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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O episódio significativo da Torre de Babel


Em Gênesis capítulo 11 nós vemos a menção do episódio da Torre de Babel. Segundo a narrativa, a Torre de Babel foi uma torre construída por um povo com o objetivo de que o cume chegasse ao céu, para chegarem a Deus. Isto era uma afronta dos homens para Deus, pois eles queriam se igualar a Deus. Ele, etão, parou o projeto e fez com que a torre ruisse, depois castigou os homens de maneira que estes falassem varias línguas para que os homens nunca mais se entendessem e não pudessem voltar a construir uma torre. Confira a narrativa:



"Em toda a Terra, havia somente uma língua, e empregavam-se as mesmas palavras.
Emigrando do Oriente, os homens encontraram uma planície na terra de Sinar e nela se fixaram. Disseram uns para os outros: 'Vamos fazer tijolos, e cozamo-los ao fogo.' Utilizaram o tijolo em vez da pedra, e o betume serviu-lhes de argamassa.
Depois disseram: 'Vamos construir uma cidade e uma torre, cujo cimo atinja os céus. Assim, havemos de tornar-os famosos para evitar que nos dispersemos por toda a superfície da terra.'
O SENHOR, porém, desceu, a fim de ver a cidade e a torre que os homens estavam a edificar.
E o SENHOR disse: 'Eles constituem apenas um povo e falam uma única língua. Se principiaram desta maneira, coisa nenhuma os impedirá, de futuro, de realizarem todos os seus projetos. Vamos, pois, descer e confundir de tal modo a linguagem deles que não consigam compreender-se uns aos outros'. E o SENHOR dispersou-os dali por toda a superfície da Terra, e suspenderam a construção da cidade.
Por isso, lhe foi dado o nome de Babel, visto ter sido lá que Deus confundiu a linguagem de todos os habitantes da Terra, e foi também dali que os dispersou por toda a Terra."
Gênesis 11, 1 - 9.



Essa história explicaria, então, o motivo de existir toda essa diversidade de idiomas que conhecemos. Mas aí surge a pergunta: a história da Torre de Babel é, de fato, um relato histórico ou um mito? Teriam todas as linguas derivadas de uma "língua mãe"?

Curiosamente, existem motivos fortes para se acreditar na veracidade do relato Torre de Babel. Isso significa que, mais uma vez, uma história bíblica julgada por muitos como ilusória pode ganhar um bom valor histórico...


DE UMA VIERAM TODAS


A primeira evidência, no entanto, não provém da arqueologia, mas sim da Linguística, a ciência que estuda a evolução das línguas, suas estruturas e possíveis inter-relações no quadro histórico e social. Nós temos hoje uma quantidade significativa de idiomas - cerca de 3 mil diferentes, sem contar as já extintas - e apesar disso, os pesquisadores têm detectado muitas semelhanças entre os diferentes idiomas, e essas semelhanças são tão incríveis que é difícil que seja tudo coincidência.

Segundo o lingüista Cidmar Teodoro Pais, da Universidade de São Paulo, a comparação entre as várias línguas do planeta, tanto as ainda faladas quanto as já desaparecidas, revela efetivamente algumas características comuns que apontam para a possível existência de uma língua primeira, mãe de todas.

No entanto, para os pesquisadores identificar a origem dos idiomas é um verdadeiro desafio, pois as diferentes línguas, agrupadas em doze "famílias", aparentemente nada têm em comum, ou seja, os pesquisadores têm de detectar semelhanças onde o que salta aos olhos são justamente as diferenças. As buscas, contudo, têm o estímulo das barreiras já derrubadas. Quem diria, por exemplo, que há algum parentesco, embora remoto, entre o português e o sânscrito, uma língua falada na Índia há milhares de anos, e ainda a sua versão moderna, o hindi? E, no entanto, o parentesco existe!


Na persistência em estudar a origem das linguas, os pesquisadores descobriram que esses idiomas descendem de um mesmo e único tronco, o indo-europeu, pertencendo portanto à grande família das línguas indo-européias que inclui também o grego, o armênio, o russo, o alemão, entre muitas outras. Hoje, aproximadamente a metade da população mundial tem como língua nativa um idioma dessa família. Foi justamente a descoberta do parentesco entre o sânscrito e as línguas européias, no século XVIII, que fez nascer a Lingüística histórica, dedicada a investigar essas similaridades. A tese da origem comum foi proposta em 1786 por Sir William Jones, um jurista inglês cujo passatempo era estudar as culturas orientais.

