros, celurossauros e ceratossauros. Assim como no caso do Arcossauro, ele apresentava as características básicas encontradas em todos os neoterópodes. O Demonossauro, assim como o Eoraptor e o Herrerassauro, é bem conhecido na ciência mas pouco conhecido no criacionismo.
Celófise, Megapnossauro e Dilofossauro
Esses dinossauros esbeltos lembravam um pouco as formas mais antigas como o Eoraptor ou o Demonossauro, mas eram diferentes: eram alguns dos primeiros ceratossaurídeos, grupo de dinossauros carnívoros conhecidos por ostentar ornamentos na cabeça. O Celófise estava no começo dessa "caminhada": apresentava apenas duas pequenas saliências ósseas na frente dos olhos. Algumas variações de Megapnossauro, também conhecido como Sintarso, possuíam uma crista mais elevada acima dos olhos, e seria o precursor de um dinossauro relativamente grande que quase que paralelamente a ele, o Dilofossauro, com duas grandes cristas na cabeça. Os criacionistas por vezes admitem a existência do Sintarso e do Celófise, porém, nunca mencionam as características intermediárias desses animais.
Alossauro
O Alossauro - também conhecido dos criacionistas - era um superpredador que estava no meio termo entre os megalossauros, comuns no Jurássico, e os carcarodontossaurídeos, dinossauros carnívoros de tamanho excepcional. O Alossauro apresentava aspectos desses dois grupos, e o complicado é que não dá pra nem pensar que é especulação: existem muitos esqueletos de alossauro já achados, alguns consideravelmente completos, de modo que é um dos dinossauros mais bem conhecidos pelos cientistas. Esse detalhe sobre o Alossauro também nunca é mencionado pelos opositores da evolução.
Tecodontossauro
O tecodontossauro é um dos mais antigo prossaurópode já encontrado. Como é de se esperar, suas características remontam a detalhes encontrados nos fósseis do Herrerassauro e do Eoraptor, e justamente por isso ele entra nessa lista. Raramente é citado por criacionistas.
Plateossauro
E quando falamos de prossaurópodes, falamos também de um grupo de animais intermediários entre os pequenos carnívoros bípedes, como o Eoraptor, e os corpulentos saurópodes, como o Braquiossauro. Conforme avançamos na coluna geológica, vemos de dinossauros no estilo do Tecodontossauro até dinossauros mais no estilo do Vulcanodonte, que citaremos a seguir. O Plateossauro, um grande dinossauro herbívoro, estava no meio dessa linha. Era bípede, mas podia andar de quatro e possuía já um corpo volumoso com um longo pescoço. O Plateossauro é mais outro dinossauro transicional raramente citado por criacionistas.
Vulcanodonte
O Vulcanodonte foi um dos primeiros saurópodes a aparecer no planeta, apresentando características transitivas entre animais similares ao plateossauros e aos saurópodes posteriores. Embora fosse quadrúpede, os membros desse animal eram ainda parecidos com os dos prossaurópodes... Embora há criacionistas que atestem a existência dos fósseis do Vulcanodon, eles jamais dissertam sobre as características transicionais desse animal.
Pisanossauro
O Pisanossauro é um daqueles casos de um animal com tantas mesclas de características filogenéticas que acaba gerando debate entre os cientistas. A classificação exata de Pisanossauro tem sido o tema de debate pelos cientistas há mais de 40 anos; mas o consenso atual é de que Pisanossauro é o mais antigo conhecido ornitísquio, parte de um grupo diversificado de dinossauros que viveram durante quase toda a extensão da Era Mesozóica do qual descendiam espécies famosas como o Triceratops e o Estegossauro. Raramente os criacionistas falam ou debatem em torno do Pisanossauro.
Huaiangossauro
O Huaiangossauro era um estegossaurídeo pequeno e uma das primeiras formas do grupo, apresentando ainda características primitivas, como os dentes situados na frente da boca, que são ausentes nas espécies mais avançadas, tendo um bico córneo no lugar. Seja pelo nome complicado ou seja para apenas "esconder", os criacionistas sequer falam dele.
Yinlong
Esse dinossauro foi o mais antigo cerátope - grupo do famoso Triceratops - conhecido pela ciência, e apresentava características transitivas entre os heterodontossauros - um grupo de ornitísquios que possuíam caninos e estavam relacionados com animais do tipo do Pisanossauro - e marginocefalianos. Um pequeno osso rostral na extremidade da mandíbula superior identifica claramente o Yinlong como cerátópe, embora o crânio apresenta várias características, especialmente a ornamentação do esquamosal ósseo da calota craniana, que foram originalmente interpretadas como sendo exclusivo de paquicefalossaurídeos (dinossauros com cabeça grossa). A presença destas características em Yinlong coloca-o como tendo, de fato, sinapomorfias (características originais) do grupo dos Marginocéfalos, que contém ambos os paquicefalossaurídeos e os cerátopes - embora esses recursos tenham sido perdidos em todos as cerátopes mais conhecidos derivados de Yinlong.
A adição dessas características reforça essa teoria, além dele também apresentar características do crânio que lembram a família dos Heterodontossaurídeos , fornecendo suporte para a hipótese de que Heterosontossauros estavam intimamente relacionados com marginocéfalos.
Esse dinossauro foi amplamente anunciado na mídia estrangeira, mas não é sequer mencionado por criacionistas.
Wananossauro
O Wananossauro é considerado uma espécie basal de paquicefalossaurídeo, tendo semelhanças morfológicas diretas com o Yinlong e habitando a china também, mas numa época posterior a essa espécie.É conhecida a partir de um único esqueleto parcial, incluindo uma parcial calota craniana e maxilar inferior, uma perna superior e parte inferior da perna , parte de uma nervura, e outros fragmentos. A primeira característica que sugeriu que o Wananossauro estava em uma linha transitiva era a cúpula da cabeça achatada e não muito grossa - uma vez que paquicefalossaurídeos tinham o topo da cabeça grossa e na maioria das vezes arredondada, como um capacete.
Psitacossauro
O Psitacossauro era uma versão maior e mais completa de dinossauros do tipo do Yinlong, apresentando comprovadamente cerdas no corpo. Apesar de ser um cerátope, ainda tinha muitas características primitivas como a ausência de um escudo ósseo, típico de cerátopes, e também de chifres nasais ou acima dos olhos. O bico, entretanto, já era igual ao do papagaio, o que era marca registrada dos cerátopes. Aliás, o nome Psitacossauro significa justamente "réptil papagaio". O porquê do Psitacossauro não entrar na pauta de crítica dos criacionistas, entretanto, é um mistério, já que existem vários fósseis documentados desse gênero hoje em dia.
Zunicerátops
O Zunicerátops é o mais antigo dinossauro com chifre a aparecer na América do Norte, sendo um exemplo transicional entre a família dos protoceratopsídeos e a família dos ceratopsídeos, que abrange as subfamílias dos centrossauríneos e dos casmossauríneos. O Zuniceratops tem características avançadas de protoceratopsídeos e primitivas de ceratopsídeos, mais especificamente, da subfamília dos casmossauríneos, de onde derivou-se a família dos centrossauríneos. O Zuniceratops tem uma mescla tão impressionante de características das duas famílias, que são de fato conectadas entre si filogeneticamente, que é estranho que nenhum criacionista sequer faça menção desse transicional.
Nasutocerátops
O Nasutocerátops mostra um misto de características anatômicas entre as subfamílias chasmosaurinae e centrosaurinae, sendo classificado pelos cientistas como centrossauríneo. Quando seu fósseis foram encontrados, a mídia fez bastante alarde, mas nenhuma crítica criacionista a descoberta desse dinossauro se ouviu, O motivo talvez seja porque a grande maioria dos criacionistas aceita a chamada "evolução em miniatura" ou "microevolução", e como o nível transitório dessa espécie está nessa categoria, a existência dessa espécie acaba não entrando em conflito com o criacionismo antievolucionista. Mas ainda assim decidimos incluir o Nasutoceratops nesta lista para mostrar que existem transicionais no registro fóssil em todos os níveis.
Guanlong
O Guanlong é o dinossauro mais antigo da superfamília dos Tiranossauróides, ou seja, o mais antigo antepassado do T-rex, mostrando uma transição entre dinossauros maniraptoriformes - grupo que inclui os raptores - e os tiranossaurídeos, especialmente nos ossos da pelve e crânio, que aliás ostentava uma crista proeminente, a "antepassada" das protuberâncias do crânio encontradas em seus descendentes. Além disso, ele herdou as protoplumas dos maniraptoriformes, e tal característica, conforme vemos nos fósseis, se perpetuou em alguns de seus descendentes. Trata-se, também, de mais um exemplo de animal transicional que, para os criacionistas, não existe...
Dilong
Essa espécie foi da mesma família do Guanlong, e portanto, considerada também uma forma intermediária entre maniraptores e tiranossauróides, com o detalhe de não mais possuir aquela crista do Guanlong. Mais uma vez, sua classificação se deve a anos de estudo e não a uma comparação simplista e mero achismo. Assim como o Guanlong, esse também não é mencionado por criacionistas.
Falcário
O Falcário é um dinossauro que descende também de maniraptoriformes, mas convergiu para um grupo diferente: o dos Terizinossauros, que eram animais que evolutivamente falando convergiam para a dieta herbívora, indo na contramão da tendência dos demais terópodes. E isso não é especulação, mas sim o que os vários transicionais desse grupo nos mostram. O Falcário, um dinossauro esguio e coberto de protoplumas, no caso, estava bem no meio termo entre o grupo ancestral e o descendente, um verdadeiro "elo perdido".
Mas mais estranho que o próprio Falcário é o fato da ICR (Institute for Creation Research Institute) mencionar ele apenas como um dinossauro emplumado encontrado, mas sem mencionar o fato do animal ser considerado um transicional. Há também um ou outro artigo falando do Falcarius mas nenhum tenta "desarmá-lo" como forma intermediária. Digamos que ele "sofre" bem menos que o Tictálic, o Arqueoptérix e os hominídeos, alvos favoritos de antievolucionistas.
Segnossauro
O Segnossauro lembra bem o Falcário mas já possui mais características de herbívoro, além de proeminentes garras nas patas dianteiras. Os cientistas supoem, pela análise do crânio, que esse animal era onívoro, mas optava mais por plantas e frutos do que carne. Também não é citado por criacionistas nem o fato de estar numa linha transitiva.
Terizinossauro
Esse é um tipo mais avançado de terizinossaurídeo, além do maior do seu grupo, hábitos plenamente herbívoros e garras tão grandes que lhe dão o título de animal com as maiores garras que o mundo já conheceu. Ele está nessa lista por possuir características em comum com o Segnossauro, mas num nível mais adaptado a uma vida similar à das preguiças gigantes da Idade do Gelo. Raramente é mencionado por criacionistas.
Celidossauro e Escutelossauro
Os fósseis do Celidossauro e Escutelossauro, dinossauros de pequeno porte com carapaça dorsal, revela muito aos cientistas sobre a evolução dos ornitísquios, especialmente os estegossauros e os anquilossauros, os dinossauros blindados surgidos mais tarde na era mesozóica. Eles partilham semelhanças com os primeiros dinossauros ornitísquios, como o já mencionado Pisanossauro, e com as duas linhagens conhecidas de tireóforos, a saber, anquilossauros e estegossauros. Nenhum dos dois é sequer mencionado por criacionistas quando o assunto é fósseis transicionais.
