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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Predatismo e o Gênesis - Parte 3

A COMPLEXIDADE DOS PREDADORES

Os métodos usados na caça por parte de alguns animais é tão complexo que chega a nos assustar. Basta observar a capacidade de visão de uma águia, a perfeição de uma teia de aranha (algumas como a Nephila fazem suas teias com fios "dourados"!), a força de um leão, ou até mesmo a agilidade de uma aranha caçadora para vermos a beleza da Criação em termos relativos ao predatismo. A própria Bíblia mostra uma apreciação pelo poder de caça de alguns seres vivos (Jó 38: 39 e 40).

Agora, pense um pouco: seriam todos esses mecanismos complexos frutos de maldição? E, em caso positivo, por que vemos na Bíblia afirmações como: "Porventura caçarás tu presa para a leoa, ou saciarás a fome dos filhos dos leões, Quando se agacham nos covis, e estão à espreita nas covas?"(Jó 38: 39 e 40)?

Levando em conta tudo o que vimos até agora, não resta dúvida de que o predatismo não é fruto do pecado. Entretanto, isso ainda levanta uma polêmica muito grande:

- Qual foi então a maldição que caiu sobre a natureza em Gênesis?
- Por que Deus teria criado o predatismo?

Essas questões não tem resposta.. Ou tem?

A MALDIÇÃO RELATADA NO GÊNESIS

Como a Queda afetou a natureza? Qual é o significado de Romanos 8:20-22, onde isso se expressa: “Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade (futilidade), não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que também a própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora;”

As palavras “futilidade” ou “vaidade” referem-se à inabilidade de alcançar um objetivo ou propósito. Toda a criação é personificada para ser, como foi, esperançosa pela transformação de sua maldição e seus efeitos. Por causa do pecado do homem, Deus amaldiçoou o universo físico e agora nenhuma parte da criação realiza inteiramente o propósito original de Deus.

NOVAMENTE, A QUESTÃO DAS LEIS DA TERMODINÂMICA

Alguns interpretam esse verso dizendo que o pecado de Adão conduziu para dentro da criação todo o tipo de deterioração natural, dor e morte. Eles supõem que a lei da entropia que descreve a diminuição da ordem no universo, não tinha efeito até o pecado de Adão e Eva. Baseado nessa hipótese, o tempo entre a criação do universo e a queda de Adão e Eva deve ser breve para explicar por que as evidências físicas não mostram nenhum período em que a deterioração e a morte não estavam em operação.

Mas existem vários problemas com essa interpretação. Primeiro, se alguém sustenta a hipótese do dia de 24 horas, em que Deus levou seis dias úteis para criar tudo, então, de acordo com Romanos 8:22, “toda a criação” deve incluir o universo e todas as estrelas. Mas se assim for, as estrelas não brilharam após o primeiro dia? Os físicos insistem que as estrelas estavam brilhando e que a entropia estava ocorrendo naquele ponto. Se esse for o caso, então a deterioração estava presente desde o primeiro dia.

Como o Dr. Hugh escreveu em The Genesis Question [A Questão de Gênesis]:

"Quando consideramos que a segunda lei da termodinâmica é essencial para a existência da vida, essencial para a alimentação, mobilidade e outras atividades incontáveis que a maioria de nós concorda ser agradáveis e boas, não vemos razão para sugerir que a lei deve ser julgada como ruim. As leis da termodinâmica foram incluídas quando Deus declarou Sua criação como “muito boa” (Genesis 1:31)."

Devemos ser cuidadosos, porém, para não confundir a criação muito boa de Deus com Sua melhor criação, ou mais especificamente, o objetivo final para Sua criação. Na nova criação não haverá leis da termodinâmica – nenhuma deterioração, nenhum frustração, nenhum gemido, nenhum sofrimento (veja Apocalipse 21:1-5). As leis da termodinâmica são boas, apesar do “sofrimento”, da “frustração” e “gemidos”, porque elas são parte da estratégia de Deus para preparar Sua criação a aproveitar as bênçãos e recompensas da nova criação.

Então, se Adão e Eva fizeram algum trabalho no Jardim, então uma perda de energia e uma certa quantidade de deterioração estava presente. Por quê? Porque o trabalho é essencial para a respiração, circulação do sangue, contração muscular e digestão do alimento. Esses são todos processos que virtualmente sustentam a vida. Adão estava trabalhando, supervisionando o Jardim do Éden (Gen. 2:15) antes de pecar. Então, Romanos 8:20-22 não poderia indicar que o pecado de Adão iniciou todo o processo de deterioração.

A CRIAÇÃO GEME - POR QUÊ?

Quando Paulo se refere ao “gemido” da criação, a que outros efeitos da maldição ele se refere? Poderia ser que em Genesis 1:28 Deus ordenou ao homem que supervisionasse o ambiente, mas como o homem pecou, o ambiente foi arruinado. O efeito do homem no ambiente é aproximadamente análogo ao resultado de mandar uma criança de 2 anos de idade arrumar o armário. Deixado de lado, o armário se tornará menos arrumado devido à tendência natural à decadência e à desordem. Entretanto, tipicamente, a criança de 2 anos de idade irá apressar o processo de decadência e desordem. Isaias 24:5 descreve a destruição do planeta que resulta da insubordinação do ser humano a Deus. Da mesma forma como se deve esperar que uma criança de 2 anos cresça um pouco antes que ajude a arrumar o armário, a criação também espera que a raça humana experimente os resultados de Deus subjugar o problema do pecado.