É claro que todo esse estudo, para se chegar á tal conclusão, não foi feito de qualquer jeito. Essa pesquisa percorre o caminho aberto pelas leis lingüísticas, resultantes de outros estudos, que mostram como os sons e os sentidos das palavras evoluem com o tempo, promovendo a transformação das línguas. Essas leis são estabelecidas a partir de comparações entre palavras. Por exemplo, do latim lacte e nocte vieram as formas leite e noite. Comparando-se os termos, percebe-se que o "c" das palavras em latim virou "i" nos vocábulos em português. No século passado, o trabalho dos lingüistas se apoiou fortemente numa lei formulada em 1822 pelo alemão Jacob Grimm (1785-1863), mais conhecido pelos contos de fadas que escreveu com seu irmão Wilhelm, entre os quais Branca de Neve e os sete anões.

A lei de Grimm afirmava ser possível prever como alguns grupos de consoantes se modificariam com o tempo nas línguas indo-européias. Entre outras coisas, ele dizia que uma consoante forte ou sonora (pronunciada fazendo-se vibrar as cordas vocais) tendia a ser substituída por sua equivalente fraca ou surda (pronunciada sem vibração das cordas vocais). O "b" e o "p"constituem um par desse tipo, assim como o "d" e o "t". "B" e "d " são fortes, "p" e "t" são fracas, como se pode comprovar, pronunciando-os com a mão na garganta. Com base nessas leis, foi possível mostrar, por exemplo, que a forma dhar em sânscrito, que significa puxar, trazer, originou o inglês draw, o alemão tragen, o latim trahere e o português trazer, todos com significado semelhante. O "d" da palavra em sânscrito virou "t" nas outras línguas. Pode-se concluir ainda que a palavra em inglês evoluiu menos que nas demais, pois se manteve fiel ao som original do sânscrito.

Os lingüistas puderam assim "estabelecer um modelo confiável das relações familiares entre as línguas", conta o paulista di Giorgi, "construindo um modelo bastante aceitável do que teria sido a língua ancestral, o proto-indoeuropeu.

Toda língua produz e reflete cultura, e não é à toa que, fundamentados nas palavras reconstituídas da protolíngua, os pesquisadores podem inferir com razoável margem de confiança os hábitos do povo que a falava. Com esses dados é possível construir pontes até outros grupos aparentemente não relacionados. Por exemplo, tanto nas línguas indo-européias quanto no grupo semítico, as palavras homem e pó da terra originalmente se confundem. Em hebraico, são respectivamente adam e adamah, ambas derivadas de uma raiz comum em proto-semítico. Já em proto-indo-europeu, a palavra dheghom tem os dois significados. A parte final originou o latim homo (homem) e humus (terra, solo). Assim, embora não haja parentesco etimológico algum entre as palavras semíticas e indo-européias, é clara a semelhança quanto à maneira de pensar e classificar o mundo entre as populações de ambos os grupos lingüísticos.

Sendo assim, um ponto da história da Torre de Babel já sabemos que é verdade: todas as línguas descendem de uma só. Agora, quando isso aconteceu?


QUANDO A DISPERSÂO ACONTECEU?


Quando tratamos da questão da dispersão o surgimento da linguagem temos que ter em mente que estamos falando dos idiomas pós-diluvianos, ou seja, o fato de toda a variedade de idiomas que temos ter surgido supostamente do episódio da Torre de Babel, não estamos levando em consideração os idiomas falados pelas gerações anteriores a Noé, que foram liquidadas no Final do Pleistoceno (no Dilúvio). Sendo assim, é correto dizer que a linguagem antecede o aparecimento do Homo sapiens (entre 160 mil e 200 mil anos). Provavelmente, entre os primeiros Homo heidelbergensis, já existiam idiomas rudimentares graças às semelhanças anatômicas entre os hominídeos bípedes e nós. Na verdade, ter o corpo apoiado sobre duas pernas – e as conseqüências morfológicas decorrentes, como o descenso da laringe – foi fundamental para desenvolver as capacidades de emitir sons variados.