Gastônia
O Gastônia é um exemplo de tireóforo do grupo dos Anquilossauros que reúne características de duas famílias: a dos Nodossaurídeos - que inclui corpo atacarrado, espinhos proeminentes laterais - e Anquilossaurídeos - cabeça larga com chifres atrás dos olhos, corpo largo, e indício de clava caudal (sendo bem menor e menos desenvolvida). Tais características evolutivas do Gastônia não são muito divulgadas, assim como nenhum criacionista mencionou até hoje que os cientistas consideram o Gastônia num estágio "meio termo" entre Nodossaurídeos e Anquilossaurídeos.
Camptossauro
O Camptossauro foi um dinossauro bastante estudado pelos paleontólogos, tendo um número significativo de fósseis, inclusive de embriões fossilizados ainda no ovo. Estudos mais recentes, comparando características basais e avançadas entre iguanodontídeos e driossaurídeos, indicaram que ele foi uma espécie de "elo perdido" entre esses dois grupos. sendo inserido no clado Ankylopollexia, ou seja, o clado que "une" essas duas famílias de dinossauros. A datação coloca esse animal no período Jurássico, há 140 milhões de anos a.C. Não há material criacionista criticando a posição do Camptossauro como forma intermediária.
Iguanodonte Asiático
Apesar do nome, o Iguanodonte Asiático ou Probactrossauro (Probactrosaurus gobiensis) é um dos "dinossauros bico-de-pato" ou Hadrossauros mais antigos do qual se tem notícia. Possuía características compartilhadas entre iguanodontídeos e hadrossaurídeos, duas famílias relacionadas entre si. Também nunca foi mencionado por criacionistas, talvez por ser uma espécie pouco popular. Seus fósseis foram encontrados na China e mostra que os primeiros hadrossauros surgiram a partir desse ponto, tendo depois migrado para outras regiões como a América do Norte.
Pelicanimimo
O Pelicanimimo (Pelecanimimus, do latim "imitação de pelicano") já era considerado uma espécie primitiva de Dinossauro-avestruz (Ornithomimoidea), mas seu status de transicional entre maniraptores - grupo do Velociraptor e do Trodonte - e os Dinossauros avestruzes foram sugeridos pela primeira vez num estudo de 2005 feito pelo cientista Makovicky. Além de toda a sua estrutura óssea apontar para isso, ele era o Dinossauro-avestruz com o maior número de dentes no bico (as espécies mais avançadas são desdentadas). Salvo essas características, o Pelicanimimo tinha também uma bolsa de pele no pescoço igual ao do pelicano, o que sugere que esse animal possuía uma dieta piscívora. Tal hábito alimentar foi mantido em alguns descendentes do mesmo, como o Deinoqueiro, o maior e mais estranho representante do grupo. Até onde pude pesquisar, os criacionistas mencionam o Pelicanimimo apenas como um dinossauro com protoplumas, mas sem sequer mencionar que o animal é considerado uma forma intermediária.
Pedopena
O Pedopena (Pedopenna daohugouensis) foi um dos mais antigos maniraptoriformes do qual se tem notícia e um dos primeiros a apresentar plano corporal similar ao das aves - mas não era uma ave, era um "raptor primitivo". Apenas uma perna do Pedopena foi achada, mas após feita uma severa comparação com fósseis do Juravenator, Ornitolestes e raptores das famílias Dromaeosauridae e Trodontidae, que estão bem completos, os cientistas concluíram que esse dinossauro era da linhagem que separaria maniraptoriformes das aves, uma vez que os cientistas admitem, pelos fósseis descobertos recentemente e estudos em cladística e anatomia comparada, que ovirraptossaurídeos, dromeossaurídeos, trodontídeos, para-aves e aves possuem um mesmo ancestral comum. Esse dinossauro com jeito de ave teria vivido há cerca de 168 milhões de anos, logo, é anterior a qualquer espécie de ave (detalhe interessante: o protoavis, uma espécie do triássico tida antes como uma ave, hoje é considerada um dinossauro, enquanto que o também anterior Longisquama era uma espécie de prolacertiforme - e apenas uns poucos cientistas como Alan Fedducia considera o Longisquama como ave, mas isso não é consenso na academia).
Ao contrário do que possa ser sugerido, não é apenas a presença de penas (penas mesmo, não filamentos) que coloca o Pedopena nessa lista de transicionais, mas sim a anatomia que é deduzida a partir dos seus parentes. O Pedopena poderia dar muito pano pra manga para discussões criacionistas, mas não é o que acontece. O Pedopena raramente é mencionado por opositores da evolução.
Juravenator e Ornitolestes
Esses dinossauros, hoje, são considerados remanescentes próximos do Pedopenna graças a estudos recentes realizados em 2013. O plano corporal é muito parecido, e coincidentemente o Juravenator ainda possui indícios de penas e escamas em seu corpo, o que mostra que esses "dino-aves" tinham uma mescla de escamas e penas. Reiterando: falamos aqui de penas e não de filamentos parecidos com penas, como alguns dinossauros como o Psitacossauro possuíam. Os criacionistas costumam mencionar o Juravenator como exemplo de "animal que deixou de ser elo perdido" por causa dos indícios de escamas encontrados no mesmo e por ter vivido na mesma época do Arqueoptérix (que também está nessa lista), porém, os mesmos ignoram os estudos publicados em 2013 dessa espécie, bem como o fato dessa espécie não ser de fato ancestral, mas sim remanescente do Pedopena.
Um artigo do criacionista Haharun Yahya, muçulmano, faz essa avaliação do Juravenator chamando inclusive os "dinossauros emplumados" como "imaginação dos evolucionistas". Apesar do Juravenator ter maiores indícios de escamas, do Ornitolestes ser conhecido só pelo esqueleto, e do Pedopena ser conhecido apenas por uma perna, o animal a seguir foi achado completo, com penas e seria então "fruto de imaginação" na lógica do tal criacionista...
Anquiórnis
O Anquiórnis foi descoberto recentemente com esqueleto e penas conservadas e é o mais antigo trodontídeo conhecido, mas não é apenas isso: ele é o transicional inserido na linha temporal entre terópodes do grupo do Pedopena e do Arqueoptérix - do qual falaremos mais adiante. Mais do que isso: o "segundo par de asas" e mais detalhes anatômicos colocam o Anquiórnis também como ancestral dos Dromeossaurídeos, isto é, o grupo o qual pertence o famoso Velociraptor.
O Anquiornis já foi criticado como transicional por criacionistas apenas por desconhecerem a anatomia de animais como o Microraptor e o Trodonte, além de alegar que "não haveria como a seleção natural produzir isso". Os fósseis mostram, com o Pedopena, que isso aconteceu mesmo, mas como aconteceu é algo a ser discutido. Não obstante, a transição dino-ave (que cladisticamente falando nem é um termo usual, como explicarei a seguir) foi de fato bem rápida, trazendo mudanças significativas num período menor que 20 milhões de anos, um tempo não muito longo em termos de evolução. Isso mostra apenas o que constantemente é mostrado no blog: conhecemos bastante sobre como deu-se as transições evolutivas, mas o mecanismo que gerou essas transformações ainda é assunto de calorosos debates... (o artigo com a crítica ao Anquiornis está aqui).
Arqueoptérix
Depois dos fósseis de hominídeos, esse deve ser um dos mais criticados e polêmicos transicionais da nossa lista. Enquanto que o Pedopena e o Crocodilo-coelho carecem de material criacionista refutando-os ou tentando refutá-los, o Arqueoptérix tem textos de sobra sobre o assunto. E não é pra menos: o animal apresenta características de aves e de dinossauros ao mesmo tempo, e de uma forma bastante nítida, já que vários esqueletos dessa espécie são encontrados - o que prova que o animal não é uma farsa ou "quimera".
A questão, no entanto, é que tem criacionista que diz que ele era "apenas" uma ave exótica, ou que ele era "apenas" um dinossauro exótico. Afinal de contas, era uma ave ou dinossauro? Depende. Do ponto de vista da cladística, todas as aves são um grupo distinto de dinossauros; seguindo essa lógica, não só o Arqueoptérix mas também o peru que você assa no Natal são dinossauros. Em termos populares ou da classificação proposta por Lineu, usada até hoje, o Arqueoptérix é na verdade a primeira ave do registro fóssil. Mas ainda assim pode ser considerada transicional, já que entra naquela regra de "características avançadas do grupo anterior" (no caso, do Anquiórnis) mais "características basais do grupo posterior" (no caso, todas as aves). Tanto é dessa maneira que de 8 características que são regra geral das aves que ele tem, o Arqueoptérix possui mais de 100 características exclusivas de dinossauros... (confira mais sobre o Arqueoptérix aqui).
Microraptor
O Microraptor era um dinossauro da família do Velociraptor que herdou as "quatro asas" do Anquiornis, sendo provavelmente descendente do mesmo. Quando o Microraptor foi descoberto pela primeira vez na China, a primeira reação dos criacionistas foi apontar o animal como uma farsa, pois seria muito desconfortável para o criacionismo a existência de um dinossauro emplumado, pois seria um indicativo muito forte dos dinossauros com as aves. Porém, vários outros fósseis desse dinossauro foram achados - com indícios claros de penas e até de pigmentação das mesmas - e, a partir daí, o mesmo entrou no esquecimento dos criacionistas, apenas retornando em suas citações quando Alan Feduccia, um ornitólogo "amado" pelos criacionistas, decidiu classificar todos os raptores como aves e não dinossauros. Ora, levando em conta a existência de outros dinossauros claramente aparentados com os raptores mas que eram dinossauros mesmo, como o Terizinossauro, é óbvio que esse argumento é incorreto. Por causa disso, os criacionistas hoje em dia raramente mencionam o Microraptor. Mais detalhes sobre o Microraptor você confere aqui.
Confuciusornis
O Confuciusornis é um remanescente do Arqueoptérix, do período Cretáceo, que possuía características mais de ave do que seu ancestral, mas ainda compartilhava muitas coisas em comum com ele. O Confuciusornis mostra uma sucessão de características adaptativas nas aves que não estavam no Arqueoptérix, como a presença de um bico, e provavelmente era um bom voador. Uma curiosidade interessante é a ausência de cauda nessa espécie, "substituída" por dois bastonetes ósseos enfeitados com penas na ponta, algo que estava presente apenas nos machos da espécie, ou seja, havia dimorfismo sexual entre os confuciusornis.
Mesmo estando em uma linha transicional entre dinossauros e aves, o Confuciusornis é nulo na agenda de críticas criacionistas.