Mesmo os pais da Igreja, como Orígenes, que viveram de 185 a 254 d.C., interpretaram Romanos 8:20-22 indicando que a decadência estava em vigor no mundo natural desde a criação do universo. Visto que Orígenes precedeu a descoberta científica das leis da termodinâmica e entropia (que inclui o princípio da decadência) por centenas de anos, está claro que ele não surgiu com sua interpretação como resultado de uma tentativa de adaptação às modernas teorias científicas de seu tempo.

A QUESTÃO MAIS POLÊMICA

"Como poderia Deus permitir o predatismo antes da queda?" Essa pergunta, que para muita gente não tem resposta, pode vir de acrescimo á uma outra pergunta: "Existem razões que nos dizem que a dor física e a decadência devem ter existido antes da Queda?"
Por mais contraditório e "assombroso" que pareça, existem sim.

Em Gênesis 3:16 Deus disse à Eva “Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos.”. Ele não diz “introduzir”. Ele diz, “aumentar” ou “multiplicar”, implicando que deve ter havido alguma dor em qualquer caso.

Como Philip Yancey mostrou em seu livro Onde está Deus quando chega a dor? (Editora Vida), alguma dor é boa. É bom que quando eu coloco minha mão no fogo, a dor me avise do perigo. Se a dor não estivesse ali, não saberia que meus dedos estariam queimando. A dor é a maneira de Deus evitar que destruíssemos nós mesmos. Adão e Eva certamente tinham que usar o tato e podiam sentir dor no Jardim antes da Queda. Eles deveriam ter um sistema nervoso que os protegessem que qualquer perigo em seu ambiente no Jardim. Eles deveriam ser capazes de sentir a picada de uma abelha, ou que estavam se envenenando ou de serem furados por um espinho. Quando Adão e Eva pecaram, As conseqüências e o risco da dor e sacrifício não começaram, eles simplesmente aumentaram.

Enquanto o pecado que nós seres humanos cometemos causa naturalmente em nós uma reação negativa à decadência, ao trabalho, à morte física, à dor e ao sofrimento, e enquanto tudo isso está ultimamente ligado de alguma forma aos planos de Deus para conquistar o pecado permanentemente, não há nada nas Escrituras que nos force a concluir que nenhuma dessas entidades existiram antes do primeiro ato de rebelião de Adão contra Deus. Por outro lado, a revelação de Deus através da natureza fornece evidências decisivas de que alguns desses fatores existiram por um longo período antes da criação de Adão.

COMO A MORTE DOS ANIMAIS SE RELACIONA COM A EXPIAÇÃO?

Outra questão que emerge é esta. Se os animais morriam antes da Queda, isso não afeta a doutrina bíblica de Expiação? Alguns citam Hebreus 9:22, que diz, “De fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não há perdão.” Eles interpretam esses versículos para dizer que “A base da mensagem do evangelho é que Deus trouxe morte e derramamento de sangue por causa do pecado. Se a morte e o derramamento de sangue de animais (ou do homem) existissem antes de Adão pecar, então toda a base da expiação – a base da redenção – é destruída.”

Mas essa é uma interpretação bíblica defeituosa. Embora seja verdade que não há remissão de pecado sem derramamento de sangue, o sangue de Cristo, não segue necessariamente que todo sangue derramado é para a remissão do pecado. Dizer que não houve derramamento de sangue antes do pecado é cometer os mesmo erros de interpretação bíblica feita por aqueles que reivindicam que não houve tempestade antes do Dilúvio de Gênesis (veja o texto sobre as coisas que a Bíblia não diz).

Hebreus 10:1-4 explica que o sangue dos animais sacrificados não eliminará o pecado. O sacrifício pela morte de animais foi um retrato físico da morte espiritual causada pelo pecado, que necessitava da morte como um substituto para a expiação, bem como o prenúncio do último sacrifício eficaz que Deus, ele mesmo, um dia providenciaria. Desde que a pena para o pecado é a morte espiritual, nenhum sacrifício de animais poderia sequer reparar o pecado. O crime é espiritual, então a expiação tinha que ser feita por um ser espiritual.

O derramamento de sangue antes de Adão pecar não afeta ou prejudica, de nenhuma maneira, a doutrina da Expiação. Sustentar esta doutrina central não exige de forma alguma um cenário de criação em que nenhuma das criaturas de Deus recebeu um arranhão ou um sangramento de ferida antes do pecado de Adão e Eva. Mesmo em um ambiente natural ideal, os animais seriam constantemente arranhados, picados, machucados e mesmo mortos uns pelos outros e por eventos acidentais.

CONCLUSÃO

Não há mais muito a se dizer. O fato é que está bem claro que o predatismo faz parte da natureza e não é uma maldição. Mesmo o cenário descrito em Isaías 65.25 e 11.1-10 não nega isso, pois ele diz respeito ao futuro glorioso que nos aguarda e não ao quadro anterior á Queda. Na nova criação, como já foi dito, o índice de deterioração será zero.

Por outro lado, vimos também por meio dessa análise a eficácia da doutrina do pecado original e, com isso, vemos também o papel central e o objetivo da vinda de Cristo á Terra, pois, o reestabelecimento da aliança do homem para com Deus só foi possível pela doação total de Jesus na cruz por nós. E não é só isso: ainda temos a esperança de morarmos num lugar que foge totalmente à nossa imaginação. Nesse lugar sim, acredito, a morte física não existirá.


OBS: Parte desse estudo foi tirada por base dum artigo que se encontra no seguinte link:

http://www.apologia.com.br/?p=513

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