A "lenda" dos dinossauros (parte 2)

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Na primeira parte desse artigo, nós vimos que não existe dúvida nenhuma quanto a existência dos dinossauros em nosso planeta. Mas agora, vamos "adentrar" ao que realmente podemos chamar de "lendas sobre dinossauros". Algumas são verdades, porém a maioria é apenas equívoco ou erro. Enfim, o que é mito ou fato no mundo dos dinossauros?

OS DINOSSAUROS FORAM CRIADOS PELO DIABO?

Uma vez comprovada a existência desses animais, alguns cristãos se perguntam se eles foram criados por Deus mesmo. Para Ellen G. White, a fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia, os dinossauros foram criados pelo diabo! Como assim?

Basicamente, a escritora afirma que todas as espécies criadas por Deus foram preservadas na arca, porém as espécies ditas confusas, fruto de cruzamentos de espécies diferentes promovidos pelos homens pecaminosos do passado, foram destruídas pelo dilúvio. E segundo ela, os "dinossauros" seriam esses animais. Eles seriam, portanto, fruto da amálgama, ou seja, surgiram de cruzamentos de animais diferentes, e teriam atingido tamanhos enormes por doenças genéticas como o gigantismo e a acromegalia.Segundo mesmo está escrito no site Jesusvoltara.com, um site adventista, "ciente deste conhecimento (das doenças acromegalia e gigantismo), Satanás pode ter usado este recurso de hiperfunção para transformar em estatura e, consequentemente, peso a estas criaturas."

Isso é mito ou é fato?

Resposta: MITO.

E por inúmeros motivos. Aqui mostraremos alguns dos mais relevantes.

O site que acabamos de mencionar afirma que os dinossauros tinham semelhanças com todos os seres vivos "inferiores", e citam como exemplo o Ictiossauro (com traços e formato de golfinho, formato de vela nas costas, quatro pernas no formato de remos, uma cabeça pontuda com mandíbulas longas e estreitas e olhos redondose grandes). Mas este exemplo é completamente "infeliz" pois o ictiossauro NÃO FOI um dinossauro, mas sim um Sauropterígio, um outro grupo de répteis extintos e, mesmo assim, ele se PARECE com um golfinho mas nada em sua anatomia interna o liga em parentesco. Duvida? Compare abaixo o esqueleto de um ictiossauro com o de um golfinho.
















Percebe que são seres diferentes?

Alguns dizem também que o anquilossauro foi uma amálgama entre a tartaruga e tatu...





Enfim, só com esses dois exemplos já pode-se descartar, ao menos cientificamente, a "teoria da amálgama", mas podemos citar ainda mais alguns contrargumentos:

- Alguns dinossauros possuem características não vistas em nenhum animal hoje. Um exemplo interessante é o crânio do Pachycephalosaurus, um dinossauro com uma cabeça espessa rodeada de calombos - como se o animal usasse capacete. Atualmente nenhum animal tem a cabeça sequer parecida com a dele.

- Em alguns casos foi possível extrair DNA fragmentado de algumas espécies através de tecido conservado com suas principais propriedades, como é o caso do Tyrannosaurus rex. E é de se garantir: ele tinha um DNA próprio!

- Se é assim com os dinossauros, o que dizer dos outros centenas de animais pré-históricos do passado? Eles também eram numerosos e estranhos, e também eram formas únicas. O peixe gigante Dunkleosteus, por exemplo, tinha dentes que mais pareciam serrotes! Que animal, hoje, que tem serrotes na boca?

- Para tal tese ser válida, a princípio, deve se admitir que as criaturas fósseis viveram há milhares de anos, e não há milhões de anos. Embora haja criacionistas discordantes a respeito disso, os dados científicos apontam os fósseis de dinossauro com idade situada entre 200 e 65 milhões de anos antes de Cristo. Isso porque estamos falando só dos dinossauros!

- Alegar que satanás criou esses seres o coloca numa posição que a Bíblia jamais o aponta: a posição de criador. Em inúmeras passagens fica bem claro que Deus foi, é e sempre será o único e verdadeiro Criador.

Conclusão: Os dinossauros, assim como todos os outros animais, foram criados por Deus e não pelo diabo.

O BRONTOSSAURO É UMA FARSA?

Um texto criacionista, intitulado "Dinossauros: a Bíblia e a ciência face a face", trouxe um argumento que não poderia deixar de ser posto a prova aqui:

"Já muitos ouviram falar do Brontossauro com o seu longo pescoço, mas poucos sabem que é uma farsa. Os cientistas descobriram que colocaram o osso da cabeça errada no abdómen do dinossauro errado! É por isso que esse "dino" inventado não surge nas modernas enciclopédias e dicionários."

Isso é mito ou fato?

A resposta é: parcialmente MITO.

É verdade, realmente, que houve uma confusão na montagem dos esqueletos dessa espécie, mas a realidade está meio longe do que foi escrito neste texto.Vamos ver a verdadeira história...

O paleontólogo Otoniel Charles Marsh achou em 1870 dois esqueletos parciais com parte de um crânio, e em 1877, definiu-se que se tratava de uma espécie de dinossauro nova, muito grande por sinal, nomeada como Apatosaurus. Depois, foi encontrado um outro esqueleto, mais completo, mas sem o crânio. Marsh pensou (devido a escassês dos fósseis anteriores de Apatosaurus) que esta seria uma nova espécie e o chamou de Brontosaurus. Foi encontrado, depois, um crânio de dinossauro de pescoço comprido, ainda não nomeado, meio "quadrado". Equivocadamente, pensou-se que aquela era a cabeça do Brontosaurus, e daí ele foi concebido com esta "tradicional" aparência:



Mais tarde, descobriu-se o erro: o Brontosaurus era o mesmo animal que o Apatosaurus e a cabeça encontrada era de outra espécie chamada Camarasaurus (pois a cabeça real do Apatosaurus era aplainada). Sendo assim, decidiu-se que apenas o nome Apatosaurus seria válido, e o nome Brontosaurus entrou em desuso na nomenclatura científica. Mas, popularmente, o Apatosaurus também pode ser chamado de Brontossauro.