Arqueornitura e Eoalulavis
Até algum tempo atrás, o pássaro Ealulavis, do tamanho de um pintassilgo moderno e datado de cerca de 125 milhões de anos, era o pássaro mais antigo a possuir uma álula - - um conjunto de penas no dedo polegar, que pode mover-se separadamente para atuar como um dispositivo que permite manobras num voo de baixa velocidade. Mas, recentemente, o posto foi "tomado" por uma ave de 130 milhões de anos, a Arqueornitura (Archaeornithura meemannae), cujos fósseis se conservaram tão bem que até as penas são claramente visíveis. Estudos em torno do Eoalulavis e Arqueornitura e outras aves fósseis da Era Mesozoica indicam que este recurso evoluiu de forma independente nos Enantiornithes e nos antepassados dos pássaros modernos, é muito antigo e remonta a uma época posterior ao Arqueoptérix . A primeira hipótese é considerada a mais provável, uma vez que as aves do Mesozóico mais antigas, como o Confuciusornis, não possuem álula. O mesmo parece acontecer com o processo uncinado, que está ausente nesta espécie, mas presente em alguns outros pássaros contemporâneos, alguns dos quais (como Longipteryx chaoyangensis) também do grupo dos Enantiornithes.
Como a descoberta é recente, há poucas menções criacionistas a respeito desse fóssil. Se há, porém, sempre é utilizado o argumento de que "ele não era metade uma coisa e metade outra". De fato, na categoria de animais intermediários entendida pelos criacionistas, esse animal não está incluso, no entanto, se encaixa com a definição que estamos trabalhando nesse artigo - e que a paleontologia moderna trabalha.
Ictiornis
O Ictiornis era uma ave aquática da Era dos Dinossauros, do qual possui muitos fósseis e foi estudada pelo próprio Charles Darwin. O Ictiornis fica perto da ascendência das aves modernas, as Neornithes, mas representa uma linhagem independente. Por muito tempo, acreditou-se que ele estava intimamente relacionado a outro táxon do Cretáceo conhecido a partir de restos muito fragmentários - Ambiortus, Apatornis, Iaceornis e Guildavis - mas estes parecem estar mais perto dos ancestrais das aves modernas do que Ichthyornis dispar. Novos dados sobre a radiação evolutiva desses animais, que agora é conhecido por ter sido iniciado no Cretáceo, como mostram os fósseis de seu parente o Vegavis, lançou mais luz sobre a relação exata desses táxons.
Os criacionistas mencionam o Ictiornis apenas como uma variedade de aves com dentes. Apesar de realmente ser uma variedade distinta, o fato dos estudos em torno dos fósseis do Ictiornis e do Vergavis apontar que as aves atuais e essas espécies partilham de um mesmo ancestral não é citado por criacionistas.
Waimanu
Para falar sobre a história evolutiva dos pinguins, o melhor exemplar é o Waimanu. Trata-se de um gênero de pinguim basal que viveu logo após o evento de extinção Cretáceo-Paleógeno . Sua descoberta ajudou a sustentar a idéia de que a radiação dos Neoaves (incluindo a maioria das aves modernas) teria ocorrido antes da extinção dos não-aviários dinossauros, ou que essa evolução deveria ter sido extremamente rápida em termos geológicos. Enquanto ele era um membro muito precoce do grupo dos sphenisciformes (a ordem que inclui os pinguins modernos), o Waimanu não voava, assim como todos os pinguins modernos. Apesar de seus ossos da asa não mostrarem as especializações extremas das dos pinguins modernos (isso mesmo, asas em formação), tudo indica que eles tinham um estilo de vida aquático, parecendo adaptada para o mergulho com propulsão a asa, como um mergulhão atual.
Um artigo no Answer in Genesis menciona o Waimanu brevemente, sem listar os fatos acima, apenas dizendo que ele era um pinguim pleno e que por isso seria "imaginação evolucionista" alegar que o ancestral dos pinguins tinha ossos ocos (pinguins não possuem ossos ocos). Porém, análises de sequências de DNA e anatomia comparada, de fato, defendem um estreito relacionamento com pingüins e aves aquáticas - como o Mergulhão - , e é exatamente tais características que são vistas no Waimanu. Uma vez que mergulhões possuem ossos ocos, é de se presumir que o ancestral comum de ambos tivesse ossos ocos, e não sólidos como nos pinguins.
Juncitarso
O registro fóssil dos mergulhões é bastante escasso, mas ao menos temos uma ave que pode ser considerada candidata a ancestral comum dos mergulhões e flamingos, já que todos os estudos apontam que estas aves eram aparentadas, e esta ave é a Juncitarso, datada do Eoceno e tendo vivido nos EUA e Alemanha. Apesar de ser um candidato a essa transição evolutiva, desbancar tal posição do Juncitarsus não é algo que os criacionistas têm feito.
Palelodídeos
A partir da Juncitarso, já temos um registro fóssil muito bom que mostra a continuidade evolutiva dos flamingos, e esse registro encontra-se em 3 aves fósseis do grupo conhecido como Palelodídeos. Esses animais se situam, de fato, dentro do grupo que inclui os flamingos modernos, mas estes, porém, tinham hábitos mais aquáticos que os seus descendenes pernaltas. Entretanto, os paleodídeos tiveram uma durabilidade muito boa, uma vez que apareceram na época Oligocena e mantiveram sua existência até o Pleistoceno. São reconhecidos apenas três gêneros desse grupo, a saber, o Flamingo-de-patas-grossas (gênero Adelalopus), o Palelodo (gênero Palaelodus) e o Megapalelodo (gênero Megapalaelodus). Essas formas intermediárias até hoje jamais foram mencionados pelos criacionistas.
Colimbóide
Em relação aos mergulhões, o mais antigo que teria sucedido o Juncitarso foi, segundo consenso de toda a comunidade científica, o Colimbóide. Esse mergulhão pré-histórico viveu na Eurásia nas épocas Oligocena e Miocena, e acredita-se que era aparentado com os mergulhões atuais porém, ainda assim, pertencia a um grupo á parte, os colimboidídeos. Esse gênero é menor que os mergulhões modernos e possui características em comum com os antepassados desses animais, a saber, Waimanu e Juncitarso.
Masilarráptor
O Masilarráptor, do Eoceno, foi o ancestral comum entre accipitres (águias, gaviões, etc...) e falconiformes (falcões e carcarás). Esse animal, mesmo classificado como um falconiforme, possui características interessantes:
1. O bico é quase tão longo quanto o próprio crânio, com altura igual sobre grande parte da sua extensão e uma crista dorsal reta. O bico curva-se imediatamente antes da sua ponta, restringindo as aberturas nasais para a metade traseira do bico.
2. O tibiotarso é o maior osso da perna.
3. A primeira falange do segundo dedo do pé é encurtada, enquanto que a segunda e terceira falanges do quarto dedo do pé são encurtadas.
4. As garras de Masillaraptor são pequenas e fracas em comparação com a de outros falconiformes com falanges pedais abreviados.
Da lista acima, as características 1 e 3 são derivadas dentro do grupo das aves Neornithes e encontradas também em accipitres. Em outras palavras, esse animal apresenta novas estruturas e "pega" características que o colocam como transicional entre accipitres e falconiformes. Claro, ele possui muito mais caracterísitcas distintivas - essas que listamos são as principais. O Masillaraptor, apesar de tudo isso, raramente entra na pauta de crítica dos criacionistas.
Protoclepsidrops
Synapsida é um grupo muito conhecido pelos cientistas, que abrange nada mais nada menos que os transicionais entre répteis e mamíferos, ou seja, mais um exemplo de "grupo transicional" assim como é o caso dos peixes paleoniscóides. O fato de ser um grupo tão bem conhecido pelos cientistas e, ao mesmo tempo, tão "ignorado" pelos criacionistas, é tão estranho que em nosso blog há uma postagem falando só dessa questão - . O Protoclepsidrops atualmente é tido como o mais antigo do grupo, tendo aparecido no final do período Carbonífero na América do Norte. Á primeira vista, parecia-se com um mero lagarto, porém a realidade é que ele, além de ter aspectos morfológicos que o jogam no grupo dos Sinapsidas, ainda tinha vértebras primitivas com processos neurais minúsculos típicos dos ancestrais dos répteis como os Diadectomorfos. A classificação correta dele em relação a família e outros detalhes, porém, não pode ser dito com precisão porque seus restos são fragmentados demais. Talvez por sua natureza fragmentária, os criacionistas nem mencionem em seus artigos o Prococlepsidrops.
Arqueotíris
O Arqueotíris viveu um pouco depois do Protoclepsidrops, e é considerado um parente próximo do mesmo, estando também na linha transitiva entre os ancestrais e descendentes dos Sinapsidas, um dos mais primitivos da ordem dos Pelicossáurios. Esse animal, em termos de anatomia, parecia-se muito com o Hilonomus, réptil que partilha com ele um mesmo ancestral comum, mas detalhes na sua estrutura óssea mostram que era de fato um Sinapsídeo. Dentre as características avançadas de seus ancestrais, ele tinha um crânio relativamente plano, andar reptiliano e um corpo achatado. E quanto a características basais de Sinapsidas, ele tinha uma abertura temporal no lado de baixo da calota craniana e entre o osso zigomático, e uma variação dentária típica de sinapsídeo.
A menção do Arqueotíris em artigos criacionistas é bastante rara, mas nunca são mencionadas suas características intermediárias. Uma citação notável foi a alegação de que o mesmo aparecia pintado numa representação artistica grega de meados do século 1 a.C., porém essa interpretação é considerada forçada, afinal de contas o Arqueotíris externamente se parecia com um lagarto, portanto, a imagem referida pode estar representando apenas um lagarto moderno.
Ofiacodon
O Ofiacodon foi o maior representante de sua família, podendo chegar a até 3 metros de comprimento. Já possuía características avançadas de sinapsidas e estava próximo dos chamados Esfenacodontídeos, o grupo que viria a seguir na escala evolutiva dos mamíferos. Ofiacodons são muito bem conhecidos no registro fóssil, indicando até estágios diferentes de maturidade do animal, porém, raramente são mencionados ou criticados por criacionistas.
Haptodo
O Haptodo é o mais antigo esfenacodontídeo do qual se tem notícia. Dentre suas principais características, tinha dois ou três pares de dentes diferenciados, similares a caninos, em sua maxila, uma mandíbula inferior mais proeminente, um crânio mais abaulado que o dos Ofiacodontídeos e uma vértebra dorsal um pouco mais alongada que o normal (aliás vértebras alongadas são traços distintivos dos esfenacodontídeos). O Haptodo tem registro fóssil bem completo, mas raramente é mencionado por criacionistas.
Dimetrodon
O Dimetrodon, o maior dos pelicossáurios e com sua vela dorsal bem proeminente é, de certo modo, bem famoso (às vezes até confundido com dinossauro), mas muitos criacionistas nem imaginam que, quando falamos do Dimetrodon, estamos falando de um dos animais que estavam na "marcha evolutiva" para os mamíferos. Sendo mais um exemplo de transicional, ele não poderia deixar de estar de fora dessa extensa lista. Dentre os seus traços primtivos, ele tinha uma notável dependência de calor para manter-se ativo (embora a vela dorsal o ajudasse a regular a temperatura do corpo), palato inferior, postura reptiliana e ausência de dentes laterais grandes na maxila inferior. Mas, dentre as características avançadas, essa criatura tinha um o segundo e terceiro dente da maxila superior alongados - correspondente aos caninos em mamíferos (o primeiro canino geralmente é mais longo que o segundo) - , crânio profundo e estreito, e um corpo mais avantajado que em formas anteriores.