As palavras emitidas nos tempos pré-históricos teriam se perdido no dilúvio. A história mudou – ou melhor, começou – mais ou menos 5 mil anos antes de Cristo, com a invenção da escrita. Pelo estudo de registros que remontam àquela época, os filólogos puderam fazer uma espécie de “árvore genealógica das línguas”. Sendo assim, o episódio da Torre de Babel e a dispersão das línguas começou provavelmente entre 10 e 6 mil anos, se formos retrocedendo nessa "árvore genealógica". É desse tempo, curiosamente, que se data a travessia dos homens pré-históricos pelo estreito de Bering até as Américas, o que teoricamente se encaixa com Gênesis 10:5 "Estes repartiram entre si as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, em suas nações." (OBS: Embora essa citação seja de um capítulo anterior ao capítulo 11, que fala da Torre de Babel, temos que levar em mente que o Gênesis não tem um sentido cronológico exato, tal qual Gênesis 1 e 2, onde temos supostamente dois relatos da Criação).

É importante ressaltar também que não estamos levando em conta, aqui, a escala de tempo proposta pelo Criacionismo da Terra Jovem, que transfere a idade da Torre de Babel para uma época muito mais recente, isso porque eles se baseiam na soma das idades dos patriarcas mencionados na genealogia de Gênesis; porém fazer isso pode gerar dados extremamente imprecisos, como pode ser visto aqui. Tanto é que o único ponto em que as divergências de datações chegam em um ponto comum entre os teólogos é só a partir do patriarca Abraão, que viveu provavelmente entre os séculos XXI e XVIII a.C. E o que podemos dizer, então, das evidências arqueológicas?


UMA HISTÓRIA POPULAR NA ANTIGUIDADE


Um fato interessante que acontece com muitas narrativas da Bíblia, especialmente as contidas em Gênesis, é que podemos encontrar as mesmas histórias contendo alguma variação mínima, mas sendo as mesmas histórias. Como exemplo de casos como esse temos o do Jardim do Éden, o Dilúvio e nada mais nada menos do que a Torre de Babel. Esses dados provenientes de outras culturas são muito importantes, pois eles podem nos contar detalhes adicionais, ou até fundamentais, para as histórias e ainda aumenta a chance de terem ocorrido de verdade, uma vez que uma mesma história é contada por muitos povos diferentes. E não é de se admirar encontrarmos registros da história da Torre de Babel em outros povos, afinal de contas trata-se de um evento significativo: o momento em que o idioma do ser humano se dispersou.

- Jubileus

O Livro dos Jubileus, que se sabe ter sido usado entre pelo menos 200 a.C. e 90 d.C., contém um dos relatos mais detalhados alguma vez encontrados sobre a Torre.

E eles começaram a construir, e na quarta semana fizeram tijolos com fogo, e os tijolos serviram-lhes para pedra, e o barro com que os cimentaram juntos era asfalto que vem do mar, e das fontes de água na terra de Sinar. E eles construíram-no; a sua largura era de 203 tijolos, e a altura [de um tijolo] era o terço de um; a sua altura era de 5433 cúbitos e 2 palmos, e [a extensão de uma parede era] treze estádios [e da outra trinta estádios]. (Jubileus 10:20-21, tradução de Charles em 1913)

Observe que um estádio equivale a 185,4 metros e um cúbito a pouco mais de 0,5 metros.

- Midrash

A Literatura Rabínica oferece muitos relatos diferentes sobre outras causas para a Torre de Babel ter sido construída, e sobre as intenções dos seus construtores. Na Mishná, por exemplo, era vista como uma rebelião contra Deus. Uns midrash mais tardios registam que os construtores da Torre, chamados "a geração da secessão" nas fontes Judaicas, disseram: "Deus não tem o direito de escolher o mundo superior para Si próprio, e de deixar o mundo inferior para nós; por isso iremos construir uma torre, com um ídolo no topo segurando uma espada, para que pareça como se pretendesse guerrear com Deus" (Gen. R. xxxviii. 7; Tan., ed. Buber, Noah, xxvii. et seq.).

Segundo Josefo e Midrash Pirke R. El. xxiv., foi principalmente Nimrod quem persuadiu os seus contemporâneos a construir a Torre, enquanto que outras fontes rabínicas afirmam, pelo contrário, que Nimrod estava separado dos construtores.

- Apocalipse de Baruque

O terceiro livro de Baruque, ou Apocalipse de Baruque (3 Baruque), conhecido apenas de cópias Gregas e Eslavas, parece aludir à Torre, e pode ser consistente com a tradição Judaica. Nele, Baruque é primeiro levado (numa visão) a ver o local de repouso das almas "daqueles que construíram a torre da discórdia contra Deus, e o Senhor baniu-os." A seguir é-lhe mostrado outro lugar, e lá, ocupando a forma de cães.

