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sábado, 1 de janeiro de 2011

O castigo dado á Nabucodonosor


O capítulo 4 do livro de Daniel começa com uma referência à paz – sob a forma de saudação emanada deste poderoso monarca - Nabucodonosor. Historicamente, Nabucodonosor II (ou Nebucadrezar II) governou o império Babilônio de 604 a.C a 562 a.C. Ele é conhecido pelos historiadores como o imperador que restabeleceu o sistema de irrigação, restaurou os templos da Babilônia, protegeu sua capital com linhas de muralhas dupla e um muro entre os rios Tigre e Eufrates ao Norte de Babilônia. Entre as grandes obras que embelezaram a Babilônia, ficaram particularmente famosos os Jardins Suspensos da Babilônia (terraços jardinados construídos em pátios elevados sustentados sobre colunas para agradar à sua mulher, uma princesa meda) e um zigurate (Torre-templo em forma pirâmidal com mais de 90 metros de altura) chamado incorretamente de "Torre de Babel". Contudo, muitas particularidades a respeito do Rei Nabucodonosor se encontram no livro de Daniel, em especial no capítulo 4.

UM NABUCODONOSOR DIFERENTE

O capítulo 4 do livro de Daniel mostra-nos um rei com bom humor, enfim, um monarca muito diferente do quanto se tinha visto até aqui. Assim, nos anteriores capítulos Nabucodonosor é mostrado sob vários quadros: o conquistador, o autocrata e como construtor. Em relação a esta última faceta veremos, neste capítulo, alguns dos seus reflexos. Neste excerto bíblico, o último inerente à sua pessoa, encontramo-lo como alguém que, finalmente, irá mostrar um coração transformado depois de ter passado por diversas provas visando o quebrar a crosta bem dura da sua conduta orgulhosa.

De certa forma, esta sua última aparição, acompanhada de mais uma prova, o rei quer mostrar-nos que, por mais alto que o ser humano tenha subido, nunca passará de uma simples criatura tão frágil como uma simples gota de água. Por isso, e para exemplo das gerações vindouras, este grande monarca assim se expressou acerca de si mesmo e do Supremo Deus: - “Pareceu-me bem, fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito comigo. Quão grandes são os seus sinais e quão poderosas as suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno e o seu domínio, de geração em geração” – v. 2,3.

Que palavras sublimes! Para quem, como este rei, que sempre se recusara a admitir que, o quanto tinha construído não ia mais além do que o símbolo da cabeça da estátua – tal como o profeta dissera! Agora, pela primeira vez, Nabucodonosor compreende e reconhece que só o Reino de Deus é eterno e que o Deus que Daniel adora é o único que domina sobre todas as coisas – ele próprio incluído. Eis o testemunho de um homem que foi rei de um grande império e, ao mesmo tempo, tão insignificante em face de Deus.

O CUMPRIMENTO DA SENTENÇA (v. 31-33)

Apesar das advertências do profeta – v. 27 -, o rei fez tábua rasa dos conselhos do profeta continuando no seu obstinado orgulho. Um ano se passou - v. 29 - e sem grandes resultados à vista! Na realidade, o deus que está acima de todos os outros é o dele e não o do profeta Daniel.
À parte da explicação do sonho dada pelo profeta (v. 20-27), das palavras do rei (v. 30,34-37) e da ordem do ser celeste (v. 32), encontramos a narrativa de uma terceira pessoa, a qual descreve: “e comia erva como os bois”; “(…) até lhe cresceu pelo, como as penas da águia e as suas unhas como as das aves” – v. 33. Este facto denuncia claramente que se estava a passar algo com o rei e, nesta qualidade, este não podia falar. Atestava-se desta maneira o cumprimento da sentença anteriormente proferida visando castigar a altivez do monarca.
Após ter proferido aquelas palavras de exaltação própria – v. 30 – ouviu-se uma voz dizendo: - “passou de ti o reino e a tua morada será com os animais” – v. 31,32. No cumprimento desta ordem, o rei, de imediato, comporta-se como um animal, comendo, dormindo e pensando como um boi (v. 25). Quem diria... O "super-homem da antiguidade" torna-se animal!

Na ciência, essa doença que afetou a Nabucodonosor existe e tem nome: zoantropia. Sob este estado mental o doente imagina ser um animal e age nesta qualidade. A este propósito, o historiador Abideno (200 a. C.) refere que “estando Nabucodonosor no terraço do seu palácio sentiu-se invadido por um espírito de profecia (…); depois, desapareceu de repente da sociedade”. A arqueologia, por seu lado, atesta a existência de tal facto numas tabletes sob o número B. M. 34.113 que se encontram no Museu Britânico.

Esta era a anomalia e, segundo a profecia, esta teria a duração de “sete tempos” – v. 16,23,32. Esta doença não era simbólica mas desenrolava-se no tempo. A palavra traduzida por “tempos” deverá ser entendida por anos. Dizemos, desde já, que a mesma palavra a iremos encontrar mais à frente – Daniel 7.25, comparando com Apocalipse 12.14 – o que ajuda na compreensão da referida expressão. Esta interpretação de “anos literais” era naturalmente aceita, pelo menos algumas fontes o deixam claramente perceber ao referirem que: - “Algum tempo depois, este príncipe teve um outro sonho, no qual pareceu-lhe estar privado do seu reino e que tinha passado sete anos no deserto com os animais. (…). Este príncipe subiu ao trono depois de ter passado sete anos no deserto e acalmou a cólera de Deus através de uma tão grande penitência, sem que ninguém, durante este tempo, ousasse tomar o seu reino”.