Existem várias espécies de Dimetrodon, e tudo indica que foi um gênero de esfenacodontídeo muito bem sucedido no planeta.
Esfenácodon
O Esfenácodon era da mesma família que o Dimetrodon (aliás chegou a viver junto com ele) e apresentava as mesmas características transitivas que seu parente, mas com um pequeno detalhe: a vela dorsal não era muito proeminente. O Esfenácodon é também outro caso de forma intermediária geralmente "esquecida" pelos criacionistas.
Tetracerátops
Muitos estudos ainda estão sendo feitos em torno dessa criatura, que é conhecida apenas pelo estranho crânio com estruturas parecidas com chifres (Tetracerátops significa "rosto com quatro chifres", apesar dele ter de fato seis) e com uma variedade significativa de dentes, mais do que se esperaria em se achar num sinapsídeo primitivo. Os estudos em torno do crânio, porém, sugerem que ele teria sido um transicional entre esfenacodontídeos e Terapsidas, mais conhecidos como "répteis mamaliformes". Isso porque a sua fenesta temporal se parece bastante com a do animal a seguir da lista, o Biarmossuco. Apesar de ser considerado um candidato a transicional entre sinapsídeos primitivos e avançados, o Tetracerátops raramente é mencionado pelos criacionistas.
Biarmossuco
Tendo o tamanho de um cachorro grande e com uma constituição esbelta, o Biarmossuco é um dos tipos mais antigos de terapsidas estudados pelos cientistas, retendo características avançadas de pelicossáurios e características mais arcaicas de terapsidas, o que qualifica não só o Biarmossuco mas toda a subordem Biarmosuchia como formas intermediárias.
Dentre as características avançadas de pelicossáurios, podemos citar:
- Nenhum corneto respiratório indicam o consumo de oxigênio geral e, portanto, metabolismo
- Pernas "espalhadas", porém mais longas e mais magras do que em pelicossáurios
- Cauda longa de Pelicossáurio
O Biarmossuco, em si, teve seus fósseis encontrados na Rússia e sua anatomia sugere que teria sido ancestral direto dos Gorgonopsianos. Os dentes continham oito pequenos incisivos no palato, seguido de um dente canino e mais cinco dentes caninos. Assim, juntas as espécies continham quatorze dentes superiores e doze dentes inferiores de tamanho pequeno.
Ele consegue rebater muito bem, aliás, um argumento usado por criacionistas de que "teriodontes" - grupo parafilético* dos gorgonopsianos e outros terapsidas - seriam mamíferos verdadeiros e os demais todos répteis, pois ele possui, como mencionamos, características que ligam claramente "teriodontes" com "não-teriodontes". Basta comparar detalhadamente as fotos do esqueleto de Gorgonopsiano e de Biarmossuco nessa mesma lista para ver que são espécies aparentadas.
Embora amplamente conhecido, o Biarmossuco é raramente citado pelos criacionistas e, se mencionado, é passado "batido", como se fosse um fóssil insignificante - enquanto que, quando falamos de formas intermediárias, ele é um exemplo muito bom a ser considerado.
*Em cladística, chama-se parafilético a um táxon que inclui um grupo de descendentes de um ancestral comum em que estão incluídos vários descendentes desse ancestral, porém não todos eles.
É como um grupo "fictício" para poder se encaixar melhor alguma categoria de seres vivos que não corresponde ao desenvolvimento evolutivo real.
Gorgonopsianos
Inostrancevia, o Licaenops e o Gorgonóps são três exemplos de terapsidas predadores da subordem dos Gorgonopsianos que estão na transição entre répteis e mamiferos. Essas criaturas, que chegavam a atingir no máximo o tamanho de um rinoceronte, pareciam-se literalmente um misto de lobo com lagarto, de modo que qualquer leigo não saberia dizer se seria um réptil ou mamífero caso encontrasse um vivo. A anatomia dos Gorgonopsianos - que são conhecidos por vários esqueletos, alguns deles completos - tem de fato um pouco de réptil e de mamífero, inclusive evidência de pelos pelo corpo (eles possuíam detalhes no crânio que indicam que possuíam alguma espécie de bigode) e postura semi-ereta, ou seja, bem no meio da postura das pernas de répteis e mamíferos, bem similar a postura do próprio Biarmossuco, que pode ter sido seu ancestral. Foi a partir desse grupo de sinapsidas que vieram os mamíferos.
Mesmo sendo bastante conhecidos e tendo aparecido na mídia - o Inostrancevia já apareceu no videogame Dino Crisis 2, por exemplo - eles não têm muita atenção da esfera criacionista. Não existem no momento boas refutações em torno dos aspectos transicionais dos Gorgonopsianos. Pelo contrário, há criacionistas que se confundem e classificam esses animais - com esqueleto claramente de sinapsida - como "verdadeiros mamíferos"!
Terocefalianos
Os Terocefalianos, na escala evolutiva, são considerados as formas intermediárias entre Gorgonopsianos e Cinodontes, e isso é perceptível tanto num estudo minucioso dos seus esqueletos - características primitivas de Cinodontes e avançadas de Gorgonopsianos - quanto dando uma olhada externamente: eles realmente parecem-se uma mescla desses dois grupos. As imagens aqui apresentadas são de dois gêneros desse grupo, a saber, o Pristerognathus e o Lycosuchus.
Os Terocefalianos, assim como pos Gorgonopsianos, gozam de pouquíssima literatura criacionista refutando-os como transicionais, e quando são citados, geralmente são erroneamente citados como mamíferos.
Cinognato
Todos os animais do gênero Cynognathus - sim, foram encontrados vários fósseis dele - eram carnívoros corpulentos com cerca de um metro de comprimento, e apesar de se parecerem muito com os mamíferos e terem já uma postura ereta, esse animal andava com o corpo ondulando para os lados, como um lagarto, ao contrário dos mamíferos, que ondulam o corpo em movimentos verticais. Ele não tinha palato ósseo e seus dentes da bochecha não tinham diferenciação assim como nos répteis. No entanto, a semelhança com os mamíferos era notável: dentes divididos em caninos, incisivos e molares, com inclusive várias cúspides, além de aspectos anatômicos de mamíferos já herdados de gorgonopsianos e a presença comprovada de pelos, conforme pôde ser visto em uma de suas pegadas.
A grande maioria dos criacionistas desconhecem a existência dos fósseis do Cinognato. No entanto, os que ao menos já ouviram falar, referem-se a ele como "apenas um mamífero". Porém, como dissemos anteriormente, muitos detalhes de sua anatomia mostram que ele tinha muito de sinapsídeo também, seguindo a regrinha dos transicionais: características avançadas do grupo anterior com primitivas do grupo posterior. Ou seja, a alegação de que o Cinognato era plenamente mamífero mostra uma grande falta de conhecimento acerca dessa espécie.
Trinaxodonte
O Trinaxodonte, muitas vezes também chamado genericamente de "cinodonte", também está no meio termo entre sinapsídeos e mamíferos. Há evidências até de que seu comportamento era como o dos mamíferos, vivendo em tocas. Ele trazia consigo as mesmas peculiaridades anatômicas do Cinognato, mas não pode ser considerado mamífero porque existem indicações na sua anatomia que mostram um metabolismo lento e a ausência de lactação, ou seja, não mamava. Isso é percebido na sua dentição, desprovida de oclusão.
O Trinaxodonte, ao que consta, foi citado apenas uma vez num texto criacionista (aqui), que faz uma abordagem seletiva pra tentar dizer que os cientistas não sabem onde essa espécie se insere na cadeia evolutiva. É consenso, pelo menos até o momento, que os cinodontes vieram dos gorgonopsianos e que deram origem aos mamíferos.
Confira mais sobre os sinapsidas aqui.
Megazostrodonte
Esse animal pode ser vulgarmente chamado de "o elo perdido entre sinapsidas e mamíferos". Suas características anatômicas ainda puxam um pouco para cinodonte, mas são pequenas o suficiente para que o animal seja posto nessa linha transicional.
Estes primeiros mamíferos desenvolveram muitos traços que o tornaram bem adequados a um estilo de vida muito ativo. Eles desenvolveram definitivamente os quatro tipos de dentes, ou seja: incisivos, caninos, pré-molares e molares. Há evidências de que o movimento para o interior de fecho da mandíbula sugere uma ação de corte para mastigar os alimentos. Seus esqueletos sofreram uma alteração tal que seus membros eram mais flexíveis (eles se tornaram menos lateralmente abertos) uma caixa torácica mais curta e pulmões maiores para permitir a rápida respiração, e tudo isso mostra que seu andar não era mais balançando o corpo para os lados mas para cima e para baixo. A estrutura de seus ossos da mandíbula também mudou, tornando-se um único osso - o dentário (em oposição aos sete diferentes ossos encontrados em mandíbulas inferiores répteis). Os outros ossos que uma vez constituíam a mandíbula foram remanejados para o ouvido médio para criar um sistema de audição. Digamos que enquanto essa transformação estava acontecendo já entre os cinodontes, no Megazostrodon ela alterou de vez.
A mesma crítica infundada contra o Trinaxodon é feita com o Megazostrodon no mesmo texto. De resto, ele sequer entra na pauta de críticas dos criacionistas.
Morganucodonte
Os Morganucodontídeos apareceram pela primeira vez no final do Triássico, cerca de 205 milhões de anos atrás. Eles são um excelente exemplo de fósseis de transição, uma vez que eles têm características cranianas de sinapsida e ao mesmo tempo de mamíferos. Eles também foram um dos primeiros mamaliformes a serem descobertos estando numa "categoria" anterior ao dos mamíferos modernos, os Triconodontes, uma vez que vários fósseis de morganucodontes foram encontrados.
Os morganucodontes aparecem em poucas publicações criacionistas. E, se aparecem, suas características compartilhadas com sinapsidas são tidas apenas como "coincidências".
Driolestóides
Quem diria que o "Scrat" do filme "A Era do Gelo" entraria nessa lista... De fato, o Cronopio dentiacutus, popularmente conhecido como "esquilo-dente-de-sabre", pertenceu ao grupo dos Driolestóides, o grupo que deu origem ao grupo dos térios, que é dividido em metatérios (onde entram os marsupiais) e eutérios (ondem entram os placentários). Geralmente, os Driolestóides são conhecidos por dentes, mas em alguns casos - que é o caso do esquilo-dente-de-sabre - temos crânios e outros ossos preservados. Os driolestóides que deram origem aos térios viveram no início do Jurássico, e seus fósseis são escassos, como dentes e maxilas, mas suficientes para colocá-los nesse grupo. O Cronopio viveu no Cretáceo, no entanto, a conservação significativa de seu crânio não só permite uma melhor descriação para os driolestóides como também confirma a característica "meio-termo" dos driolestóides na caminhada para os térios.
Juramaia e Eomaia
Esses dois mamíferos fósseis da região de Liaoning, famosa por ter fósseis muito bem preserados devido ao paleoambiente do local, viveram em épocas diferentes (um é de 160 milhões de anos e o outro é de 125 milhões de anos), mas são de uma mesma família e se encontram nessa lista por mostrar a divisão entre metatérios e eutérios a partir dos Driolestóides. Basicamente, ambos possuem características similares, com a diferença de idade entre ambos e o quão próximos eram dos eutérios mais "desenvolvidos" - Juramaia tinha um jeiton mais puxado para a sua linhagem ancestral. Ambos estão nesta lista de fósseis intermediários porque tem comprovadamente características avançadas de metatérios e características basais de eotérios, seguindo a "regrinha dos transicionais".