"Aqueles que deram a sugestão de construir a torre, por aqueles que vós vistes conduzirem multidões de ambos homens e mulheres, a fazerem tijolos; entre quem, uma mulher que fazia tijolos não era autorizada a ser libertada na hora do parto, mas trazida à frente enquanto estava a fazer tijolos, e carregava o seu filho no seu avental, e continuava a fazer tijolos. E o Senhor apareceu-lhes e confundiu a sua fala, quando eles tinham construído a torre à altura de quatrocentos e sessenta e três cúbitos. E eles pegaram numa broca, e procuraram perfurar os céus, dizendo, Veja-mos se o céu é feito de barro, ou de latão, ou de ferro. Quando Deus viu isto Ele não os permitiu, e castigou-os com cegueira e confusão da fala, e tornou-os no que vistes."(Apocalipse grego de Baruque, 3:5-8)

- Alcorão e Tradições Islâmicas

Embora não mencionada pelo nome, o Alcorão tem uma história com parecenças com a história Bíblica da Torre de Babel, embora localizada no Egipto de Moisés. Em Sura 28:38 e 40:36-37 o Faraó pede a Haman para lhe construir uma torre de barro para que ele possa subir até ao céu e confrontar o Deus de Moisés.

Outra história em Sura 2:96 menciona o nome de Babil, mas dá poucos detalhes adicionais sobre isso. Contudo, o conto aparece mais completo em escritos Islâmicos de Yaqut (i, 448 f.) e de Lisan el-'Arab (xiii. 72), mas sem a torre: os povos foram varridos por ventos até à planície que foi depois chamada "Babil", onde lhes foram designadas as suas línguas separadas por Alá, e foram depois espalhados da mesma forma.

Na História dos Profetas e Reis pelo historiador Muçulmano Tabari do século XIX, é dada uma versão mais completa: Nimrod faz a torre ser construída em Babil, Alá destrói-a, e a língua da humanidade, previamente o Siríaco, é então confundida em 72 linguagens. Abu al-Fida, outro historiador Muçulmano do século XIII, relata a mesma história, adicionando que o patriarca Éber (um antepassado de Abraão) tinha sido autorizado a manter a língua original, neste caso o Hebraico, porque ele não participava na construção.


Mas o mais interessante são os relatos que temos em registros babilônios. Sim, babilônios. Inclusive, por meio deles, podemos ter inclusive a evidência arqueológica mais consistente da Torre de Babel.


BABEL = ZIGURATTE


Em 440 a.C. Heródoto escreveu:

"A parede exterior da Babilónia é a principal defesa da cidade. Há, contudo, uma segunda parede interior, de menor espessura que a primeira, mas não muito inferior a ela (parede exterior) em força. O centro de cada divisão da cidade era ocupado por uma fortaleza. Numa ficava o palácio dos reis, rodeado por um muro de grande força e tamanho: na outra estava o sagrado recinto de Júpiter (Zeus) Belus, um cerco quadrado de 201 m de cada lado, com portões de latão sólido; que também lá estavam no meu tempo. No meio do recinto estava uma torre de mampostería sólida, de 201 m em comprimento e largura, sobre a qual estava erguida uma segunda torre, e nessa uma terceira, e assim até oito. A ascensão até ao topo está do lado de fora, por um caminho que rodeia todas as torres. Quando se está a meio do caminho, há um lugar para descansar e assentos, onde as pessoas se podem sentar por algum tempo no seu caminho até ao topo. Na torre do topo há um templo espaçoso, e dentro do templo está um sofá de tamanho invulgar, ricamente adornado, com uma mesa dourada ao seu lado. Não há estátua de espécie alguma nesse sítio, nem é a câmara ocupada de noite por alguém a não ser por uma mulher nativa, que, como os Caldeus, os sacerdotes deste deus, afirmam, é escolhida para si próprio pela divindade, de todas as mulheres da terra."