No entanto existem alguns movimentos religiosos que crêem e ensinam que estes “sete tempos” não são literais mas, simbólicos, proféticos. Eis o seu raciocínio: - “Em Revelação (Apocalipse), capítulo 12, versículos 6 e 14, verificamos que 1.260 dias são iguais a “um tempo, e tempos (isto é, 2 tempos) e metade de um tempo”. Isto dá um total de 3 tempos e meio. Assim, “um tempo” seria igual a 360 dias/anos. Portanto, “sete tempos” seriam 7 vezes 360, ou 2.520 dias/anos. Agora, se fizermos cada dia valer um ano, segundo a regra bíblica, os “sete tempos” equivalem a 2.520 dias/anos. – Números 14.34; Ezequiel 4.6”.

Qual o critério que define o que deverá ser tomado no sentido literal ou simbólico? Nada mais que o conteúdo do texto em causa! Assim, se observarmos bem, o texto mostra-nos claramente que se trata de um período de tempo literal e não simbólico. Observemos, a este propósito, dois versículos capitais deste mesmo capítulo: 1- “todas estas coisas vieram sobre o rei Nabucodonosor” – v. 28; 2- “mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor (…)” – v. 34. Neste caso preciso, nada no texto permite uma interpretação simbólica da palavra “tempos” pois, se assim fosse estes “sete tempos” apontariam para um período alongado, tal como acima é referido - 2.520 anos, e não o que realmente deverá ser – 7 anos literais – nada mais! Porquê? A nosso ver, por três razões simples: 1- O contexto não permite esta interpretação; 2- biologicamente falando, o rei não teve uma longevidade de 2.520 anos, como facilmente se compreenderá! 3- Caso assim fosse, como alguns pretendem, estes dois versículos – v. 28 e 34 - não teriam qualquer sentido. O magno conselho de Deus, através dos Seus mensageiros é que mantenhamos a veracidade e pureza bíblicas e que não as adulteremos com conceitos e doutrinas meramente humanas.

Assim sendo, como claramente a Bíblia o afirma e assim é aceite, o período de demência/doença do rei, estendeu-se ao longo de sete anos literais.

A REABILITAÇÃO (v. 34-37)

A reabilitação deste monarca abre com estas palavras maravilhosas: - “mas ao fim daqueles dias eu, NabucodonoSor levantei os meus olhos ao céu e tornou-me a vir o meu entendimento” – v. 34. Agora, após este lapso de tempo, o discurso já aparece na primeira pessoa – a do rei.
Agora o rei humilha-se. Ele que, no seu orgulho não reconhecia nada nem ninguém acima dele; agora, eleva os seus olhos aos céus e glorifica Deus falando da Sua majestade e soberania. O monarca está de tal maneira mudado que não hesita em dar o seu testemunho perante todos os seus súbditos e a fazer publicamente o relato da sua falta e, ao mesmo tempo, da sua humilhação. Este aceitou e submeteu-se a esta dura prova com submissão e Deus o restabeleceu no seu reino aumentando-lhe a sua glória – v. 36b.
Desta forma ele pôde dizer: - “Agora, eu louvo, eu exalto, eu glorifico o rei do céu (…) que pode humilhar os que andam na soberba” – v. 37. Qual o porquê de tal reviravolta? Por duas razões: 1- “todos os moradores da terra são reputados em nada (…). Não há quem possa estorvar a sua mão e lhe diga: - Que fazes” – v. 35; 2- “Porque todas as suas obras são verdade” – v. 37.
Na verdade aqui está o segredo da conversão e, consequentemente, da reabilitação. Para que o ser humano possa avançar é necessário que possa reconhecer quem é. E, na verdade quão difícil é conhecermos quem somos! À pergunta: - o que é a vida? - na Palavra de Deus, entre outras, encontramos a seguinte resposta: - “É um vapor que aparece por um pouco e, depois, desaparece” – Tiago 4.14. Se esta é a resposta para o conceito de vida, então, qual será então aquele que definirá o ser humano – o homem?

De novo, a Bíblia tem a resposta para esta pergunta: - “Que é o homem «enosch» [mortal] para que te lembres dele?” – Salmo 8.5. Aqui, no original não existe a palavra adicional de [mortal], pois aqui foi colocada pelo tradutor para reforçar a força da palavra que consta no original sob a conotação de “fraco, totalmente dependente”. Na realidade, quando nos apercebermos do quanto somos na realidade, então tudo muda na nossa vida. Sim, tal como o fez o apóstolo Paulo, ao declarar: - “Miserável homem que eu sou! quem me livrará desta morte?” – Romanos 7.24
Quando o ser humano, a exemplo deste monarca, reconhecer quem é, então tudo é possível, sim, tudo pode acontecer – o ser “uma nova criatura em Cristo Jesus” – II Coríntios 5.17 – aqui e agora, no nosso tempo – hoje!

Fonte:

http://www.estudoprofecias.com/2010/06/grande-arvore-e-loucura-do-rei-daniel.html

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