Para entender melhor que características são essas, tomemos como exemplo a análise dos fósseis do Eomaia. O Eomaia possuía várias características em comum com mamíferos placentários que o distinguem dos metatérios. Estas incluem um alargado maléolo ("pequeno martelo") na parte inferior da tíbia (o maior dos dois ossos da canela), uma articulação entre o primeiro metatarso e do osso entocuneiforme do pé que está deslocado ainda mais para trás do que na articulação entre o segundo metatarso e osso mesocuneiformo (em metatérios, essas articulações são no mesmo nível), bem como várias características de mandíbulas e dentes.
No entanto, o Eomaia não é, ainda, um verdadeiro mamífero placentário, uma vez que carece de algumas características que são específicas para os placentários. Estas incluem a presença de um maléolo na parte inferior do perónio - o menor dos dois ossos da canela, um completo encaixe no conjunto superior do tornozelo, onde os ossos mais recuados do pé ajustam-se em um soquete formado pelas extremidades de da tíbia e do perónio, e o esquema básico de dentes de um placentário típico, 5.1.5.3/4.1.5.3 (incisivos, caninos, pré-molares, molares de cada lado dos maxilares superior e inferior, respectivamente). O Eomaia tinha cinco incisivos superiores e quatro inferiores (muito mais típico para metatérios e driolestóides), cinco pré-molares e três molares. Os mamíferos placentários, os únicos eutérios sobreviventes, têm apenas até três incisivos em cada maxilar superior e inferior e quatro pré-molares e três molares, mas o pré-molar/molar tem uma proporção semelhante ao placentários.
Mesmo com tudo isso, não existe uma tonelada de críticas criacionistas contra o Eomaia... mas contra o Juramaia, sim. O motivo: A descoberta desse fóssil, justamente por ser o mais antigo dos eutérios, chamou a atenção da mídia que tratou de exagerar a notícia e distorcer algumas falas dos paleontólogos, anunciando aos quatro ventos que "o Juramaia era o mais antigo placentário", o que na verdade não é. Obviamente, informações erradas levam a críticas erradas, e foi o que aconteceu quando a notícia sobre o Juramaia na Veja foi comentada no site "criacionismo.com". o adventista Michelson Borges não perdeu tempo e questionou como o Juramaia poderia ser da época que surgiram os primeiros mamíferos se ele era plenamente mamífero. Mas acontece que o Juramaia não é da época dos primeiros mamíferos, que já haviam surgido bem antes - basta olhar um pouco para trás dessa lista. O Michelson, na verdade, fez essa pergunta apenas tomando como base a informação errada da notícia da Veja. A mesma coisa sobre o questionamento da evolução da placenta, que ele fez tomando por base a informação errada de que o Juramaia era já placentário. No entanto, há um estudo feito em 2013 que analisa a evolução da placenta e mostra aquilo que os fósseis dizem: a placenta não surgiu no Juramaia nem no Eomaia, mas bem depois. Aí cabe a pergunta: como o Eomaia e o Juramaia se reproduzia? Ainda não podemos dizer porque esses detalhes não ficaram conservados nos fósseis... Nessa parte, de fato, é preciso aguardar mais estudos, mas isso não tira o fato desses dois mamíferos seguirem a "regra dos transicionais".
Sinodelfis
Enquanto que o Juramaia e o Eomaia indicavam o "florecer" da história dos Eutérios, o Sinodelfis, de 125 milhões de anos - época de Eomaia - indicava o da história dos Metatérios, sendo o metatério fóssil mais antigo achado até agora. Ele foi encontrado em 2003 em Liaoning - consequentemente muito bem preservado, inclusive com tecidos não-resistentes - e traz características comuns a driolestóides e a metatérios, mais ou menos no mesmo nível do Eomaia.
A crítica criacionista em torno do Sinodelfis é desse link, e está desatualizada. Isso porque antes do Sinodelfis ser descoberto, pensava-se que a ramificação dos eutérios e metatérios acontecera no Cretáceo Superior, e esse fóssil mostrou que não, pois o Sinodelfis é 50 milhões de anos mais antigo do que se presumia antes. Mas após análises moleculares e do próprio registro fóssil, graças inclusive aos fósseis do Eomaia e do Juramaia, o que foi constatado é que os cientistas tinham realmente errado a data dessa separação, que teria ocorrido no Jurássico e já estava meio que bem estabelecida no início do Cretáceo. Sendo assim, o Sinodelfis está bem ajustado na escala evolutiva.
Purgatorius
O Purgatorius é considerado um dos primeiros placentários derivados do Eomaia e ancestral comum do grupo dos primatas, tendo vivido há 65 milhões de anos. Pelos ossos do crânio encontrados, se acredita que tinham o tamanho aproximado de um camundongo, apresentando fórmula dentária 3.1.4.3.1 2. A sua anatomia geral é tomada por base nos plesiadapiformes, proto-primatas que existiram durante o começo da Era Cenozóica. Embora sua classificação sob a superordem Archonta permaneça incerta, evidências dentárias e morfologia dos molares indicam uma ligação próxima com a ordem dos primatas. Além disso, o Purgatorius não possui quase nenhuma refutação criacionista a respeito.
Eritério
O Eritério é considerado um dos mais primitivos animais do grupo dos proboscídeos, do qual hoje em dia restam apenas os elefantes africanos e asiáticos, mas que no passado envolvia muitos outros grupos, como mastodontes e mamutes (no entanto ele não é inserido filogeneticamente a nenhuma ordem conhecida, por enquanto). Ele viveu há 60 milhões de anos atrás, isto é, um pouco depois da famosa "extinção dos dinossauros", e os detalhes do seu crânio e dentição o colocam numa proximidade com os peixes-boi (sirênios) e desmóstilos (como o atual Criceto). Nunca foi mencionado por criacionistas, mesmo o animal mostrando características esperadas de um ancestral dos grupos mencionados. A anatomia geral do seu corpo é especulada a partir dos fósseis de dois proboscídeos, a saber, o Moeritério e o Paleomastodonte.
Paleomastodonte
O Paleomastodonte era um animal intimamente relacionado ao Eritério e a extinta linhagem do Moeritério (que eram proboscídeos com hábitos de vida similares ao dos hipopótamos que não deixaram nenhum descendente), e é amplamente considerado o antepassado dos elefantes modernos e mastodontes. Restos de Palaeomastodontes são geralmente apenas do crânio e mandíbula fósseis, que por sua vez indicam a presença de duas presas no maxilar superior e a abertura para uma tromba, porém com tais características pouco desenvolvidas e relacionadas a espécies de fato mais antigas - o que se esperaria de uma forma intermediária entre proboscídeos mais avançados e o Eritério.
Uma clara diferença entre Palaeomastodonte e os elefantes modernos, porém, são os incisivos do maxilar inferior, que apontam para a frente para fora da boca. Embora não possamos dizer isso com precisão, especula-se - justamente por causa dos detalhes anatomicos do Moeritério - que sua anatomia corpórea fosse próxima a de um hipopótamo.
Fiomia
Seguido logo após do Paleomastodonte, temos o Fiomia (gênero Phiomia), que viveu entre 36 e 30 milhões de anos atrás. Ele apresenta as características mais avançadas do Paleomastodonte - inclusive incisivos maiores da maxila inferior - e mais primitivas dos elefantes, até pelo tamanho - ele tinha apenas três metros de comprimento. Considerando que os Paleomastodontes viviam em pântanos (pela análise dos fósseis), o Phiomia prosperou em uma dieta de vegetação terrestre, e, provavelmente, evidenciado o início de uma tromba mais similar a dos elefantes propriamente ditos. É classificado como um ancestral comum entre o grupo dos elefantídeos e dos gonfotérios (chamados de "mastodontes-boca-de-pá).
Primelefa
O Primelefa (ou Primeiro Elefante) é tido como o ancestral comum dos Mamutes e dos Elefantes Africanos e Asiáticos, divergindo entre quatro e seis milhões de anos. Assim como no Fiomia, ele tinha presas na maxila inferior. Seus fósseis já foram confundidos inclusive com os de gonfotérios por causa disso.
Paquiceto
O Paquiceto (Pakicetus inachus e Pakicetus attocki) foi o protagonista de uma série de polêmicas em torno da questão criação X evolução, porque a princípio. mais precisamente na década de 80, seus fósseis correspondiam a pequenos fragmentos do crânio e, portanto, os criacionistas acusaram os cientistas de "forçar" a barra ao criarem a imagem de um predador semiaquático parecendo uma mistura de lobo com lontra que estaria na exata transição entre artiodátilos (como o porco e o hipopótamo) e cetáceos (grupo das baleias e golfinhos). Mas o que os criacionistas não disseram é que essa "especulação" não foi uma "forçada de barra", mas fruto do mesmo método utilizado para se identificar dinossauros com escassês de fragmentos fósseis.... e pior, os cientistas "acertaram em cheio" na especulação quando foi encontrado o esqueleto completo do bicho, em 2001, e foi estudado mais de perto em 2009! De fato, o Paquiceto era mesmo da maneira que tinha sido descrito, possuindo uma anatomia adaptada a vida semiaquática e podendo ficar um bom tempo submerso graças ás órbitas no alto do cranio e uma característica que hoje só os cetáceos possuem: um ouvido interno.
Esses animais são classificados como cetáceos, e partilham (como se esperaria de um transicional) características avançadas dos artiodátilos (como um pequeno foramen mandibular, longas vértebras cervicais e quatro vértebras sacrais fundidas) e características primitivas dos cetáceos em geral (ouvido interno, região pós-orbital do crânio estreito e alongado, dentes cortantes com ranhuras reentrantes nas superfícies anteriores, por exemplo). Há quem teorize que o Paquiceto seja também um ancestral do hipopótamo justamente por conta da combinação de uma dessas características.
Atualmente, os criacionistas tentam "refutar" o Paquiceto usando duas estratégias: a primeira é considerar apenas a especulação feita na década de 80 e esconder que, segundo os estudos mais recentes (especialmente os de 2009) estava correta. A segunda é considerar apenas o anúncio feito do esqueleto em 2001, onde o cientista Thewissen alegou que o animal era terrestre, escondendo que esse mesmo cientista, juntamente com outros, comprovou em 2009 que o animal era semiaquático e definitivamente um transicional entre artiodátilos e baleias. De qualquer forma, os estudos feitos em 2009 sobre o Paquiceto até agora não foram criticados por criacionistas. Talvez o motivo seja da mídia não ter feito muito alarde sobre isso, já que se tratava de estudos mais aprofundados de um animal já descoberto há tempos.
Veja mais sobre o Paquiceto e outras formas intermediárias da evolução da baleia aqui.