Acredita-se que esta Torre de Júpiter Belus se refere ao deus acadiano Bel, cujo nome foi helenizado por Heródoto para Zeus Belus. É provável que corresponda ao gigantesco zigurate a Marduk (Etemenanki), um antigo zigurate que foi abandonado, caindo em ruínas devido a abalos sísmicos, e relâmpagos a danificar o barro. Este enorme zigurate, e a sua queda, são vistos por muitos académicos como sendo uma evidência da história da Torre de Babel. Mais provas disso ainda podem ser recolhidas daquilo que o Rei Nabucodonosor (o mesmo imperador do Livro de Daniel) inscreveu nas ruínas do seu zigurate. Ele, procurando restaurar o zigurate, escreveu sobre o seu estado arruinado, isso há 570 a.C. Confira:

"Um antigo rei construiu o Templo das Sete Luzes da Terra, mas ele não completou a sua cabeça. Desde um tempo remoto, as pessoas tinham-no abandonado, sem a ordem a expressar as suas palavras. Desde aquele tempo terramotos e relâmpagos tinham dispersado o seu barro secado pelo sol; os tijolos da cobertura tinham-se rachado, e a terra do interior tinha sido dispersada em montes. Merodach, o grande senhor, excitou a minha mente para reparar este edifício. Eu não mudei o local, nem retirei eu a pedra da fundação como tinha sido feito em tempos anteriores. Por nisso eu fundei-a, eu fi-la; como tinha sido em dias antigos, assim eu exaltei o topo."

Em outras palavras, entende-se então que Nabucodonosor reconstruiu, ainda que parcialmente, o Zigurate ou Torre de Babel.

Mas como podemos saber que a torre foi destruída, se a Bíblia não o menciona. Na verdade, os relatos no Livro dos Jubileus, em Cornelius Alexandre (frag. 10), Abydenus (frags. 5 and 6), Flávio Josefo (Antiguidades Judaicas 1.4.3), e os Oráculos Sibilinos (iii. 117-129) atestam a tradição de que Deus derrubou a torre com um grande vento.


OUTROS POVOS FALANDO DE BABEL


Quando mencionamos inicialmente que vários povos possuem um registro da história da Torre de Babel, na verdade, não estávamos exagerando: realmente outros povos, além dos hebreus, muçulmanos e babilônios, possuem registros bastante parecidos com o relato de Gênesis sobre a Torre de Babel e a confusão das línguas.

Várias tradições similares à da Torre de Babel são encontradas na América Central. Uma diz que Xelhua, um dos sete gigantes salvos do dilúvio, construiu a Grande Pirâmide de Cholula para desafiar o Céu. Os deuses destruíram-no com fogo e confundiram a linguagem dos construtores. O Dominicano Diego Duran (1537-1588) disse ter ouvido este relato de um sacerdote com 100 anos em Cholula, pouco depois da conquista do México.

Outra lenda, atribuída pelo historiador nativo Don Ferdinand d'Alva Ixtilxochitl (c. 1565-1648) aos antigos Toltecas, diz que depois dos homens se terem multiplicado após um grande dilúvio, eles erigiram um alto zacuali ou torre, para se preservarem no caso de um segundo dilúvio. Contudo, as suas línguas foram confundidas e eles foram para diferentes partes da terra.

Outra lenda ainda, atribuída aos Índios Tohono O'odham ou Papago, afirma que Montezuma escapou a uma grande inundação, depois tornou-se mau e tentou construir uma casa que chegasse ao céu, mas o Grande Espírito destruiu-a com relâmpagos.

Rastos de uma história um pouco parecida também têm sido citados entre os Tarus do Nepal e do Norte da Índia (Relatório do Census de Bengal, 1872, p. 160); e de acordo com David Livingstone, os Africanos que ele conhecera e que viviam junto ao Lago Ngami em 1879 tinham uma tradição assim, mas com as cabeças dos construtores a serem "partidas pela queda do scaffolding" (Missionary Travels, cap. 26)

O mito Estónio " do Cozinhado das Línguas " (Kohl, Reisen in die 'Ostseeprovinzen, ii. 251-255) também tem sido comparado, assim como a lenda Australiana da origem da diversidade das falas (Gerstacker, Reisen, vol. iv. pp. 381 seq.).

Seria coincidência vários povos preservarem histórias tão parecidas?

QUAL SERIA O TAMANHO DA TORRE?

A Torre histórica reerguida por Nabucodonosor a cerca de 560 a.C. na forma de um zigurate de oito níveis é vista pelos historiadores como tendo cerca de 2089 metros de altura e 100 de largura.

A narrativa no livro do Gênesis não menciona a altura da torre, e por isso não tem sido um grande tema de debate entre Cristãos. Há, porém, pelo menos duas fontes extra-canonicais que mencionam a altura da torre.