No entanto, aquela citação possui dois "erros" enormes. O primeiro é logo no início: "Já muitos ouviram falar do Brontossauro com o seu longo pescoço, mas poucos sabem que é uma farsa. (...)" Observe que o texto já tenta induzir que um Brontossauro com um longo pescoço é uma farsa. Mas... não é. Veja como era o Apatosaurus:



Se você já ouviu falar de Brontossauros com longos pescoços, então não se decepcione: eles existiram de verdade. Aliás até o próprio Camarasaurus era assim:



Inclusive, existe um "monstro" na Bíblia que possui uma descrição parecidíssima com a de um "brontossauro com seu longo pescoço", o Behemoth de Jó 40 (veja mais sobre isso aqui).

Continuando, o segundo erro está na descrição totalmente errada do "equívoco" do Apatosaurus/Brontosaurus: "(...)Os cientistas descobriram que colocaram o osso da cabeça errada no abdómen do dinossauro errado!(...)". O autor desse trecho confundiu a história do Brontossauro com a de outro animal fóssil, o Elasmosaurus, um tipo de "monstro marinho" que atingia ate 15 metros de comprimento. Observe: Quando foram achados os fósseis do Elasmosaurus, o cientista que montou o esqueleto, Edward Drinke Cope, montou-o colocando, erroneamente, a cabeça real do animal na ponta da cauda, pois como o esqueleto apresentava uma extremidade comprida e a outra curta, ele pensou que a curta fosse o pescoço e a longa fosse a cauda. Ao que parece, foi aquele mesmo Marsh, do "Caso Brontossauro", que indicou o erro a Cope: o animal de verdade tinha cauda curta e pescoço longo, como na imagem abaixo:



Aliás, esse animal era muito parecido com o Monstro do Loch Ness. Alguns criptozoólogos acreditam que Ness seja um parente vivo desse animal... Mas essa é outra história (que entrará em pauta mais adiante).

Conclusão: o Brontossauro com pescoço longo existiu mesmo, mas tinha cabeça aplainada, e não quadrada, e atualmente é chamado de Apatosaurus.

EXISTIRAM DINOSSAUROS COM PESO DE ATÉ 100 TONELADAS?

Os dinossauros são criaturas famosas pelo tamanho, sem dúvida. Mas chegaria algum a ter o peso de 100 toneladas? Isso parece um pouco demais, não? E em caso positivo, como é que se descobriu esse peso?

Isso é mito ou fato?

A resposta é: FATO.

O dono de tanto peso chamava-se Argentinosaurus huenculensis. Parece esquisito alegar que um animal com esse peso existiu, mas a sua existência é fisicamente possível. Suas pernas atuavam como fortes colunas, distribuindo muito bem o peso. Claro, 100 toneladas é o peso limite para essa espécie, pois segundo algumas análises já feitas, se o animal tivesse um peso superior a 100 toneladas ele teria patas tão grossas que sequer conseguiria movê-las.

Mas como se sabe quanto esse animal pesava? Na realidade, poucos ossos do Argentinosaurus foram encontrados, sendo assim, o peso é uma estimativa em comparação com outras espécies de dinossauros da mesma família dele, como o Saltasaurus, cujo esqueleto está parcialmente completo. Não obstante, o Brachiosaurus está em segundo lugar no ranking de peso, atingindo até 80 toneladas... E nesse caso estamos falando de esqueletos praticamente completos, bem como pegadas impressas do próprio bicho. E é graças á essas pegadas e ao esqueleto do animal que é possível analisar, usando cálculos relacionados á massa e pressão, o peso dessas criaturas. Fazendo a analogia entre os 18 metros de comprimento do Saltasaurus com os 40 metros de comprimento do Argentinosaurus, chegamos ás surpreendentes 100 toneladas!

 Conclusão: as estimativas e a física apontam que, sim, deve ter existido dinossauros com até 100 toneladas!

DINOSSAUROS AQUÁTICOS E VOADORES?

Muitos já ouviram falar no que seriam "dinossauros aquáticos" ou "dinossauros voadores". E muitos textos criacionistas ainda citam que existiram dinossauros marinhos e aqueles que voavam no céu.

Isso é mito ou fato?

A resposta é:
parcialmente MITO.

Parcialmente porque os animais mencionados como dinossauros aquáticos e voadores realmente existiram, existe um bocado de fósseis deles. O problema é que NENHUM deles era dinossauro!! Os dinossauros são caracterizados por serem animais terrestres, cujas patas se situam na parte inferior do corpo, tal qual ocorre com um elefante, e diferente de um lagarto, cujas pernas ficam "esparramadas" pelas laterais. Os ditos "dinossauros aquáticos" geralmente são os Mosassauros ou os Sauropterígios, e nenhum destes tinha as patas na parte inferior do corpo. E nem os ditos "dinossauros voadores" tinham as patas na parte inferior do corpo; antes estes, conhecidos como Pterossauros, possuíam as patas nas laterais, ostentando asas membranosas que lhes garantia um planar ou voo suave.

Conclusão: não existiram dinossauros aquáticos ou voadores. O que existiram mesmo foram répteis extintos aquáticos e répteis extintos voadores, que não são dinossauros.

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