Ambuloceto
O Ambuloceto (Ambulocetus natans) é amplamente considerado um transicional entre artiodátilos e cetáceos, estando na transição entre o Paquiceto e os Remingnocetos. Tal definição não foi um "chutômetro", mas sim graças a muitos fósseis de Ambuloceto já achados, o que permitiu reconstruir o esqueleto completo da criatura, que realmente parecia uma mistura de baleia com lontra, porém mais adaptado à água do que o Paquiceto (aliás são muitas dessas adaptações para a vida aquática que o estreita mais aos cetáceos modernos, como uma adaptação no focinho que lhe permitia engolir debaixo d'água e ossos perióticos que lho permitiam ouvir perfeitamente bem quando submerso, além da dentição mais próxima de cetáceos que vemos hoje). Sabemos ainda que ele também não era "único", pois certos fragmentos mostram que a existência de outros dois Ambulocetídeos, a saber, Gandakasia e Himalayacetus.
Os argumentos criacionistas contra o Ambuloceto são baseados numa imagem fraudulenta onde diz que foram achados poucos ossos, quando na verdade muito já se foi achado. Eles argumentam também que o Ambuloceto poderia ser terrestre, mas ignoram o fato de que vários estudos apontam que ele era aquátic, inclusive análises químicas de seus dentes mostraram que ele poderia nadar em água salgada e doce, fora o fato do Ambulocetus não ter orelhas externas (para detectar presa em terra, é provável que ele colocava a sua cabeça no chão para sentir as vibrações da presa).
Remingnocetos
Ao contrário do Ambuloceto, os Remingnocetos eram já mais diversificados e apresentavam algumas novas características em relação às espécies anteriores, como olhos pequenos, pernas mais curtas e canais circulares (que são importantes para mamíferos terrestres) mais reduzidos, que são características-chave importantes para a definição dos cetáceos. Um dos mais conhecidos desse grupo era o pequeno Kutchiaceto e o Remingnoceto propriamente dito (mas fora os dois são reconhecidos ainda mais três gêneros). Destes, o Kutchiaceto é que mais está num caminho próximo ao das baleias atuais, enquanto que muitos dos outros gêneros conviveram paralelamente com alguns antepassados da baleia evolutivamente posteriores aos remingnocetus.
Mesmo sendo tão bem estudados e com características transicionais claras, apenas o texto "The Overselling of Whale Evolution", do criacionista Ashby L. Camp, menciona esse grupo, mas apenas cita como aceito pelos cientistas como transicionais, e esquece de fazer quaisquer outra menção a eles no texto.
Rodhoceto, Indoceto, Maiaceto e Artioceto
O Rodoceto, o Artioceto, o Maiaceto e o Indoceto foram membros de uma família de cetáceos conhecida como "protocetídeos" e partilhava detalhes em "meio termo" com Remingnocetídeos e Protocetídeos mais recentes, e sabe-se isso devido a seus fósseis muito bem preservados, que também segue a "regrinha dos transicionais": característica avançada do grupo anterior e basal do grupo posterior. Mesmo com membros curtos, esses animais conseguiam se deslocar, ainda que de forma desajeitada, fora d'água. Além disso, no caso dessas espécies houve um claro "recuo" das narinas do crânio - o que resulta nas espécies posteriores na posição das narinas acima do crânio. Isso é chamado pelos cientistas de "deriva nasal".
Os criacionistas raramente mencionam esses transicionais, mas três casos podem ser destacados: um é alegação de que o Rodhoceto era um animal terrestre, sendo que os mais diversos estudos mostra que era semiaquático, e o outro é sobre a questão das datações, onde segundo alguns cientistas esses seres seriam contemporâneos - e não descendentes - de alguns ancestrais da baleia. Mas estudos mais recentes têm mostrado que de fato esses seres são de uma faixa temporal posterior a do Paquiceto, por exemplo. O último, utilizado pelo site "Answer in Gênesis", é que todos esses arqueocetos - incluindo o Ambuloceto também - seriam de apenas mais um grupo isolado. Esse argumento pode ser usado contra qualquer forma intermediária, mas ignora o fato de que existem mudanças visíveis entre os fósseis (sempre seguindo a regra das formas intermediárias), ou seja, se foram um grupo à parte, tais detalhes anatômicos seriam "meras coincidências", fora a dificuldade que seria dizer o que é uma baleia e o que não é, principalmente em relação ao fóssil a seguir.
Georgiaceto
A descoberta desse fóssil - que é considerado hoje um transicional entre protocetídeos e cetáceos propriamente ditos - foi uma das mais incríveis da paleontologia, e da história da teoria da evolução, pois reforçou não só a evolução dos cetáceos da maneira que os outros fósseis já indicavam como também deixou mais claro a maneira que os protocetídeos nadavam (nadavam de forma similar á uma lontra). Esse bicho é literalmente uma baleia quadrúpede... Além disso, o fóssil foi achado perto do México, o que significa que desde essa época os arqueocetos estavam se expandindo pelo mundo inteiro, uma vez que o Ambuloceto é nativo do Oriente Médio. A sua anatomia - evidenciada pelo seu esqueleto que foi achado muito bem preservado (quase 80% completo) - revela detalhes interessantes, pois além de possuir as inovações adaptativas já acumuladas dos arqueocetos anteriores a ele, já possuía algumas similaridades com as baleias modernas, como a sua bacia, que embora larga não era acoplada à sua coluna vertebral. Mesmo que ele tivesse pernas desenvolvidas (suas pernas traseiras não foram achadas mas pelo tamanho da bacia estima-se que eram u tanto desenvolvidas ainda (algo próximo do Rodhoceto) isso indica que ele não conseguia sustentar muito bem o corpo fora d'água, ou que fosse extremamente desajeitado ao tentar fazê-lo.
As críticas criacionistas apenas questionam os estudos que apontam o Georgiaceto como um bom nadador e frizam o fato de seus fósseis das pernas e cauda não terem sido encontrados. No entanto, tais detalhes "faltantes" do Georgiaceto foram possíveis graças a comparação da anatomia com animais como o Rodhoceto e o Dorudon.
Dorudon e Basilossauro
Essas duas criaturas, também chamadas de "baleias magras", foram os primeiros cetáceos totalmente adaptados à vida marinha, e isto é suportado não só pela anatomia de ambos mas também pelo fato de seus fósseis normalmente serem encontrados em depósitos indicativos de ambientes marinhos, totalmente desprovidos de qualquer influxo de água doce.
Eles provavelmente foram distribuídos por todos os mares tropicais e subtropicais do mundo, sendo que Basilossauros são comumente encontrados em associação com Dorudontes. Porém, ainda lhes faltavam algumas características, como a ecolocalização e o tamanho do cérebro, que nesses animais era pequeno. Eles tinham membros traseiros também, porém eram muito pequenos e não eram usados para locomoção - vale lembrar que os fósseis de Georgiaceto apontam o início da "perda" dessa característica. Atualmente, considera-se que o Basilossauro veio do Georgiaceto mas sua linhagem não vingou, enquanto que o Dorudon deu origem às duas subordens atuais de cetáceos: os odontocetes (baleias desdentadas) e misticetos (baleias dentadas e golfinhos).
Baleia-dentes-de-tubarão
As baleias-dentes-de-tubarão ou Esqualodontes foram os primeiros odontocetes - "baleias dentadas", grupo que inclui o cachalote e os golfinhos por exemplo - a desenvolver a ecolocalização dentro do registro fóssil. Ele possuía uma série de características comuns com odontocetes modernos, mas sabemos que ele na realidade não foi o último ancestral comum, embora estivesse na linha transitiva. Existem pouquíssimos artigos criacionistas contestando os Esqualodontes.
Kentriodonte
No início da época Miocênica, apareceram os primeiros golfinhos. O Kentriodonte, no caso, tinha características anatômicas que o colocam como ancestral comum de muitas espécies modernas de golfinhos. Não há crítica alguma ao "status" do Kentriodonte como ancestral comum dos golfinhos por parte dos criacionistas, já que ele pode ser encaixado (uma vez "ignorada" a sua idade geológica) nos conceitos da Baraminologia - estudo que tenta encaixar os conceitos de especiação nas premissas do Criacionismo da Terra Jovem - , onde nesse caso o Kentriodonte seria o "tipo básico" ou "tipo originalmente criado" de golfinho. Mas como o Kentriodonte possui similaridades anatômicas com odontocetes mais antigos, decidimos mantê-lo nessa lista.
Cetotério e Mamalodonte
O Cetotério é considerado o ancestral comum de todos os misticetídeos modernos, considerado então um dos primeiros cetáceos a se alimentar por filtração. Esse tipo de alimentação é muito benéfica, pois permite que as modernas baleias ganhem de forma eficiente enormer recursos energéticos, o que torna possível o grande tamanho do corpo das baleias atuais. Muitos cientistas, ao analisar as pistas da paleontologia marinha do Mioceno, postulam que estas mudanças podem ter sido resultado de mudanças ambientais em todo o mundo e mudanças físicas nos oceanos. Uma mudança de grande escala na corrente oceânica e temperatura poderia ter iniciado ou auxiliado na especiação de misticetos modernos, levando ao desaparecimento das formas arcaicas.
Como o Cetotério também pode ser descrito como "tipo básico" dos misticetos, não há significativamente nenhum artigo criacionista que retire o patamar do mesmo.
Mamalodonte
O Mamalodonte, por sua estrutura, já pode ser classificado como um misticeto, tendo uma estrutura craniana que, embora "puxe" um pouco para os arqueocetos, é suficiente para um misticetídeo, como pré-maxila reduzida, a posição das órbitas. Tudo indica que, a partir do Mamalodonte, vieram animais como a Baleia azul (Balaenoptera musculus), a Baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae).
Da mesma forma que o cetotério, o Mamalodonte representa o que os criacionistas gostam de chamar de micro-evolução, logo, essa forma intermediária só é negada - ainda que sem provas contra suficientes - por aqueles que negam quaisquer forma de evolução, seja micro ou macro.
Pezossirênio e Prorástomo
O Pezossirênio (Gênero Pezosiren, que em latim significa algo como "sereia a pé") foi uma epécie de um peixe-boi. Só que com patas.. Descrito originalmente em 2001 por paleontólogos americanos, o animal viveu na Jamaica e é considerado o mais antigo membro do grupo dos sirênios, que hoje abrange peixes-bois e dugongos. Não só isso, ele é mostrado como um transicional entre animais como o Eritério, dessa lista, e os sirênios "normais", ou seja, uma transição da terra para a água. Ele tinha quatro membros perfeitamente adaptado para caminhar, ao invés de nadadeiras, mas ao mesmo tempo o crânio típico, dentes e costelas dos peixes-boi que conhecemos hoje. Suas costelas pesadas indicam que ele foi semi-aquático, tendo um estilo de vida igual ao de um hipopótamo. Detalhe: a presença deste mamífero terrestre na Jamaica pode ser explicada como prova de uma ponte de terra que ligava a América do Norte, o Arco do México, o Bloco Chortis, a Nicarágua Ascensão e a Jamaica na época Eocena, há 50 milhões de anos. Há 40 milhões de anos, nesse mesmo local também viveu o Prorástomus, que é conhecido por um crânio e outros ossos achados, que são o suficiente para dizer que sua anatomia era do mesmo "estilo" da do Pezossirênio.