O Livro dos Jubileus menciona a altura da torre como sendo de 5433 cúbitos e 2 palmos (2484 metros de altura). Isto seria aproximadamente quatro vezes mais alto do que as estruturas mais altas do mundo de hoje e em toda a história humana. Tal afirmação seria considerada mítica para a maioria dos estudiosos, visto que construtores em tais tempos antigos seriam considerados incapazes de construir uma estrutura de quase 2,5 quilómetros de altura.

A outra fonte extra-canonical é encontrada no Terceiro Apocalipse de Baruch; menciona que a 'torre da discórdia' alcançava uma altura de 463 cúbitos (212 metros de altura). Isto seria mais alto do que qualquer outra estrutura construída no mundo antigo, como a Pirâmide de Quéops em Gizé, Egito e mais alta do que qualquer estrutura construída na história humana até à construção da Torre Eiffel em 1889. Uma torre de tal altura no mundo antigo teria sido tão incrível ao ponto de merecer a sua reputação e menção na Bíblia e outros textos históricos (tal como realmente ocorre...)


O CONTEXTO DA HISTÓRIA

Acredita-se que a dispersão do povo em diversos idiomas, por Deus, tornou necessário por que o propósito do Criador era que a humanidade se espalhasse por toda a terra, essa idéia de construir tal torre tinha o objetivo de manter todas as pessoas num só lugar. Ou seja, o povo estava indo contra uma ordem de Deus

Porém, existem várias idéias adicionais sobre a motivação que levou a construção da torre de Babel. Há a idéia de que a finalidade era construir uma torre muito alta, e postar acima dela um objeto de idolatria. Sendo assim, todos que olhariam para os céus, mesmo a distância, avistariam a idolatria. E assim, as pessoas acabariam assimilando a idéia de que era a idolatria que controlava o que acontecia lá em baixo. Esta era uma guerra contra o verdadeiro Deus.

Outra opinião é de que os construtores queriam se prevenir no caso de mais um dilúvio, similar ao de Noé, acontecer. O medo de outro dilúvio, então, fez com que construíssem uma alta torre que pudesse chegar até os céus, e "sustentá-lo", como colunas no céu, para que o dilúvio não ocorresse novamente.

Independente de qual tenha sido o verdadeiro motivo, observamos através deste fato que estas pessoas certamente não acreditavam na palavra de Deus, que havia prometido, logo após o dilúvio, que nunca mais o faria novamente. Deus até colocou um arco-íris como sinal de que tal catástrofe jamais ocorreria.

Como castigo da construção da torre, Deus fez com que cada pessoa entendesse e falasse outra língua formando e dispersando-as em várias nações. Sendo assim, quando um pedia um tijolo, o outro lhe dava barro, e assim por diante, até que o desentendimento geral fez com que todos se separassem.

Vemos que Deus dá o castigo de acordo com o erro: estas pessoas se uniram com a finalidade de fazer o mal, então receberam o castigo de não poderem mais suportar permanecerem unidos. Podemos entender que independente do que o homem queria, somente a vontade de Deus é que prevalece.


CONCLUSÃO

Após toda essa análise, a conclusão que chegamos é de que:

- Todas as línguas vieram de uma língua-mãe - Várias culturas preservaram o relato da Torre de Babel - Provavelmente parte dela foi "reerguida" por Nabucodonosor

Parece que, mais uma vez, uma história bíblica julgada por muitos como ilusória ganhou um bom valor histórico. E em se tratando da Torre de Babel, podemos dizer que trata-se de um marco na história da humanidade: a origem dos vários idiomas, além de, é claro, seu contexto espiritual, de que a Vontade de Deus é Soberana.Link

FONTE:

http://super.abril.com.br/superarquivo/1990/conteudo_112118.shtml

http://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_de_Babel

http://www.chabad.org.br/interativo/faq/torreDeBabel

http://www.infoescola.com/civilizacao-da-babilonia/torre-de-babel/

3 comentários:

  1. Realmente. Muito bom! Obrigado por este artigo, tão rico em informação. Parabéns! Mas tenho uma pergunta: Sabe me dizer se a palavra no idioma original para "céu" no contexto da construção da Torre era a mesma usada para o céu "firmamento", do v. 7 de Gêneses, ou para os céus, morada do Altíssimo? Porque tem uma versão de tradução que diz que eles queriam "tocar" a torre no céu, como se o firmamento fosse palpável, ou físico. Agradeço se conseguir me trazer alguma resposta a respeito.

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