A argumentação usada contra o Pezossirênio é a de que o crânio e a estrutura óssea não são iguais. Obviamente não seriam iguais, mas são semelhantes a ponto de se classificar ele nesse grupo. As diferenças apontada, no caso, pela Creation.wiki (a wikipédia criacionista), o focinho do Pezossirênio seria mais estreito do que o de um Peixe-boi... mas isso não é suficiente para dizer que o bicho não pertenceu a esse grupo, e na verdade, quando fazemos uma comparação séria entre os crânios dos sirênios e do Prorástomus, que foi um parente do Pezossirênio também da Jamaica, vemos que a história é um pouco mais diferente, conforme a imagem a seguir no texto sobre o Protossirênio:
Protossirênio
O Protossirênio é conhecido por uma gama boa de fósseis, e já era um sirênio aquático. Porém, sua dentição ainda era mais próxima a de seus antepassados como o Pezossirênio e o Prorástomus, bem como a morfologia craniana, conforme imagem acima. Além disso, ao contrário dos sirênios modernos, ele tinha membros posteriores, ou seja, pernas, mas apesar disso, não eram tão eficientes assim para a caminhada em terra, já que eram muito pequenos e a articulação sacro-ilíaca era fraca.
Os criacionistas acreditam que o Protossirênio seja realmente o ancestral comum das espécies modernas de peixes-bois, porém, ignoram as similaridades óbvias que esse animal possui com o Pezossirênio e o Prorástomo, de modo que argumentam que o Protossirênio foi o "tipo básico" originalmente criado por Deus. Contudo, isso não explica a similaridade com espécies anteriores, bem como a presença de pernas do mesmo.
Puijila darwini
O Puijilia, datado de 24 milhões de anos atrás, é considerado o mais antigo dos pinípedes - grupo das focas, morsas e leões marinhos. O aspecto geral desse animal parece com o de uma lontra, no entanto ele se encontra nessa lista por justamente ser uma transição entre mamíferos semiaquáticos - como a lontra de fato - e focas.
A descoberta de uma forma transicional como esta teve uma repercussão tamanha a ponto dos criacionistas tecerem críticas de antemão ao fóssil em questão, alegando - num artigo do Answer in Genesis - que o Puijilia era uma lontra e não um ancestral dos pinípedes. Para reforçar isso, a foto do esqueleto de uma lontra foi posto num ângulo que lembrava realmente o Puijila. Mas a realidade é que o crânio dele era mais próximo do de uma foca, fora que realmente o fóssil tem similaridade com a lontra porque . Digamos que a similaridade de seu esqueleto está no mesmo nível de similaridade que um panda (parente do Quati) tem com um urso: adaptações parecidíssimas, animais parecidíssimos, mas que não são do mesmo grupo. E mais: outros fósseis de pinípedes extintos encontrados se encaixam com a transição mostrada do Puijilia.
Detalhe interessante:o "darwini", da designação da espécie Puijila darwini, é uma homenagem a Charles Darwin, o autor da teoria da evolução através da selecção natural, que previu a existência de formas intermédias de animais que documentassem como animais adaptados à terra fizeram o percurso para o mar ou rios, sofrendo novas adaptações ao seu novo habitat.
Pótamotério
Tido inicialmente como um mustelídeo, graças a um estudo mais aprofundado levando em conta outros fósseis, o Potamotério foi posto na verdade como um transicional na linha suscessiva após o Puijila, mostrando adaptação para o nado em ambientes de água salgada e doce.Com uma espinha dorsal flexível e uma forma simplificada, foi provavelmente um bom nadador. Análise de fósseis sugere que o Potamotério teve um pobre senso de cheiro, mas isso era compensado por uma boa visão e audição.
Ao contrário da "munição pesada" contra o Puijila, não vemos na internet tanto alarde contra o Potamotherium. O porquê disso? Não dá pra saber. Talvez com essa lista alguma coisa apareça...
Enaliarctos
A análise filogenética, antes do Elianarctos, mostrava que todos os pinípedes, dada suas características, compartilhavam um ancestral comum. Essa indicação teve uma boa sustentação com a descoberta do Enaliarctos que, ao que tudo indica, é o ancestral de todos os pinípedes conhecidos, incluindo a famílias Otariidae (focas e leões-marinhos), Desmatophocidae (pinípedes convergentes extintos), Phocidae (focas verdadeiras), e Odobenidae (morsas). As investigações sobre a biomecânica do Enaliarctos indicam que ele usou ambos os seus membros anteriores e membros posteriores durante a natação. As focas e leões-marinhos atuais só usam suas patas dianteiras, enquanto focas verdadeiras usam principalmente os seus membros posteriores para a propulsão na água; por último, a morsa atual usa tanto previsão e membros posteriores para a natação. Esse e outros detalhes anatômicos sugerem que de fato esse animal pode ter sido descendente do Potamotério e este, por sua vez, do Puijila.
Da mesma forma, não existem muitos textos criacionistas criticando o Enaliarctos. Geralmente ele é mencionado conjuntamente com o Puijila, e o motivo talvez seja o mesmo pelo qual o Protosiren é raramente criticado: alguns criacionistas talvez considerem de fato o Enaliarctos como o ancestral comum de todos os pinípedes. Mais uma vez, isso não explicaria a sua relação com espécies anteriores como o Potamotério.
Fenacodontídeos
Os Fenácodontídeos foram alguns dos primeiros ungulados a aparecerem no planeta, e os estudos recentes de sua anatomia mostram que esses animais são os ancestrais dos Perissodátilos, apresentando características basais entre primeiros mamíferos e perissodátilos. Tanto é que nem cascos eles ainda tinham... Eram em sua maioria pequenos, do tamanho de raposas, e conhecidos por vários fósseis. Um exemplo é o próprio Fenácodo (gênero Phenacodus), que deu nome ao grupo.
Cavalo primitivo
A evolução do cavalo, uma vez que ocorre dentro da família Equidae, seria na verdade um tipo de micro-evolução, porém, a mesma foi contestada de tantas formas (o que é estranho pois "microevolução" não foge do "dogma criacionista") e ao mesmo tempo possui tantas evidências que não poderíamos deixar de mencioná-las aqui. O primeiro deles é o Cavalo Primitivo.
O Cavalo primitivo ou Eohipo é datado de 52 milhões de anos atrás. Era um animal do tamanho de uma raposa, com costas arqueadas e um pescoço curto. A sua anatomia coloca ele indiscutivelmente como uma espécie de cavalo, ou seja, pertencente à família dos Equídeos, porém, assim como a "regra dos transicionais", características avançadas do grupo anterior - nesse caso, os Fenacodontídeos - e primitivas do grupo sucessor - no caso, os Equídeos - estavam presentes nesse animal...
Ele era bem adaptado para correr, mas os principais ossos do pé não eram fundidos. Além disso, o Cavalo Primitivo tinha 5 dedos em cada pata, dos quais quatro eram equipados com pequenos proto-cascos (cascos pequenos), e o quinto dedo era maior e mantinha-se erguido quando o animal caminhava. Os membros posteriores tinham proto-cascos só nos três primeiros dedos. Basicamente, e até pelo fato de ser "almofadado", podemos dizer que o pé desse pequeno cavalo lembrava muito o pé de um cachorro, mas com proto-cascos ao invés de garras.
Por um período de cerca de 20 milhões de anos, as espécies de Cavalo Primitivo - gênero Eohyppus - prosperou com algumas alterações evolutivas significativas. A mudança mais significativa foi nos dentes, que começaram a se adaptar s uma mudança de dieta, uma vez que os Cavalos Primitivos passaram de uma dieta mista de frutas e folhagem para uma dieta focada cada vez mais em folhagens. Durante o Eoceno, uma espécie em particular (provavelmente Eohippus angustidens ) ramificou em vários novos tipos de equídeos. Milhares de esqueletos fossilizados completos desses animais foram encontrados nas camadas de estratos norte-americanos datado da época Eocena, principalmente em Wyoming. Fósseis semelhantes também foram descobertos na Europa, tais como os gêneros Propalaeotherium (que era um equídeos primitivo também, mas que não é considerado ancestral do cavalo moderno).
A argumentação contra o Eohipo, por parte dos criacionistas, incute em dois erros básicos:
1 - É dito que Richard Owen - alegadamente criacionista - encontrou o esqueleto de um cavalo relacionado a esse tipo e não o viu como ancestral do cavalo, mas como um tipo de hyrax, parente moderno dos texugos. Mas o que não é dito é que esqueletos completos de Cavalo primitivo foram achados bem depois dos estudos de Owen, que havia se baseado em fósseis muito fragmentários.
2 - É sempre enfatizado pelos criacionistas que coloca-se essa espécie como ancestral do cavalo moderno por ser "pequena", mas isso não é verdade: alguns dos principais motivos estão colocados acima.
No mais, é estranho ter argumentação contra a evolução do cavalo, já que trata-se de "microevolução"...
Veja mais sobre a evolução do cavalo aqui.
Cavalo de Quatro Dedos
Cerca de 50 milhões de anos atrás, no meio da época Eocena, o Cavalo Primitivo deu origem ao Cavalo de Quatro Dedos, (gênero Orohippus) através de uma série gradual de mudanças, vista nos fósseis de um tipo a outro. Assemelhava-se ao Cavalo Primitivo em tamanho, mas tinha um corpo mais magro, uma cabeça mais alongada, membros dianteiros mais estreitos e pernas traseiras mais longas - características de um bom saltador. Embora o Cavalo de Quatro dedos ainda tivesse pés almofadados iguais ao de um cachorro, aqueles dedos dos pés traseiros que ficavam suspensos no Cavalo Primitivo não existiam mais: havia quatro dedos em cada perna dianteira, e três em cada pernas, todos com pequenos cascos.
A alteração mais dramática entre o Cavalo Primitivo e o Cavalo de Quatro Dedos ocorreu na dentição: o primeiro dos pré-molares foram atenuadas, o último pré-molar foi deslocado em forma e função para um molar, e as cristas nos dentes tornou-se mais pronunciadas. Ambos esses fatores deu a dentes do Cavalo de Quatro Dedos uma maior capacidade de moagem, sugerindo que esse gênero já se alimentava de um material vegetal mais resistente.
Cavalo primitivo de três dedos
Essa espécie, conhecida como Mesohyppus, é mais um passo na "microevolução" do cavalo, onde temos um equino com três cascos, datado de 35 milhões de anos. O casco do meio era o ponto de sustentação desse animal, de modo que lembrava muito o casco de alguns mamíferos artiodátilos. O seu crânio era mais longo que os equinos mais antigos do qual ele teria derivado, e apresentava uma pequena fossa facial, além de ter os olhos mais afastados e um hemisfério cerebral maior. No entanto, seus dentes indicavam ainda uma alimentação mais "leve" se comparada a de equinos modernos.
Hiráquio
O Hiráquio (gênero Hyrachyus) é também chamado de "primeiro rinoceronte", tinha 1,50 metros de comprimento, viveu no Eoceno e possui uma mescla de características que o coloca, apesar de aparentemente lembrar o Eohipo, como o ancestral comum de antas e rinocerontes. Nunca é mencionado pelos criacionistas, até porque existem vários fósseis em bom estado desse animal, o que garantiu bons estudos em torno do gênero.
Heptodonte
Fósseis como o do Heptodonte mostram o alvorecer dos tapirídeos. Essa espécie era um pouco maior que o Hiráquio mas possuía mais características de antas do que do Hiráquio em si. Ainda assim, seu crânio sugere que ele ainda não possuía a "tromba" característica das antas.
Hesperocyon
O Hesperocyon é considerado o ancestral comum das linhagens modernas de canídeos, como cães, lobos e raposas. Este animal media 80 cm de comprimento e se parecia mais um pequeno guaxinim de um canídeo. Seu corpo e cauda eram longos e flexíveis, enquanto seus membros eram fracos e curtas. Ainda assim, a compilação de seus ossículos e distribuição de seus dentes mostra que era um canídeo. Apesar de ter sido definitivamente um carnívoro , ele também pode ter sido um onívoro - ao contrário dos Borofaginídeos, que mais tarde se separaram desta linhagem de canídeos.
Andrewssarco
Antes tido como antepassado da baleia, "rivalizando" o posto com o Paquiceto, hoje os estudos mais recentes - de 2009 - mostram que o Andrewssarco (gênero Andrewsarchus) era na verdade um intermeditário entre os Cetacodontomorfos, um subgrupo de artiodátilos onde encontramos também os ancestrais dos hipopótamos e baleias (sim, o Paquiceto veio daí), e Entelodontes, também conhecidos pelo apelido de "hell's pigs" ("porcos do inferno").
Curiosamente, você não encontra muito material criacionista a repeitodo do Andrewssarco... no máximo ele é mencionado como um tipo de entelodonte, mas jamais como o membro mais antigo do grupo.
Apídium
Datado entre 32 e 36 milhões de anos atrás, o Apidium é o macaco mais antigo conhecido no registro fóssil, que remonta antes da divisão entre os macacos do velho mundo e do novo mundo, embora já estivesse caminhando para essa transição: as suas características primitivas consistiam em caninos menores que o de macacos que vieram depois deste, como o Egitopiteco e algumas características na parte posterior do crânio que lembra os prossímios - lêmures e társios. Mas quanto as características avançadas, ele tinha a sínfise mandibular fundida, escápula semelhante a dos macacos arborícolas atuais, e cúspides molares arredondados baixos ao invés de altos cúspides como é visto nos lêmures e társios.
Egitopiteco (gênero Aegyptopithecus)
Com o nome que significa "macaco do Egito", referindo-se ao local em que seus fósseis foram achados, data de 33 milhões de anos e trata-se de um fóssil intermediário entre os macacos do eoceno e os posteriores, sendo possivelmente o ancestral comum de "macacos do velho mundo" e "do novo mundo". As características primitivas incluíam características auditivas retidas semelhantes aos macacos do Velho Mundo, incapacidade de se locomover pelas árvores usando os braços como os macacos atuais fazem, e a presença de uma cauda , mas que era proporcionalmente menor do que a cauda do Apidium. As características avançadas incluíam dentes similares ao dos macacos modernos, incluindo grandes incisivos e caninos planos, uma quilha sagital baixa - o que indica fortes músculos temporais - e um córtex visual maior.
Procônsul
Todos os cientistas - que aceitam a evolução, claro - concordam que o Procônsul é o o ancestral dos antropóides - como chimpanzés, gorilas, bonobos e hominídeos - , tendo ligação anatômica também com os demais macacos do velho mundo, como o Babuíno, por exemplo. Embora tivesse o pulso e o ílio similar a macacos do velho mundo no geral, o que indica que esse animal era quadrúpede e "caminhava usando os braços" nas árvores, essa espécie já apresentava o padrão dentário dos antropóides e já não possuía cauda.
Pierolapiteco
Este criatura, da Europa, seria ainda mais próxima dos antropóides, apresentando detalhes que a gente encontra no Procônsul mas também outros que você não encontra nesse. Ele ainda andava de quatro, como um babuíno, mas em compensação já tinha ossos típicos de antropóides, como a clavícola e caixa torácica.
Toumai (Sahelantrhopus)
Achado no Chad, na África, e datado de 7 milhões de anos, ele é tido como o hominídeo mais antigo, sendo o primeiro da derivação a partir de formas como o Pierolapiteco e já indicando bipedalismo, de acordo com a posição do foramen magno, porém apresentando características de antropóides derivados também, como uma pequena crista sagital e grandes caninos (embora apresentasse traços claros de hominídeos, como a própria face do mesmo).
Curiosamente, são raros os argumentos criacionistas contrários ao Toumai. O que costumam afirmar, na verdade, é que ele era um macaco comum e pra isso aponta um estudo inicial que propunha que a criatura era um tipo de gorila, porem, isso foi derribado com o achado de outros fósseis dessa espécie. Inclusive existe um escritor criacionista (pseudônimo "Dan de Barna"), que comenta em seu livro, La Manzana de Adán, que a anatomia do Toumai era ainda mais "humana" do que a dos próprios Australopitecos (também presentes nesta lista)!
Ardipiteco
A Ardi é datada de 4 milhões de anos e teve boa parte de seu esqueleto preservado, o que auxiliou muito na sua análise. O cérebro era da mesma medida que o do Toumai, e portanto, menor do que o dos hominídeos posteriores, variando de cerca de 300-350 cc. O polegar do pé não é recolhido para dentro do pé, e as falanges são mais fortemente curvadas do que em espécies posteriores. No entanto, os caninos eram menores que os do Toumai (embora ainda mantivessem caracteres de dimorfismo sexual), pernas mais compridas, e locomoção bípede durante a caminhada, embora ainda pudessem escalar árvores.
Quando a Ardi foi encontrada, muitos debates se levantaram em torno dos fósseis, em 2009. Havia quem defendia que se tratava de um animal "mais macaco", e quem defendia que era um animal "mais gente". Os criacionistas ficaram do lado de quem defendia que a Ardi era um "macaco" apenas, claro. Mas um estudo de 2014 em torno do foramen magnum e levando em conta outras espécies de hominídeos colocou a Ardipiteco definitivamente na escala evolutiva dos hominídeos.
Australopiteco
Esse gênero compreende os primeiros hominídeos totalmente bípedes a aparecer no planeta - embora algumas espécies de Australopiteco também andassem em marcha quadrúpede - e são considerados antepassados dos Parantropos - um tipo de hominídeo herbívoro bem robusto, que lembraria em aparência algo como o "Pé Grande" - e dos humanos. Existem vários esqueletos desse gênero, sendo assim, é um dos melhores estudados do grupo. Dentre as características primitivas, algumas espécies possuíam ainda uma crista sagital e falanges curvas (indicando hábitos arborícolas), pré-molar semisetorial presente e rosto prognata em graus variados. Já em relação as características avançadas, algumas espécies eram totalmente bípedes - como o Australopithecus afarensis ("Lucy") e o Australopithecus africanus, o que é indicado pela posição do fôramen magno, formato do quadril, articulação dos joelhos, curva lombar da coluna vertebral, e o formato dos pés. Além disso, tinha um cérebro maior, uma "mandíbula parabólica" e uma dentição bastante parecida com a do ser humano, embora ainda fossem bem grandes.
O Australopiteco é constantemente "atacado" pelos criacionistas, que alegam que na verdade seria um chimpanzé - ignorando no caso as descrições que acabamos de mencionar. Sobre o "status" do Australopiteco como chimpanzé, confira o estudo deste blog sobre isso acessando este link.
Homo naledi
O Homo naledi, teve a sua classificação feita ano passado, mas já apresenta algumas semelhanças com o homem moderno, tais como suas mãos e pés. Entretanto, seus dedos eram curvados, provavelmente adaptados para escalar árvores. Já seu cérebro – pequeno comparado ao nosso –, fêmur, mandíbula e dentes assemelham-se mais com o grupo chamado de Australopithecus. Diante dessas características, alguns pesquisadores consideram o Homo naledi como uma “espécie de transição” entre Australopithecus e Homo. O único "problema" é que os fósseis não foram datados. Ou seja, ele pode também ser um remanescente da linhagem situada entre o Australopiteco e o Homo habilis.
Como sua descoberta foi muito destacada pela mídia, ele foi criticado por criacionistas. Basicamente, há alguns artigos criacionistas em que pegaram uma notícia de algum portal de notícias conhecido na internet e ficaram "procurando falhas", apenas fazendo comparativos muito rasos e que caem por terra quando analisada a pesquisa original dos fósseis. Entretanto, como foi mencionado, a incerteza dele na posição da nossa "árvore genealógica" nem é por culpa de sua anatomia, mas sim de sua idade, que não é certa.
Homo habilis
Ao contrário do Homo naledi, o Homo habilis está bem estabelecido na escala evolutiva e conta com muitas características basais e derivadas. Dentre as primitivas ou basais, o Homo habilis tinha dentes bem similares ao do Australopiteco, foramen magno que o deixava meio "inclinado", ou seja, sem um andar cem por cento ereto e têmporas pronunciadas. Já como características avançadas, ele tinha um cérebro maior, face ligeiramente prognática, estrutura da faringe permitindo fala rudimentar, e evidências do uso de ferramentas de pedra.
O argumento que existe contra o Homo habilis, por incrível que pareça, é de que se tratava do crânio de uma pessoa com microcefalia. O que é na verdade uma grande fraude, visto que anatomicamente os crânios são muito diferentes, inclusive no tamanho - o do Homo habilis é do tamanho do de uma criança... Um médico profissional sabe que uma pessoa com microcefalia não vira um Homo habilis.
Homo ergaster/erectus
O Homo erectus tinha ossos maiores na face, dentes maiores que o do homem moderno, e detalhes anatômicos no esqueleto que remetem diretamente ao Homo habilis, além de uma capacidade cerebral menor do que a do homem moderno e uma capacidade de fala rudimentar ... porém era basicamente só isso que separava o Homo erectus do homem moderno!
Com tantas características mistas, o Homo erectus é polêmico até no meio dos criacionistas: uns dizem que era totalmente humano, outros dizem que era um macaco, e outros dizem ainda que os ossos são falsificados (o que é beeem difícil já que foram achados em várias partes do mundo esqueletos dessa criatura)... Para ver mais sobre essa polêmica, acesse este link
Homo sapiens arcaico (Homo antecessor, Homo heidelbergensis)
O Homo sapiens arcaico já pode ser "oficialmente" chamado de "primeiro homem". Seu cérebro já era do tamanho do nosso - e em alguns casos era até maior - , já possuía noções simbólicas, produzia fogo, fabricava ferramentas sofisticadas, dentre outras artimanhas. Porém seus ossos lembravam o esqueleto do Homo erectus em muitos aspectos...
E o Homo sapiens arcaico é mencionado pelos criacionistas? Na verdade sim, mas como humano moderno. Porém raramente mencionam as similaridades dele com o Homo erectus - apenas quando alega-se que o Homo erectus "também era um humano moderno..."
Para quem se interessar - sobretudo a respeito da questão teológica que pode permear esse assunto - nesse mesmo blog você pode conferir um estudo interessante sobre não somente como esta espécie originou o Homo neanderthalensis (que não está nesta lista por não ser exatamente uma "forma intermediária") e a nossa espécie, como também uma explicaão de como podemos traçar um paralelo frente essa história e os 11 primeiros capítulos do Livro de Gênesis. Basta clicar aqui.
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 10/06/2016
Parabéns,ótimo artigo!
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